Transcrição de artigo com igual título do professor
JOÃO CÉSAR DAS NEVES
NAOHAALMOCOSGRATIS@FCEE.UCP.PT Destak. 21 | 07 | 2010
Vivemos estranhos tempos políticos. A regra parece ser a desorientação e contradição. O Governo a cada passo corrige decididamente aquilo que fizera dias antes.
A cada momento surge um ministro a contradizer com firmeza o que ele próprio afirmara. As obras públicas são para manter a todo o custo e para adiar indefinidamente, conforme o dia. Com ou sem portagens, conforme a semana.
Os impostos passam de estáveis a crescentes de uma hora para a outra. As reformas decisivas na Saúde, Educação e Justiça já foram tudo e o seu contrário.
Este espectáculo grotesco, que alguns atribuem à crise internacional, parece incomparável, mesmo na triste história da multissecular democracia portuguesa. Tem, no entanto, um paralelo evidente no passado: a actuação do último primeiro-ministro socialista, José Sócrates.
Vale a pena lembrar que em 2005 o PS ganhou a primeira e única maioria absoluta sob a promessa solene de não aumentar impostos. Muitos avisaram então que tal seria impossível dada a situação, mas foram desprezados perante a firmeza do líder.
Logo que chegou ao poder, surpreendido pelo que toda a gente sabia, o Governo descobriu que tinha de subir impostos. Decidiu então faltar à palavra dada, criando uma magna encenação.
A comissão presidida pelo governador do Banco de Portugal respondeu a uma pergunta impossível: qual o défice se Governo nada fizer o resto do ano (a posse fora em Março!). Horrorizado com esse número artificial pode dar o dito por não dito.
O que hoje assistimos é apenas o paroxismo deste método socrático.
Imagem da Internet
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