Ninguém é perfeito e há um ditado antigo que diz que é mais fácil vermos um cisco no olho do vizinho do que uma trave no nosso. Essa debilidade humana, muito generalizada impede de analisar o bem e o mal dos outros de forma sensata, isenta, sem paixões nem radicalismos. Acho que será virtuoso procurarmos olhar os outros, como diferentes que são, e não estarmos teimosamente a colocarmo-nos como modelos de virtudes e termo de comparação, principalmente quando se trata de pessoas ou sociedades com outra educação, religião tradição, etc.
Cabe aqui citar o preceito cristão «amar os outros como a si próprio, tendo em mente que a palavra «outros» significa os diferentes em todos ou em muitos aspectos. Para julgar e condenar, com crítica ou opinião, será prudente imaginarmos o que faríamos ou pensaríamos se estivéssemos no seu lugar.
As religiões, todas visando a felicidade dos seus crentes, nalguns casos, oprimem de forma bárbara (segundo os conceitos de outras sociedades que seguem outros deuses). O cristianismo teve a inquisição com condenações bárbaras como a de Galileu só porque dizia que a Terra girava em volta do Sol e não o inverso como era crença na época. Houve as repressões dos que seguiram a Reforma luterana. Há, ao contrário da apregoada pobreza, simplicidade e humildade, o fausto das catedrais e do Vaticano, à custa das esmolas dos crentes e da «corrupção» com reis e imperadores. A Europa apesar do poder temporal da Santa Sé, andou quase permanentemente em guerra (dos 100 anos, dos 30 anos, dos 7 anos, primeira e segunda guerras mundiais, etc.).
Os Estados, com o conceito de soberania e não podendo hostilizar directamente as tradições seculares dos respectivos povos, não se subordinam pela força a outros estados que se arrogam possuir valores mais humanos. Haverá que dialogar, usando mais a convicção e o esclarecimento do que as ameaças e as sanções económicas ou outras. Com respeito, compreensão e boa vontade, usando mais o amor do que o medo, poder-se-á progressivamente ir criando novos hábitos mais racionais mais humanos, que favoreçam uma melhor cooperação entre os povos, quer nacionalmente quer internacionalmente, para a paz no mundo.
E nunca devemos esquecer que para melhorarmos o Mundo, devemos começar pela nossa rua, o nosso bairro, a nossa terra. Em 20 de Março houve um notável entusiasmo para LIMPAR PORTUGAL, mas o efeito foi pouco duradouro e há muita gente a queixar-se que se voltou ao mesmo desleixo de anteriormente. E não se vê uma actividade consistente e persistente para pressionar publicamente as autoridades a assumirem as suas responsabilidades sobre a defesa do ambiente, quer urbano quer rural.
Qualquer actividade manifestada para corrigir situações escandalosas em países diferentes é louvável e, por vezes é eficaz, mas não esqueçamos de mudar para melhor os nossos hábitos e dos nossos vizinhos. Limpar a nossa área de influência. É que só sendo eficientes aqui, poderemos ter credibilidade lá fora. Só dessa forma mostraremos que somos uma sociedade mais evoluída humana, cívica, ecologicamente.
domingo, 18 de julho de 2010
Humanizar a humanidade
Publicada por A. João Soares à(s) 18:56
Etiquetas: Direitos Humanos, humanidade
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4 comentários:
João, como sempre vc escreve textos maravilhosos!!!
bj
Falta-nos muita consciência cívica mas bem que podíamos aprender com os nórdicos, porque afinal se todos fizerem um pouco o resultado é espantoso.
Cumps
Querida Amiga Beta,
Muito obrigado pela simpatia das suas palavras. Realmente, o que é merecedor de meditação é o tema abordado, do amor universal, da harmonia entre todos os seres humanos, da paz, do respeito mútuo.
Quanto ao texto, acho-o demasiado resumido, para não ter uma dimensão indigesta, mas na verdade, cada frase devia ser desenvolvida através de várias páginas. São apenas tópicos para meditação e desejo que desperte em muitas pessoas pensamentos profundos, com o espírito mais positivo que possuam.
O mundo está a iniciar uma fase aguda de ódios e perseguições, de campanhas agressivas contra outras civilizações, a pretexto de casos isolados que fazem de um conjunto infelizmente desumano. Esta agressividade, autêntica guerra de civilizações, nada de bom trará à humanidade. Recentemente têm surgido ataques propagandísticos violentos e virulentos à China aos povos islâmicos, a Estados asiáticos, africanos e latino-americanos, por pessoas que parecem pensar ser detentoras de toda a verdade, do máximo bem e viverem num paraíso celestial onde só o bem existe.
Beijos
João
Sempre Jovens
Caro Guardião,
Muito obrigado por referir os nórdicos.
Isso levou-me a consultar o meu arquivo e encontrei esta frase que transcrevo, no artigo http://dn.sapo.pt/2008/10/25/opiniao/o_nobel_athisaari_diplomacia_finland.html, de Laura C. Ferreira Pereira, Professora da Universidade do Minho
«A atribuição do Prémio Nobel da Paz a Martti Ahtisaari, apesar da sua índole personalizada, não deixa, por isso, de representar a projecção internacional da vindicação da diplomacia finlandesa, bem como o incremento do peso político-diplomático deste país junto dos seus pares europeus e, em particular, da vizinha Suécia, que já tinha conquistado um lugar cimeiro na política mundial com individualidades, internacionalmente reconhecidas, como Dag Hammarskjöld e Olof Palme.»
Os diplomatas nórdicos têm estado presentes como mediadores em muitos conflitos como, por exemplo, os do Sri Lanka, Médio Oriente,etc.
A guerra de gerações, para ser evitada, precisa de compreensão e de palavras de entendimento para limar arestas e melhorar o respeito pelos Direitos Humanos e pelo bem geral. Mas, pelo contrário, vemos um aproveitamento diabólico de propaganda pela Internet a pretexto de coisas isoladas como se estas fossem casos singulares, quando é preciso paciente e persistentemente aperfeiçoar os comportamentos de sociedades que seguem valores que consideramos menos correctos.
Terá de fazer-se um esforço duradouro, sem agressões verbais, mas activo e imparável, em todos os campos não descurando os das cercanias da nossa casa e do nosso trabalho. Há muita coisa a melhorar por todo o lado.
Um abraço
João
Só imagens
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