A estação do ano que, muito lentamente, se está despedindo deste lado do globo em que as minhas raízes foram criadas e se desenvolveram, como que em jeito de despedida, resolveu "brincar" com esta que se te dirige. Uma rajada de vento, por acaso não muito forte, o que achei simpático da parte do elemento, veio direita a mim juntamente com um pequeno pedaço de papel quadrado que, em movimentos graciosos mas apressados resolveu aterrar junto dos meus pés. Por curiosidade, peguei e olhei. Ali estava um poema, "Manhã de Novembro", sem autor, poema húmido e enevoado, triste, frio, com vento, com chuva... Como sabia o vento que me presenteou com este poema triste mas belo que eu tinha uma ligação forte com Novembro? E porque veio ter comigo em Março? É para mim um mistério como misteriosos são também os sonhos!
Começa assim:
Que manhã de Novembro triste e fria!
Gemia o vento...o chão todo molhado...
Era tudo cinzento enevoado,
naquela hora amarga em que eu partia...
O céu também chorava nesse dia...
a terra tinha o ar atribulado
de alguém que padecesse abandonado
na hora derradeira da agonia!
Meu Deus! Em tudo havia uma tristeza,
um desconforto enorme, uma frieza,
que doutra semelhante não me lembro!
Que mão secreta havia destinado
ficar meu coração amortalhado
nas brumas desse dia de Novembro?...
Autora: Adelaide Quintas, uma colega e colaboradora muito criativa do CVS - Sempre Jovens a quem já devemos muitos trabalhos, de grande sensibilidade. Mas atenção! Outono também muitas belezas, como se pode ver noutros posts aqui existentes!!!
A Necrose do Frelimo
Há 4 horas
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