sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Combater a crise casuisticamente!!!

No poste «Pensar antes de decidir» expunha-se uma metodologia para preparar uma decisão que é útil para qualquer caso, desde o mais simples ao mais complexo, podendo, para os mais singelos, consistir apenas num trabalho mental dispensando a elaboração de extensos documentos.

Mas, com mais ou menos pormenor, o método é indispensável e, quando é esquecido, os resultados podem ser desastrosos, como pode acontecer no caso a seguir referido.

Como a actual crise parecia resumir-se a problemas financeiros, tocando fundamentalmente aos bancos, o Governo decidiu colocar ao serviço dos bancos uma grossa quantia para avalizar o seu funcionamento. Uma decisão casuística, desenquadrada dos problemas generalizados do País, por falta de um estudo da situação geral e específica em que a economia nacional se encontra perante a crise.

Por isso, não tardou a que o Governo fosse pressionado a apoiar o sector automóvel e deparamos com a notícia «Governo paga salários do sector automóvel». Esta notícia, levantaria em pessoas avisadas interrogações do que acontecerá quando outros sectores se considerarem com igual direito de serem apoiados, como por exemplo, a indústria em geral, a agricultura, as pescas, os transportes, o turismo, a restauração, etc.?

E, surgidas estas dúvidas, não tardaram muitos minutos a surgirem a nossos olhos as notícias:

Os apoios não podem ser aleatórios
Amigos, têm aí à mão 2 milhõezitos?
Sector têxtil quer 'lay-off' mais fácil
Agências de viagens reclamam apoios
Governo formaliza criação de mais três linhas de crédito de apoio às PME's

Quando os fundos não permitirem apoiar todos os que pedem auxílio, criar-se-á uma situação de injustiça não compreendida pelos lesados. E isso poderia ter sido evitado se os apoios tivessem sido decididos com conhecimento completo da situação vigente, antes de correr aos apelos de gente mais amiga. O critério justo não pode favorecer os mais chegados, com mais capacidade de pressão e de influência, e esquecer os mais remotos, os eternos desfavorecidos. Devwe haver equidade.

6 comentários:

Jorge Borges disse...

Caro amigo,

O tema levantado por este seu post é de extrema importância. Onde é que está, afinal, a equidade e, sobretudo, o método, para a atribuição de ajudas a determinado sector económico, em detrimento de outro?
O governo dá a impressão, talvez bem fundada, de que atribui verbas públicas a um conjunto de sectores privilegiados, esquecendo os restantes. Favoritismo, diríamos nós. Para além de ausência de qualquer tipo de método...

Um abraço

Anónimo disse...

Continuamos a fazer tudo no "joelho", nada de parar para pensar! Mas será que temos quem saiba pensar nos (des)governantes?

A. João Soares disse...

Caro Jorge Borges,
Há valores, princípios e regras lógicas que não devem ser desprezados, para que tudo funcione bem. Não costumo perder-me em pormenores particulares e limito-e a ficar pelos conceitos. E este post vem na sequência do anterior que mostra uma metodologia para a preparação da decisão, porque não segue minimamente esses métodos. As decisões são tomadas nos joelhos, por inspiração 'divina' e depois teimosamente sustentadas sem disposição para recuos, como tem acontecido com os professores.
No caso dos dinheiros, foi decidido apoiar os bancos, como se o problema se confinasse neles. Mas estão a aparecer outros candidatos a ajuda. E não sei, nem os governantes parecem saber, onde isto irá parar e quanto dinheiro será necessário.
Esse pecado também é notório nas obras públicas que acabam por custar mais do dobro do previsto e demorar muito mais tempo a serem acabadas. E não se pedem responsabilidades a ninguém.
O panorama nacional não está famoso!
Abraço
João

A. João Soares disse...

Caro Luís,
Os governantes não têm tempo para pensar! Vivem obcecados para se mostrar nas televisões e em atitudes de fazer promessas e auto-elogios.
Penso que as pessoas se recordam de uma cerimónia com muita pompa feita há uns anos, no tempo do governo de Guterres, em Chelas, em que o ministro das Obras Públicas, Jorge Coelho, fazia a inauguração da ideia de ser construída uma ponte entre Chelas e o Barreiro. E a ponte não se fez e ainda há dúvidas se será feita! Só essa cerimónia deve ter tido uns custos enormes dado o palanque e a deslocação das entidades e de outros figurantes.
Se ele tivesse pensado não tinha feito aquela cerimónia, tão luzida.
Mas é destas aparições nas TV que eles gostam nem que seja para propagandear a venda de um produto estrangeiro montado numa empresa privada, como é o caso do Magalhães.
Hoje vi o ministro amigo do Manuel Sebastião a falar do negócio entre duas empresas em que uma comprou à outra as minas de Aljustrel. Será motivo para o ministro lá estar?
Um abraço
João

Compadre Alentejano disse...

Claro está, que agora apareceram os têxreis a pedir ajuda. Pedem 250 milhões (e têm todo o direito a isso) para pagar dívidas. Recorde-se que são 150 mil empregos directos.
Amanhã. certamente aparecerão outros, os taxistas, por exemplo...
Um abraço
Compadre alentejano

A. João Soares disse...

Caro Compadre,
E porque não salta para a rua o povo anónimo a exigir ajuda pelas dificuldades que está a ter? O povo anónimo não merece mais do que os banqueiros ricaços, que fizeram fortuna à custa da exploração do povo, cliente e depositante? O povo é explorado por todas as empresas, e agora é o dinheiro dos seus impostos que vai para esses ricos a ajudá-los a manter as suas mordomias exageradas.
É altura de passar a traduzir os rendimentos dos magnates em salários mínimos, para se ter ideia de quanto ganham em relação aos simples mortais.
Abraço
João