Parece que a «tolerância zero para o estacionamento irregular» lançada pela câmara de Lisboa no dia 12 de Setembro durou pouco tempo, tendo sido um fracasso. Esta é a opinião de comerciantes e moradores que têm vivido de perto a situação. Segundo eles, «só nos primeiros três dias é que houve menos carros parados em segunda fila e nos passeios. Depois voltou tudo ao mesmo».
Segundo dados recolhidos junto da Polícia Municipal, entre os dias 12 e 26 foram detectadas 770 infracções, sendo 188 devidas a estacionamentos em segunda fila e 236 a estacionamentos em cima dos passeios. Foram bloqueados 323 veículos e rebocados 69. Tl quantidade de autos, à semelhança do que aconteceu com os radares, torna as soluções ineficazes e condenadas a breve colapso.
E assim se descredibiliza uma instituição, pelo simples facto de a decisão não ter sido baseada num estudo cuidadoso, em que deviam ser previstas a viabilidade da execução e os efeitos a obter. Não é por falta de assessores, visto que notícias recentes davam conta de centenas de tais funcionários na câmara. Falta-lhes em competência o que lhes sobra em confiança política. Gerem os seus palpites pelo princípio de que é preciso fazer qualquer coisa mesmo que seja errada.
Ouvi há dias que o presidente devia despedir todos os funcionários da câmara com um QI inferior a 50. Ficaria praticamente sem ninguém e teria de pagar grossas indemnizações, mas ganhava a câmara e ganhava Lisboa. Depois abriria um concurso para uma dezena de assessores com um QI superior a 80 (é suficiente para assessorar os vereadores) e tudo funcionaria melhor.
O trânsito e o estacionamento em Lisboa tem de ser encarado com racionalidade e não na continuidade de soluções que nunca foram eficientes. Tem de se actuar no sentido de reduzir a quantidade de carros que todos os dias entram na cidade e, na sequência, fica resolvido o problema do estacionamento. Não é preciso obrigar ao pagamento de «portagem», deixa-se a decisão ao automobilista. Como? Criam-se parques de estacionamento na periferia da cidade, com grande capacidade, em altura ou em profundidade. Por exemplo, junto ao viaduto Duarte Pacheco, entre a avenida de Ceuta e o cimo do viaduto podem guardar-se milhares de carros, num silo em que a parte superior será um terraço para partida de autocarros de várias carreiras para toda a Lisboa. Para as outras entradas a solução tem de ser parecida.
Os autocarros passariam a circular mais rapidamente porque as ruas estariam menos pejadas de carros. Para maior adesão a esta ideia, os bilhetes de autocarro podem estar ligados ao estacionamento, tornando-se mais baratos. Em paralelo, uma fiscalização rigorosa não permitiria estacionamentos irregulares. Os estacionamentos dentro da cidade fechariam e teriam outro destino. Desta forma, só entrariam na cidade os carros que fossem absolutamente indispensáveis.
Pelos vistos, ainda não houve nenhum assessor que tivesse pensado nisto e exposto de forma bem argumentada. E não é necessário ter um QI de alta cotação. Dum «yesman» preocupado em agradar ao chefe para subir na «carreira» nunca podem sair ideias inovadoras à medida dos problemas.
A Necrose do Frelimo
Há 4 horas
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