segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Situação política actual

Transcrevo o seguinte artigo do Blog SEDES por o considerar uma análise objectiva e isenta da situação actual que merece ser ponderada pelo cidadão comum e, principalmente, pelos obreiros do futuro do País.

Mal-estar difuso
Publicado por L. Campos e Cunha a 11 de Dez

Há uns oito meses, a SEDES chamou a atenção para um mal-estar difuso que poderia degenerar em conflitos sociais de dimensões e consequências imprevisíveis. A crítica pessoal foi a resposta à Tomada de Posição da SEDES, procurando assim que as ideias ficassem por discutir. Dias depois, tivemos o País paralisado por bloqueios ilegais (e ilegítimos) de camionistas. Desde então, as manifestações de vários grupos não deixaram de acontecer. O caso mais recente dos professores é paradigmático.

Mas tememos que o caso da Grécia possa ser mais um sinal de alerta. A Crise, que ainda mal nos tocou, pode criar situações de gravidade social para as quais o Governo não tem margem de manobra orçamental com a fúria despesista para obras que nada resolvem e que já estão a criar dificuldades de financiamento no sector público neste preciso momento. A oposição que deveria canalizar para dentro do sistema o descontentamento não funciona seja por culpa própria, seja por controle governamental dos media. Aliás, em bom rigor, hoje o PS é poder e oposição simultaneamente. Do ponto de vista de Sócrates, Manuel Alegre é mais oposição que Ferreira Leite e ficaremos a dever a aquele o representar democraticamente o desespero de muitos.

Nessa tomada de posição a SEDES também chamava a atenção para uma imprensa (crescentemente) sensacionalista conjugada por uma justiça morosa e ineficaz abria as portas ao populismo e à arbitrariedade. Nada vem mais a propósito, pois temos vindo a assistir a verdadeiras campanhas de ataques pessoais nunca vista em democracia. Há muitos jornais (alguns ditos de referência) que não se cansam de atacar a idoneidade de pessoas que conheço bem e sei da sua honradez e honestidade, enquanto que a negociata e o contrato-que-cheira-mal passa em claro. Ou seja, um certo estilo de gente abomina pessoas decentes e rectas pelo que é necessário eliminá-las quanto mais depressa melhor. Dentro em pouco, lugares públicos (não necessariamente políticos) serão só ocupados por pessoas que estejam lá por razões que nada têm a ver com o bem comum.

Este sistema político está prematuramente envelhecido e não o vejo capaz de enfrentar os problemas sociais que a Crise poderá (esperemos que não) acarretar. Temo que a Grécia não seja o prelúdio de algo mais grave a nível europeu e nacional. Nessa altura, é bom estarmos preparados para defender a liberdade.

2 comentários:

Luis disse...

Caro João,
Artigo muito sensato com uma análise profunda que não é de agora mas que os nossos (des)governantes e também o 4º Poder não querem de forma alguma debruçar-se sobre ela de maneira a evitar cair-se numa situação semelhante à da Grécia. É que já estivemos mais longe disso e erradamente os diversos governos sempre contaram com as "costas quentes" da UE. Pelos vistos em plena crise a UE perdeu força e "tudo pode acontecer"!!!!!! "Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a quem está doente"!!!!

A. João Soares disse...

Caro Luís,
E o maior mal do País consiste na incapacidade de os detentores do Poder fazerem uma análise imparcial séria e honesta da situação e estabelecerem prioridades para enfrentar as piores ameaças com eficácia, tomando medidas adequadas e concitando para elas a colaboração de todos os portugueses.
E o que se passa na realidade? é os partidos, agências de empregos para os do clã e procurando egoisticamente a procura do poder e a sua manutenção quando o cavalgam, através da caça ao voto, esquecendo os interesses nacionais. Qualquer assunto, do mais importante ao menos significativo, em vez de ser analisado com vista aos interesses da Nação, é logo politizado, cada partido pretendendo retirar o máximo de dividendos para os próximos resultados eleitorais.
O País está permanentemente nas bancadas de um circo em que o espectáculo é apenas a sucessão de braços de ferro: lixeiros de Lisboa, professores, magistrados, médicos, etc. Não há nenhuma cabeça bem pensante que procure consensos benéficos à Nação, evitando perdas de tempo e de outros recursos e apenas ganhando o desprestígio de autoridades e profissionais dos diversos sectores, com nítido prejuízo para o País.
A estúpida teimosia acerca da OTA trouxe elevados custos ao País com benefícios apenas para os amigos do Governo que fizeram «estudos» que se amontoaram sob o pó dos gabinetes. Demorou a resolver-se o braço de ferro. Com os professores, quem está a ser lesado é a formação dos estudantes, que amanhã serão o0s dirigentes do País e irão coxos pela vida fora. Com a saúde e os fechos de tantos serviços prejudicou-se a vida de muita gente que ou morreu sem o devido tratamento ou retardou a cura dos seus males e muitos portugueses são naturais de Espanha. Com a ausência de uma boa reforma da Justiça, esta tem sido desprestigiada, o que é um mal de cura demorada. etc.
Todos esses males se devem à politização de tudo e todos e a ausência de um lema colectivo comum que se chamaria «sentido de Estado», amor ao País, dedicação à causa pública.
Um abraço
João