Existe uma difícil convivência entre os estudantes portugueses e a matemática. Mas, incompreensível contradição, os números são adorados por jornalistas, economistas, gestores e políticos. Citar uma estatística dá-lhes um prazer celestial, embora muitas vezes o façam de forma sinistra e tendenciosa.
Porém, os números acabam por desmascarar as baixíssimas médias nos exames escolares e enfatizar as péssimas classificações nas comparações internacionais. Para corrigir tal realidade, os dirigentes usam de sagacidade saloia e, a fim de reduzir o número do insucesso, usam a habilidade «milagrosa» de fazer exames mais fáceis. É um autêntico ovo de Colombo pois, em vez da catástrofe real, o resultado passa a ser uma maravilha, permitindo o acesso ao ensino superior, preenchendo todas as vagas dos cursos das áreas tecnológicas, que exigiam positiva a matemática. Mas disto resulta uma cadeia de efeitos inerentes citados por Alberto Castro no JN.
O resultados melhoram visivelmente, mas sem corresponderem a melhoria da preparação. Por este caminho, poderemos passar a ter uma sociedade de grande percentagem de diplomados, que não passam, na maioria dos casos, de analfabetos camuflados. Dizia um observador que, antes, um aluno iniciava o ano chumbado e tinha que se esforçar para passar, agora inicia o ano passado e o professor tem de se esforçar para o chumbar. Com tais critérios, parece que basta nascer para chegar a doutor e, mesmo que não queira ir tão longe, terá dificuldade, porque nem deixando de estudar, nem deixando de ir às aulas, o ajudam a desistir desse imperativo que lhe é imposto.
A Necrose do Frelimo
Há 4 horas
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