quinta-feira, 4 de outubro de 2007

A política vista pelos cidadãos

Na opinião da generalidade das pessoas, a política é uma actividade parasita da sociedade que usa os piores truques e golpes para que os seus actores atinjam o Poder e o mantenham e do qual retirem o máximo benefício para si próprios e para familiares e amigos.

Não é de agora, pois já o Eça e outros cronistas dessa época se queixavam da «porca da política». Mas, agora, que nos dizemos em Democracia, era de esperar que houvesse mais dedicação generosa aos interesses nacionais e às condições de vida da população, e menos ambição pessoal. Mas não. Até parece que estamos piores do que nos tempos queirozianos.

São deprimentes as rasteiras e traições, calúnias e ofensas dentro dos partidos e entre estes, e as mentiras e promessas falsas do Governo para os cidadãos. Isto viu-se na luta pelo poder no PS que levou Sócrates à liderança, no CDS-PP que deu a vitória a P Portas e, mais recentemente, no PSD que resultou na transferência de um Luís M para outro Luís M. Mudanças para tudo continuar na mesma, com peixeiradas esclarecedoras da índole dos agentes dos partidos.

Mas não fica tudo na mesma, porque, se não houver melhorias, fica tudo pior. Sócrates prometeu, com a sua conhecida doutoral (ou engenhosa) eloquência, que ia arranjar 150 mil empregos mas, a cerca do meio do mandato, somos o «terceiro país com mais desemprego» (JN), o que contribui para a definição da nossa posição de miséria no rank europeu.

Com vária falsas justificações, tem sido adiada uma saudável remodelação do Governo, substituindo algumas «caveiras» (não digo cabeças para não ofender as pessoas de cabeça, ou de grande cabeça) pouco produtivas e dignificantes da equipa. Também, como diz Cravinho, não houve coragem para encetar uma luta determinada e eficaz contra a corrupção. Dizem que isso não avança porque iria retirar muitos «benefícios» a muitos «boys» e «girls» que pisam as alcatifas dos gabinetes do Poder. Além de Cravinho, outras figuras notáveis do partido têm tornado públicas as suas críticas, como Carlos César dos Açores e Manuel M Carrilho (aqui, mais e mais).

Mas, como o Governo está a braços com a presidência da EU, o PM tem desculpa com a falta de tempo para reflectir a fundo sobre «o estado em que isto está» e procurar o melhor rumo a dar a esta nau que parece demasiado frágil para tão grande tormenta. Mas, perante a sua arrogância e altivez, será que o povo lhe reconhece essa ou qualquer outra desculpa?

Mas uma coisa é certa: da praga dos políticos não nos livramos e eles não parecem decididos a tornar mais sérios, sinceros patrióticos os seus métodos e actuação.