A frase do título costuma ser dita de outra forma, mais castiça! Vem a propósito da resposta dada pela governadora civil de Castelo Branco quando lhe perguntaram quem ordenou aos polícias a busca que fizeram à sede do sindicato dos professores na Covilhã. Foi mais ou menos assim: «eles iam da esquadra para a Câmara e, ao passarem pela porta do sindicato, decidiram entrar». Esta nem lembra ao Camões! A senhora pensará que todos somos assim tão ingénuos?
Isto significa que, em caso de problema, os mandantes dos polícias, dos militares e de outros funcionários, sacodem a água do capote e o culpado será sempre o que dispõe de menos poder.
É oportuno que estes funcionários aprendam a lição que nos veio há poucos dias do Myanmar (ex Birmânia), onde algumas dezenas de oficiais e umas centenas de militares se recusaram cumprir as ordens que lhes foram dadas pelos chefes da ditadura militar que governa o País ilegitimamente, não tendo permitido a tomada de posse da Liga Nacional para a Democracia que ganhou as eleições de Maio de 1990. Aquelas ordens eram orientadas para o uso de violência contra os monges e os cidadãos que se manifestavam pacificamente nas ruas das cidades. Tais oficiais e soldados sabiam que estavam a correr graves riscos de condenação, mas, mesmo assim, não quiserem cometer crimes contra os Direitos Humanos.
Mesmo condenados pelo poder birmanês, eles são heróis perante os Direitos Humanos, a opinião internacional. Os polícias que foram ao sindicato na Covilhã não tiveram tal coragem de recusar o cumprimento do abuso de autoridade invadindo propriedade privada sem mandado de busca. E, em compensação, a governadora civil e, certamente, outros elementos da hierarquia, esquivaram-se a assumir a sua responsabilidade por tal acto e atribuíram-lhes toda a culpa. Precisamos de aprender com gentes de países longínquos, geográfica e culturalmente, que usam de senso e dignidade nos comportamentos.
A Necrose do Frelimo
Há 4 horas
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