Transcrição seguida de NOTA:
Nós, os suecosJornal de Notícias 02-08-2010. Por Manuel António Pina
A ideia de acabar com os chumbos não é da ministra Isabel Alçada, é de algum eduquês desconhecido que anda pelo Ministério pelo menos desde o tempo de Roberto Carneiro.
E que há-de ser um grande vendedor de ideias pois a generalidade dos ministros aparece com a original ideia de acabar com os chumbos menos de um ano depois de ter tomado posse.
Só os argumentos vão variando. Desta vez é fazer como "na Finlândia, Suécia, Noruega e Dinamarca" onde, "em vez de chumbar, os alunos com mais dificuldade têm apoio extra".
É certo que, na Noruega (12 alunos por professor no Básico e 8,2 no Secundário, contra 28 a 30 em Portugal), 40% das escolas básicas "são tão pequenas que crianças de diferentes idades têm aulas juntas" e que, na Suécia, cerca de 60% das escolas do 1.º Ciclo funcionam com menos de 50 alunos.
Por cá, a ministra que quer apoio personalizado para os"alunos com dificuldades" é a mesma que fecha as pequenas escolas de proximidade e manda as crianças de camioneta para mega-escolas anónimas e indiferenciadas nos grandes centros. Mas por algum sítio temos de começar para sermos suecos, não é?
NOTA: O autor deste artigo, por quem tenho admiração, atribui a origem dos desnortes da educação a «algum eduquês desconhecido», mas creio que este palpite não será correcto, pois parece que não será apenas um, mas um ou dois pares, em gabinetes estanques, cada um atirando para o ar com a sua aleivosia, e não havendo um governante capaz de coordenar as vontades de todos e inseri-las numa linha estratégica coerente para um objectivo bem definido. Claro que de políticos, com a sua falta de currículo em organização, gestão, coordenação e controlo, não se pode esperar melhor. Mas, para compensar tal deficiência, devia haver no ministério um Director-Geral escolhido por concurso público de entre os que tivessem condições para dirigir a equipa responsável perante o governante de lhe apresentar as soluções, com as respectivas vantagens e inconvenientes. Mais uma vez repito que é boa norma «Pensar antes de decidir».
Sem tal coordenação, aparece um a decidir a concentração das escolas com o argumento dos custos, outro a propor exemplos estrangeiros de eficiência e boa aprendizagem só viáveis em escolas pequenas com íntima ligação entre educadores e educandos. E o objectivo mais publicitado é a abolição de chumbos e repetições, o que, se for avante, faz prever a curto prazo a entrega do diploma de doutoramento no primeiro dia de aulas da primária.
No artigo «Só mudanças radicais podem aproximar Portugal da Finlândia» este tema é analisado de uma forma interessante de que se conclui ser indispensável uma bússola no ministério da Educação para que dele saiam decisões coerentes e orientadas para o objectivo pretendido tendo em conta as condições reais existentes. Sem uma boa e inteligente organização coordenada e controlada haverá excesso de gastos, sem finalidade racional e o agravamento do atraso do nível da população.
Imagem da Net,
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Ensino sem bússola
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1 comentário:
Artigo de opinião de Paulo Ferreira sobre este tema:
A nossa escola é uma escolinha
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