Transcrição de artigo seguida de NOTA:
Plano de defesa da floresta só foi eficaz em Verões pouco quentes e com chuva
Ionlinne. por Ana Suspiro, Publicado em 17 de Agosto de 2010
PREVENÇÃO
Aprovado em 2006, o Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios (PNDFCI) cumpriu os principais objectivos de redução de número de incêndios e área ardida até 2008. Isto não obstante muitas iniciativas no terreno não terem atingido as metas previstas, e em relação a outras nem sequer existirem dados que permitam validar a sua execução. Só que os bons resultados foram conseguidos em anos em que o Verão foi marcado por temperaturas moderadas e chuva acima da média.
Isso mesmo reconhece o último relatório de execução do PNDFCI que avalia os anos de 2007 e 2008, um documento do Instituto de Estudos Socais e Económicos, disponibilizado ao i pelo Ministério da Agricultura.
A redução do número de incêndios com áreas superiores a um hectare, a eliminação de fogos com mais de mil hectares, mas sobretudo a diminuição da área ardida anual para menos de 10 mil hectares até 2012 eram os principais objectivos da estratégia de 2006. A mais recente avaliação do plano revela que as grandes metas foram cumpridas até 2008, ano em que a área ardida reportada ficou pouco acima dos 17 mil hectares. Entre 2006 e 2008, a área ardida ficou sempre abaixo dos 100 mil hectares, o que também foi conseguido em 2009, apesar do aumento significativo para mais de 80 mil hectares, num ano seco. O cenário contrasta com a trágica média anual de 221 mil hectares verificada entre 2001 e 2005.
O relatório reconhece que "para esta evolução contribuiu certamente o factor condições meteorológicas". O ano de 2006 foi muito chuvoso, o Verão de 2007 foi considerado "o menos quente e mais chuvoso desde 2000" e 2008 foi até Outubro "um dos anos do último decénio com condições meteorológicas menos favoráveis à ocorrência de incêndios". Apesar destas ressalvas, o relatório conclui que "os resultados alcançados nos últimos dois anos não podem ser explicados unicamente pelo factor meteorológico". E aponta os progressos conseguidos: comportamento mais responsável da população, acções de vigilância da GNR e acções de prevenção estrutural.
Mas o optimismo destas conclusões acaba por ser posto em causa este ano. Com o regresso das altas temperaturas, acaba-se a evolução positiva dos últimos anos e é provável que se regresse a uma área ardida superior a 100 mil hectares em 2010. É um sinal de que o plano de combate aos incêndios não está a ser tão eficaz quanto pareciam demonstrar os resultados de anos anteriores.
O Ministério da Agricultura vai contratar por concurso uma entidade independente para fazer a avaliação do plano nos anos de 2009/10 e propor medidas correctivas.
NOTA: Depois de se ler os posts Pensar antes de decidir e Fogos florestais. Mais vale prevenir!!!, parece que uns péssimos planeadores se entretiveram a brincar ao planeamento, criando um «plano» de prevenção de fogos florestais que apenas foi válido por dois anos, aqueles em que houve menos calor e alguma chuva!!! É como se uma pessoa planeasse a sua vida a contar com o jackpot do Euromilhões ou o totoloto, ou outra das melhores hipóteses. Planear é ser realista e pensar nas piores hipóteses. Parece dar razão à frase anedótica que distorce a frase do filósofo constando que é típica dos portugueses que dizem «Não penso mas existo». Devia haver mais sentido da responsabilidade na mente dos governantes e nas pessoas de quem se rodeiam.
Imagem da Net.
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