Lendo o post A crise vem do tempo do Eça, vê-se que já em 1867 Eça de Queiroz dizia dos políticos os defeitos que hoje possuem. Mas, apesar de o regime não ser o mesmo, não há organismo que controle os desmandos dos líderes interesseiros e viciados, tendo que ser o povo (em democracia, é ele o detentor da soberania) que deve agir através do voto (votar em branco se os candidatos não são merecedores de aprovação) e manifestando-se de forma visível e determinada contra incompetências e desonestidades de quem está nos lugares de poder. Mas o sentir dos portugueses, «Não penso mas existo», origina esta apatia que vem de há séculos.
Qualquer órgão de fiscalização e moralização do regime seria constituído pelos políticos actuais, rústicos deslumbrados, novos-ricos, coniventes e cúmplices entre si, ávidos de benesses, do enriquecimento ilícito, do futuro tacho dourado nos bancos ou nas grandes empresas, em troca de favores que resultam sempre em prejuízo dos cidadãos anónimos.
Escolham-se pessoas isentas de pecado, sempre que possível ou tanto quanto possível. Os que alguma vez mentiram ou foram desleais aos interesses nacionais devem deixar de ter o voto de pessoas conscientes.
A culpa da situação pantanosa em que vivemos desde há muito (Eça definiu-a há 143 anos) é do povo que tem permitido ser explorado pelos deslumbrados que ambicionam a maior fortuna por qualquer meio.
O povo que não gosta de pensar, embora se lamente da crise, quer a sua continuidade, quer votar nos causadores da actual situação ou por terem errado ou por se terem omitido. A notícia Sondagem dá vitória folgada a Cavaco à primeira volta não surpreende e demonstra a apatia tradicional, é disso demonstração cabal.
Dar o voto a quem durante um mandato nada fez de especial, positivo, e teve várias situações dúbias. Sentiu-se na necessidade de tentar justificar a compra e venda das acções da SLN (BPN), a não exoneração do Conselheiro de Estado Dias Loureiro (BPN), o Estatuto dos Açores, as escutas no Palácio de Belém, a promulgação do casamento homossexual (mal argumentado) .
Se não fez melhor e foi por não ser capaz, não dá esperança de fazer melhor no segundo mandato. Se não teve coragem de lutar contra a crise económica, política e social com a intenção de poder ganhar as eleições para um segundo mandato, foi desleal a Portugal porque colocou os seus interesses pessoais acima dos interesses nacionais. Mas o povo não pensa e, segundo as sondagens, dá-lhe a vitória à primeira volta, enquanto ao único candidato que está virgem em manhas e vícios de políticos, dá apenas 10%.
O povo apesar de se queixar, gosta masoquistamente de continuar no mesmo lamaçal com os mesmos carcereiros. Cada povo tem o que merece, como no tempo do Eça, mas agora, com o inconveniente de estarmos em democracia e cada eleitor ter direito a um voto…
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domingo, 1 de agosto de 2010
O povo gosta de continuar em crise…
Publicada por A. João Soares à(s) 10:25
Etiquetas: Cavaco Silva, cidadania, Fernando Nobre
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2 comentários:
Amigo João,
Será que o Povo NÃO PENSA , mesmo?!
Sem querer ser derrotista, parece-me que o eleitorado que vota nos partidos da alternância e em P.R.(s) com estes perfis, PENSA ...assim:
- os ignorantes e desinformados revêem-se nos defeitos dos seus eleitos, e portanto, entendem (erradamente) que com o tempo, "os valores" que estes defendem serão transformados em benesses que irão "atingir" os que neles votaram. Só para exemplo, recordemos as posições defendidas pela maioria dos eleitores em entrevistas de rua, passadas nas TVs, relativamente aos autarcas de norte a sul do país, acusados de actos ilícitos, (eram perdoados em nome dos benefícios e obra feita nos seus municípios)!!
- já os eleitores esclarecidos que votam nesses mesmos "figurões", procuram posicionar-se nas máquinas partidárias e afins, para terem melhor acesso a essas mesmas benesses.
Ou seja, a IDEOLOGIA da maioria das "massas" votantes é EXACTAMENTE A MESMA da dos "...rústicos deslumbrados, novos-ricos, coniventes e cúmplices entre si, ávidos de benesses, do enriquecimento ilícito, do futuro tacho dourado nos bancos ou nas grandes empresas, em troca de favores...".
Senão atentemos bem no estilo de vida do nosso Povo: a "cultura" dos cartões de crédito, para fazer face a despesas supérfluas, tendo como modelo o "novo-riquismo", vivendo em função das aparências.
A Abstenção, representa os conformados e os preguiçosos, e começam a ser a maioria...
Penso, que infelizmente é este Sistema de Valores que está em causa, e a Mudança de Paradigma, só vai desabrochar quando "as vítimas" deste sistema "acordarem" e desejarem, ALGO NOVO, fruto de um despertar de consciências, (tarefa árdua), que cabe ser desempenhada pelas ainda minorias esclarecidas e lutadoras, em prol dum Mundo Melhor!
Abraço Solidário.
Cara Amiga Fénix,
Gosto muito destes seus pontos de reflexão. Portugal parece um conjunto de malandros a ver quem consegue enganar quem.
Para não estar a repetir-me, peço que visite este post no blog Sempre Jovens, onde acabo de colocar uma resposta a um comentário que uma e outro dão resposta concordante a esta reflexão da Fénix.
A conclusão é dramática: Não parece provável que a recuperação de valores e de uma vida social saudável possa ocorrer sem violência, o que pode criar uma situação difícil de controlar.
Beijos
João
Do Miradouro
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