Quando uma decisão, ao ser colocada em execução, se mostra menos adequada, é de boa norma anulá-la, suspendê-la ou, no mínimo, inserir-lhe as necessárias alterações, logo que seja detectado o defeito. Adiar tal acção ou recusar-se a «dar o braço a torcer» é grave. Mas ceder e recuar com muita frequência não é sinal de eficiência dos serviços, é desmazelo e/ou ignorância de uma sã metodologia de preparação da decisão, de que foi apresentado um esquema no post Pensar antes de decidir. Seguindo esse método e consultando simultaneamente os directos interessados no diploma em preparação, evitam-se muitas imperfeições que originarão recuos e desprestígio para o decisor.
Agora, a ilustrar estas palavras, surgiu na Comunicação Social a notícia de que foi Alargado o prazo para entrega da declaração e, com outro título, ‘Perdão fiscal’ a multas nos recibos verdes e Contribuintes recibos verdes deveriam ter sido avisados antes.
Fica a dúvida sobre a avaliação de desempenho dos assessores e outros funcionários que «trabalharam» na preparação da decisão, e da quantia que o ministério despende com pagamentos e outras regalias a tal pessoal e o resultado do cálculo da rentabilidade de tais custos. Perante a repetição destes casos de pouca eficiência, não surpreende a preocupação manifestada no artigo Mário Soares avisa que está a ser criado clima de desconfiança e revolta em Portugal. A actuação dos políticos (com as devidas ressalvas de eventuais excepções) é geradora dessa falta de confiança, de credibilidade, de prestígio.
Os portugueses esperam que o futuro traga melhores perspectivas e que, entretanto, os jovens de cá não caiam no descontrolo bárbaro dos gregos.
Sócrates de novo
Há 58 minutos
4 comentários:
A DGCI tem meios para, em tempo certo, avisar os contribuintes das suas obrigações fiscais mas, neste caso, parece que esteve à espera do prazo ser ultrapassado, para aplicar tão simpáticas coimas.
O (des)governo, atendendo que, para o ano há eleições, toca a perdoar...
Mas o mal estava feito...
Um abraço
Compadre Alentejano
Há situações anedóticas. Este atraso ou é devido a negligência, ou a más intenções, esperteza saloia que nada prestigia o Governo e acaba por enfraquecer a já fraca confiança dos cidadãos. Falta dignidade e sentido de Estado a esta gentinha.
Abraço
João
Caro amigo,
A sua análise é um importante alerta para todos os funcionários do Estado que desempenham cargos de destaque. Quantos destes funcionários estão devidamente compenetrados da responsabilidade dos seus cargos? É que, na minha modesta opinião, não basta ostentar o títudo de director-geral, ministro, ou similares, para garantir a eficácia das medidas tomadas. Muito pelo contrário, assistimos a um fenómeno de constante recuo perante as decisões políticas, que nos faz duvidar da solidez do próprio regime.
Um abraço
Caro Savonarola,
Na política que se pratica cá no burgo, ninguém é incitado a pensar de forma a poder tomar as melhores decisões. O que é preciso é procurar adivinhar o desejo do chefe e depois pôr em prática o que se julga ser «politicamente correcto». Ninguém (salvo eventuais excepções) arrisca a fazer um comentário à decisão que o chefe está para tomar ou apontar solução melhor, porque isso iria irritar o chefe porque o obrigaria a pensar, a argumentar para defender o seu ponto de vista. E, a eles, pensar faz doer a cabeça, por não estarem treinados. Não sabem usar o pouco cérebro que têm.
Numa clínica americana um doente precisava de fazer um transplante de cérebro, o m´dico deu-lhe a escolher de entre os que tinha em stock, e foi dizendo os preço de cérebros de cientistas, juízes, médicos, alguns célebres e o de um director-geral, sendo o deste o mais caro, com uma diferença muito grande em relação ao de um célebre cientista. A explicação foi que o do funcionário estava novo, porque nunca fora usado!
Abraço e Boas Festas
João
Enviar um comentário