terça-feira, 30 de dezembro de 2008

A estrada continua um meio de morte

Nos períodos mais festivos, são inúmeras as famílias que sofrem a perda de entes queridos e ficam com outros a seu cargo, deficientes dependentes para o resto da vida, em consequência de acidentes rodoviários.

As autoridades esforçam-se a contar e recontar a quantidade de mortos e feridos e comparam com os valores do ano anterior, como se as pessoas, com os seus sofrimentos e sentimentos, fossem coisas banais e não seres humanos com laços de afectividade e de responsabilidade em relação à família, a colegas e amigos. Cada caso é um problema grave e não apenas um número, mas os responsáveis não têm sensibilidade para assim pensarem.

No blogue Mentira, o bloguista «Mentiroso», tal como tem feito noutras épocas de previsível aumento da sinistralidade, mais uma vez se debruçou sobre o tema, no post Estradas Assassinas. Do seu texto ressalta que a obsessão dos políticos contra a velocidade e o álcool é uma confissão de incapacidade para analisar o problema na sua totalidade, focando apenas dois aspectos que nem são essenciais, pois são resultantes de causas mais complexas e abrangentes. E são estas que devem se atacadas com eficácia.

O «denominado excesso de velocidade», tal como é na realidade, não passa de ferramenta para a caça à multa. Tal excesso representa a ultrapassagem de limites estabelecidos por sinais colocados, muitas vezes, por mero capricho, como se pode verificar, por exemplo com sinais de 30 onde, se a preocupação fosse realmente a segurança de automobilistas e peões, não necessitava ser inferior a 60 ou, quando muito, 50. Este dislate já aqui foi referido várias vezes.

Na origem dos acidentes está, em muitos casos, o mau traçado e construção das estradas, a sinalização sem fiabilidade, desadequada que, estimulando o desrespeito e criando maus hábitos, pode originar acidentes quando eventualmente o sinal for correcto e deva ser respeitado. Hoje na maior parte dos casos o automobilista pensa «se ali está 30, posso ir a 100! A velocidade causadora de acidente é a «velocidade excessiva» isto é, aquela em que o condutor já dificilmente pode controlar o veículo. O excesso de velocidade deveria referir-se a esta, com um pequena margem de segurança para baixo.

Como os números revelam, as sucessivas alterações ao Código não têm contribuído para aumentar a segurança, diminuindo a sinistralidade, podendo deduzir-se que essa não teria sido a intenção do legislador, que parece ter-se apenas preocupado em agravar as penalizações em valores das multas e das coimas.

Teria sido mais eficaz uma campanha de sensibilização, bem preparada a levar a cabo de forma abrangente, começando nas escolas e nos clubes e outras organizações sociais. Haveria que evitar cartazes caríssimos e sem mensagem clara inteligível que apenas interessam à empresa contratada e , eventualmente, ao funcionário amigo que assinou o contrato. Há soluções mais eficazes e menos custosas.

Uma campanha de educação cívica através de todos os meios, que sensibilize para o respeito à vida própria e à dos outros, o cálculo do risco a ser controlado, o bom senso, etc., reduziria os erros que frequentemente se praticam. O uso do álcool passaria a ser comedido, dentro do razoável e, quando sob o efeito do seu abuso, o condutor consciente da sua debilidade, praticaria uma condução mais cuidada ou estacionaria o carro e seguiria ao destino noutro meio. Isto seria conseguido com uma sensibilização bem assimilada.

4 comentários:

Paula Raposo disse...

Subscrevo!! Beijos.

A. João Soares disse...

Querida Paula,
Obrigado pela visita e pelo estímulo.
Beijos e votos de um bom Ano Novo
João

Compadre Alentejano disse...

É triste o que acontece nesta quadra mas, mesmo assim, venho desejar ao meu amigo um PRÓSPERO ANO NOVO.
Um abraço
Compadre Alentejano

A. João Soares disse...

Caro Compadre,
Agradeço e retribuo os seu desejos. Os entendidos dizem que vai ser um Ano difícil, mas desejo a todos os amigos (visitantes e comentadores deste espaço) que procurem passar pelo intervalo da chuva para não se molharem e se deliciarem com o que houver de bom a sua volta. Só podemos ser felizes com o que é possível e não com o que seja ideal, mas inexistente.
Abraços com os melhores votos para 2009
João