O tipo desce na estação de metro vestindo jeans, t-shirt e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora de ponta matinal.
Durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos transeuntes, ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dosmaiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.
Alguns dias antes Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a 'bagatela' de 1000 dólares.
A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar rápido, copo de café na mão, telemóvel ao ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.
Conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.
Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefacto de luxo sem etiqueta de glamour.
Somente uma mulher reconheceu a música...
O vídeo da apresentação no metro está no You Tube:
http://www.youtube.com/watch?v=hnOPu0_YWhw
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Luxo sem etiqueta não tem valor !!!
Publicada por A. João Soares à(s) 13:53
Etiquetas: luxo e etiqueta, valor do contexto
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2 comentários:
Sem cultura e com o novo-riquismo em grande terão que acontecer sempre destes episódios. É o espelho da nossa sociedade globalizada actual. Que saudades do nosso tempo onde os valores eram tidos em conta e havia cultura!
Caro Luís,
Para as pessoas vulgares, o que interessa não é a essência das coisas, nem o seu valor artístico, mas apenas a aparência.
Os aplausos durante os concertos não se devem ao gosto das pessoas pela música, mas pelo prazer de se exibirem, pois a mesma música do mesmo músico no hall do Metro não lhes desperta a mínima atenção, mas no concerto com entradas caras os aplausos não faltaram, para os vizinhos notarem que estavam lá, a fazer figura de «socialities», de gente bem.
Uma sociedade, que é uma cambada de ignorante e de novos ricos que querem passar por cultos e geniais.
É com esta vizinhança que temos que viver.
Vão longe os tempos em que uma pessoa era avaliada e respeitada pelo seu valor intrínseco, pelo que era; hoje são avaliadas pelo que têm ou mostram ter.
Um abraço
João
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