quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Educação sem objectivo bem assumido

Os professores universitários queixam-se de que os Alunos são "cada vez mais fracos". Há dias, na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, a professora de Técnicas de Laboratório e Segurança, Elvira Gaspar, reprovou quase 70% dos seus alunos, o que foi um escândalo por que se mostrou desinserida do objectivo fundamental imposto superiormente, pelo menos de forma implícita, informal, de mostrar boas estatísticas que evidenciem um bom sucesso escolar.

As notícias parecem conduzir à conclusão de que os professores universitários estão desinseridos da filosofia da ministra da Educação que defende que não deve haver chumbos nem retenções. Aluno que entra na escola deve chegar ao 12ª sem ser incomodado!!! Porque é que no ensino superior não se sintonizam com esta modernidade e não dão os diplomas a alunos que nada saibam???!!!

Os concursos televisivos em que os concorrentes ao prémio têm de responder a perguntas de escolha múltipla, mostram o nível de conhecimentos de muitos diplomados que por ali passam. Uma triste imagem dos resultados dos critérios do «sucesso escolar». E o espectáculo ainda vai no início!

Além de sugerir a leitura dos artigos atrás linkados, transcreve-se a crónica seguinte


Uma perigosa reaccionária
JN. 100825. 00h12m. Por Manuel António Pina

Uma professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa ficou sem a regência de duas cadeiras por ter chumbado mais de 50% dos alunos. O motivo invocado pelo Departamento de Química da Nova para a punição não deixa dúvidas: "Aumento súbito do insucesso escolar".

O resultado das recentes políticas de ensino

Desde que, no sistema educativo português, foi consagrado entre os direitos, liberdades e garantias fundamentais o direito ao sucesso escolar, quem se meta entre um aluno e o diploma a que tem direito (atrevendo-se, como no caso, a dar notas negativas em exames finais) é culpado do pior dos crimes, o de terrorismo anti-estatístico.

Se o futuro licenciado sabe ou não sabe alguma coisa (ler, escrever e contar, por exemplo), é irrelevante; o país, as estatísticas e as caixas dos supermercados precisam de licenciados. Foi isso que a professora da Nova não percebeu. Arreigada a valores reaccionários, achava (onde é que já se viu tal coisa?) que "um aluno só merece 10 valores se adquiriu as competências mínimas nas vertentes teóricas e práticas da disciplina". Campo de reeducação em Ciências da Educação com ela.


Imagem da Net.

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