Conversas que podiam ser interessantes terminam em frustração pelo simples facto de a generalidade das pessoas não conseguir extrapolar da sua experiência pessoal e do recanto do seu quintal e dar o salto para um patamar mais elevado com vista para os interesses nacionais.
O interlocutor dizia que a revisão constitucional só devia ser tratada depois de resolvidos problemas mais práticos e urgentes como, por exemplo, o apoio ao desenvolvimento da economia.
Mas que tipo de apoio?
Veio a resposta: Aprovar projectos válidos e com pernas para andar que contribuam para o enriquecimento do País e avalizar perante os bancos o financiamento necessário às empresas. Tudo na óptica do empresário que não consegue gerar recursos e espera que o Estado supra a sua incompetência, à custa do dinheiro dos contribuintes.
Mas isso equivale a o Estado servir-se do dinheiro dos contribuintes para enriquecer empresários que podem ser incapazes de realizar uma boa gestão e se limitarem a pouco mais do que receber bons salários, prémios de desempenho, lucros, comprar bons carros, reconstruir as moradias de luxo com piscina, comprar casacos de peles para a esposa e… É comum ouvir-se que a maior parte das empresa que fecharam nos anos mais recentes sofriam de má gestão. E se uma empresa não consegue sustentar-se, servindo os trabalhadores e os fornecedores e agradando aos clientes, não merece que o Governo ali enterre o dinheiro dos contribuintes, deve simplesmente cessar a actividade por não ser produtiva.
Muitas grandes empresas, nacionais e estrangeiras, que beneficiaram de grandes apoios financeiros encerraram, passado pouco tempo de actividade, e foram para outras longitudes à procura de mão-de-obra mais barata, de que se pode citar Grundig de Bragança, e de entre as mais recentes, a Delphi da Guarda.
Oxalá tenha melhor sorte a empresa Arsopi Thermal que há dias foi aproveitada para mais um acto de propaganda do PM. Também será bom que o caso com a empresa Nelson Olim não dê mau resultado.
Já estão em curso medidas de apoio ao aparecimento de novas empresas, como o «licenciamento zero» que certamente dará bons resultados se for seguido de boa fiscalização e controlo da actividade, assim como será conveniente a intensificação e eficácia da formação profissional, e, por outro lado, a divulgação de estatísticas e outros dados, a difusão de sugestões para evitar acidentes de trabalho, a simplificação administrativa e fiscal, será útil para enfrentar a concorrência, para aumentar a produtividade e a remuneração dos recursos humanos.
Em conclusão, o apoio do Estado às empresas privadas, não pode nem deve traduzir-se no abuso do dinheiro público para alimentar parasitas que não conseguem a sua auto-sustentação e, muito menos, o contributo para o bem-estar dos portugueses.
Imagem da Net.
Grande Angular - Ainda e sempre a imigração
Há 3 horas
3 comentários:
João Soares, concordo perfeitamente com a análise e explanação efectuada neste seu post. Há um mal entendimento destes empresários, o Estado não tem que financiar nada, eu não sou empresária porque não tenho capital para tal, já agora o Estado financiava-me e dava o seu aval à banca e eu montava uma indústria! É triste vermos estas mentalidades, julgo que o apoio do estado devrá ser no sentido de agilizar e simplificar a burocracia, não criar entraves!
Apoiar sim a formação profissional, devidamente fiscalizada, apoiar a criação de empregos.
Mas não tem nada que financiar esses exploradores e sanguessugas, eles que invistam do seu capital! Investir com o dinheiro dos contribuintes, não custa nada e se der para o torto, nada tem a perder, quem perde é o país.
Bj
Sãozita
Amiga Sãozita,
As suas palavras têm grande alcance e descrevem aspectos de interesse. Em Lisboa ninguém conhece ou procura saber o que se passa pelo paí. Quem devia fiscalizar e controlar fecha os olhos em troca de uns «robalos». Por exemplo, antes de o dinheiro vindo da CEE chegar às empresas ficou muito peço caminho em «gabinetes de estudos» que prepararam a documentação para receber o subsídio. Por fim a renovação dos equipamentos não foi feita, o dinheiro, em muitos casos, foi gasto em caprichos de «novo-rico», sem benefício para o equipamentos nem para os trabalhadores das empresas e estas ou continuaram em condições obsoletas ou fecharam logo que «investiram» as massas em obra pessoal.
A corrupção deve ter dado nessa altura um grande passo em frente nas técnicas de iludir os responsáveis, untando-lhes as mãos.
Se as empresas são privadas e como o negócio é um risco, quem não arrisca não petisca. Mas não devem anular o próprio risco e sacar o máximo dos dinheiros públicos. Dessa forma nem é preciso ser bom gestor! Uma empresa que não rende deve ser fechada de imediato antes que parasite durante mais tempo.
O estímulo que o Estado deve dar deve resumir-as a estabelecer regras de boa gestão, simplificar e esclarecer as exigências administrativas, formar pessoal de todos os níveis para exercer correctamente as suas funções, difundir informação para permitir boas oportunidades de desenvolver o negócio e combater a corrupção.
Um abraço
João
Do Mirante
Ao arrepio do tema deste post, foi publicada hoje a notíciaQuinze empresas com benefícios fiscais por investimentos de 220 milhões de euros
Que garantias há de boa utilização de tais benefícios? Como foi estudado o problema e como foi preparada a decisão? Quem é quem nessas empresas e quem são os seus padrinhos dentro da política?
Merece séria meditação, esta decisão de INVESTIMENTO que pode vir a traduzir-se em PURO ESBANJAMENTO do dinheiro público, como já aconteceu imensas vezes.
João
Sempre Jovens
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