Os desmandos na gestão financeira do Estado estão a tornar-se uma doença crónica que resiste a qualquer radioterapia ou quimioterapia. Há precisamente dois meses alertava-se que se devia «Reduzir o défice controlando as despesas», mas o descontrolo, a «balda», o desrespeito pelos dinheiros públicos, na generalidade dos sectores públicos, continua num crescendo patológico.
As notícias de hoje são deveras alarmantes e ninguém decide correctamente, para inverter esta queda que parece imparável. O País está desgovernado, sem leme, à deriva, ao sabor de ventos e marés. No DN lê-se «Despesa do Estado aumenta 5,7%», no JN encontramos este título «Despesa do Estado ainda sobe mais do que a receita», O Ionline titula «Estado tem mais receita, mas despesa cresce 40% acima do previsto» e no Público, lemos «Subida das receitas fiscais não evita agravamento do défice até Julho».
Será uma cabala de todos os jornais? Ou será a comprovação da incapacidade de os actuais governantes respeitarem o dinheiro público que sacam sem hesitações aos que mais necessidades passam. Despesas, com compadrios e tachos para todos os familiares e amigos, coniventes e cúmplices, para comissões e institutos nascidos por capricho, sem finalidade, objectivo e tarefas definidas, financiamento de fundações, sem fiscalização nem controlo, mordomias, carros novos, sem serem necessários para a eficiência das funções, vaidades, arrogâncias. Apesar dos aumentos dos impostos, sob o pretexto da crise, continuam a gastar como se estivéssemos em tempo de vacas gordas.
Porque não se reduzem as despesas? Porque não fazem uma cura de emagrecimento no Estado, nas autarquias, reduzindo a burocracia, a quantidade de inúteis que vivem à custa do orçamento? Porque não simplificam? Há famílias que vivem com pouco e não têm dívidas e há outras com grandes rendimentos e mordomias que estão praticamente falidas, porque não controlam as despesas contendo-se dentro dos limites sensatos do rendimento. De forma semelhante,é preciso que o Estado seja gerido por pessoas que tenham noção da mais simples aritmética, do «deve e haver», somar e subtrair.
Para onde estão a levar o nosso País que já foi grande e era exemplo para o mundo mais evoluído?
Imagem da Net.
Rapidinhas de História - Livros
Há 51 minutos
1 comentário:
Caro João Soares:
O descontrolo das contas públicas é, infelizmente, mais um sinal da descarada irresponsabilidade com que estamos a ser dirigidos.
O Governo, a começar pelo Primeiro-ministro, virá desvalorizar o aumento de despesa, realçar a receita e falar de um controlo mirífico que nos há-de conduzir ao paraíso.
A verdade, porém, é que o aumento da despesa, quando se exigia e exige uma franca e criteriosa redução, deveria ser motivo para fazer cair o Governo.
Mas nada acontece. O Parlamento e o PR perdem-se nos seus jogos de máscaras. A Justiça não funciona e dá um triste espectáculo.
O estado da nação é grave e eu não vejo como dar-lhe a volta com os actuais dirigentes, sejam do governo ou da oposição, em particular não vejo como atacar eficazmente a teia de grandes e pequenos interesses que sustenta e renova a camarilha de emproados irresponsáveis, da grande quantidade de gente sem vergonha que está no poder ou gira à volta dele.
(Luís Campos e Cunha escreveu ontem, no Público, um interessante artigo sobre o grande número de pessoas que não sentem nem têm vergonha e detêm poder).
Não desisto, em qualquer caso, de reflectir e falar sobre estes assuntos. E cumprimento-o pelo seu esforço no esclarecimento e denúncia dos atropelos a que estamos sujeitos.
Um abraço.
Pedro Faria
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