domingo, 25 de julho de 2010

Rótulos e o marketing político

Os políticos, quais vendedores de mercadoria milagrosa, na ânsia de atraírem os eleitores, para o voto nas idas às urnas ou para melhorar a cotação nas frequentes sondagens, usam e abusam de rótulos e de chavões, de conteúdo duvidoso ou sem conteúdo explicável. Mas de acordo com os bons princípios da publicidade ou propaganda, é preciso ser inovador, mudar a embalagem do produto, alterar o discurso. Não se sabe bem como nem porquê porque tudo se passa em ambiente de prestidigitação, ilusão, ofuscação, deslumbramento.

E, nesta ânsia de inovar, de manter os ouvintes embrutecidos sem poderem usar o raciocínio que eventualmente tenham (casos da lei da rolha no congresso no PSD, e da Lei do financiamento dos partidos na AR), os rótulos e chavões vão mudando de sonoridade, como diz Zita Seabra no seu artigo Socialistas, liberais, mesmo neoliberais radicais, «gritamos slogans ocos, a maior parte das vezes usados com evidente ignorância do seu significado, mas apenas como rótulo.» E estes vão alterando o modelo de marca, passando por várias gamas chegando ao actual topo de gama que é «chamar liberal, acrescentando "direi mesmo neoliberal"!»

Mas essa propaganda de diversão, de fumaça, é usada «em vez de discutirmos seriamente, de repensamos o papel do Estado, de olharmos para o ponto a que chegámos na dívida pública e as ameaças que pairam sobre nós»

E tais ameaças estão à vista cada vez mais temerosas: «Esta semana foram divulgados os dados do último semestre e a dívida pública aumentou. Gastamos mês a mês mais do que produzimos e, dia-a-dia, a situação agrava-se. Todos sabemos que o Estado gasta de mais e emprega de mais. Mas todos sabemos que a resolução da questão significa agravar o desemprego e retirar direitos fundamentais na Saúde, na Educação, na Segurança Social.»

«Chegados a este impasse, é garantido que assistimos à gritaria destes últimos dias. Quem tiver a mínima proposta de medidas estruturais que mudem a situação e apontem caminho de saída mesmo ténue é recebido com um ataque de "liberal", direi mesmo "neoliberal", misturado com uma conversa vaga contra "esta" globalização e, quando se pretende ser mais "erudito", passa-se mesmo ao conceito de "neoliberal de capitalismo radical", ou vice-versa.»


Se fizer clic no título do artigo, poderá ler tudo o que Zita Seabra escreveu e meditar sobre o sentido de responsabilidade que, neste Verão, é exigido a todos os políticos, mas a que eles dificilmente corresponderão.

Imagem da Net.

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