Transcrição seguida de NOTA:
Aplaudir de pé
Jornal de Notícias. 09-07-2010. Por Manuel António Pina
Parece que foi muito aplaudida nas Jornadas Parlamentares do PS a intervenção de Mário Soares criticando a inexistência de debate interno no PS e defendendo ser indispensável dar "vida interna" ao partido e insuflar-lhe "princípios éticos" e "ideologia", tudo coisas ("vida interna", "princípios éticos" e "ideologia") de que o PS andará, pelos vistos, carente.
De acordo com o que veio nos jornais, no final, deputados e militantes socialistas aplaudiram o discurso de pé. Singular não é o facto de o discurso ter sido aplaudido de pé pela ilustre deputação presente, pois aplaudir de pé é um hábito que se enraizou no PS. Singular, para lá da alusão de Soares a coisas antiquadas como "princípios éticos" e "ideologia", é o modo como, no actual PS, até a crítica ao unanimismo suscita aplausos unânimes e a crítica ao acriticismo é aceite sem o mínimo sobressalto crítico.
Não é difícil concluir que, se Soares tivesse dito exactamente o contrário do que disse (atirando-se, por exemplo, aos que clamam que há falta de debate interno e de princípios éticos no PS), teria sido do mesmo modo aplaudido de pé.
NOTA: Muito bem observado. Este fenómeno é comum nos náufragos que esbracejam e se agarram a qualquer pequena tábua que flutue. O aplauso colectivo de pé é a busca da tábua de salvação ou a manifestação do vazio íntimo e do espírito de rebanho, abúlico e obediente, já referido acerca da aprovação por unanimidade (com uma honrosa excepção) da famigerada «Lei de financiamento dos partidos», felizmente vetada pelo PR e a da «lei da rolha» no congresso do PSD, que foi seguida pelo arrependimento geral logo depois da saída da sala.
Assim vão os nossos políticos (uma verdadeira elite nacional de inteligência e bom senso!!!). Com tal gente no leme, para onde iremos neste pequeno barco?
Imagem da Net.
A Decisão do TEDH (295)
Há 2 minutos
2 comentários:
Caro João,
Acredito no que dizes pois se Soares tivesse dito o contrário a manifestação seria igual, "eles" só lá estão para isso mesmo! Não passam de uns papagaios...
Um abraço amigo.
Caro Luís,
Não fui eu que disse, mas o autor do artigo transcrito, Manuel António Pina. É próprio de multidões acéfalas, mas infelizmente os nossos políticos são isso mesmo, como em NOTA mostro dois exemplos.
Um abraço
João
Do Mirante
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