Aproveitamento de post do «Mentiroso» no blog Democracia em Portugal, ao qual foram feitas algumas alterações de pormenor. Espero que o autor me perdoe o atrevimento, e deixo o link para os interessados na leitura do seu post o poderem apreciar.
A cidade do Funchal, na Madeira, está a ser vítima de temporais, inundações e deslizamento de terrenos devido às grandes chuvas de ontem de madrugada, sendo já confirmados 32 mortos e incalculáveis prejuízos.
Infelizmente, não é uma catástrofe natural inevitável, mas apenas uma das consequências do mau ordenamento do território. Efectivamente, se a pluviosidade ou outros acontecimentos naturais do género são inevitáveis, é possível com uma acção permanente de prevenção e de rigor nas obras de saneamento e urbanização reduzir significativamente as suas consequências. Isso tem sido demonstrado por todo o mundo. Ainda que num grau bastante inferior, constata-se a diferença observada em Lisboa aquando de grandes chuvas. Antes dos trabalhos adequados e necessários terem sido efectuados, algumas zonas, como a da Baixa (que pseudo-intelectuais, iletrados pedantes, cheios de «auto-estima», agora chamam de pombalina, como se houvesse outra), Cais do Sodré / Av. 24 de Julho, Benfica, Av de Berna/Praça de Espanha, tinham inundações enormes logo que chovia um pouco mais.
Os problemas do Funchal são bem conhecidos desde sempre. O temporal de 1993 foi um dos que causaram maiores estragos. O governo regional, constituído por indivíduos nascidos e criados nas ilhas está perfeitamente consciente dessa possibilidade de catástrofe. No entanto, não fez o suficiente, em quantidade e qualidade, para a evitar. Ou melhor, fingiu fazer. Tanto que disso tem sido permanentemente acusado. O chefe do governo regional respondeu às acusações de agora dizendo que se a cidade do Funchal não desapareceu por completo foi devido às canalizações feitas nas ribeiras. Só que demonstraram não ser suficientemente adequadas.
Governo e autarquias deviam prestar mais atenção à salvaguarda das vidas dos cidadãos. As obras necessárias deveriam ter sido projectadas, efectuadas e controladas por gente competente, com menos burocracias e mais rigor e não de ânimo leve, mas com contratados impolutos sem corrupção. Não se libertam da suspeita, que muitos consideram certeza, de parte do dinheiro investido nas ditas obras ter sido gasto em trabalhos insuficientes e mal feitos, outra parte usada literalmente na corrupção e o restante para outros objectivos que davam mais votos.
No entanto, mesmo com tais inconvenientes, a Madeira é a segunda região nacional mais desenvolvida mas, apesar disso, o governo exige que o dinheiro que o país deveria dar a outras regiões mais necessitadas lhe seja destinado. É de toda a moral e justiça que ele seja utilizado com o máximo rigor com utilidade para a prevenção de catástrofes como esta, atendendo às condições climáticas e á orografia da ilha.
Devido a tal falta de rigor e competência nas condições de segurança e prevenção, aconteceu que, só desta vez, tenham perdido a vida 32 pessoas e tenha sido destruída propriedade de altíssimo valor ainda não calculado, tudo evitável em grande parte. A falta de realismo dos políticos produz estas infelicidades para inúmeras famílias e a redução das receitas da principal actividade da ilha, o turismo. O futuro próximo nos dirá que os culpados por negligência e incompetência ficarão impunes, como de costume.
Mas ao menos que a população aprenda a apreciar o desempenho dos seus eleitos e que pressione estes a reflectir no ditado «Mais vale prevenir do que remediar»
O almirante e o medo
Há 1 hora
9 comentários:
A confirmar o conteúdo deste texto surge a seguinte notícia no Diário e Notícias
Erros urbanísticos que agora se pagam muito caro
Caro João,
Conheço o Funchal há muitos anos e já no antigamente junto às ribeiras estavam contruidos edificios que aí não deviam existir. O problema pois é que há muitos anos atrás deviam ter sido criadas áreas livres para que quando as águas transbordassem dos seus vales não afetassem área urbanas. Por isso eu disse noutro comentário que o problema tem "barbas", começa por não se dever ter criado a Cidade do Funchal naquela área! Agora é fácil atirarem-se ao actual ordenamento mas que é resultado essencialmente de erros passados e muito antigos. Agora para corrigir tais erros seria necessário ter coragem, força e dinheiro para desobstruir as áreas circundantes dos canais das ribeiras, criarem-se áreas abertas amplas de cada lado desses canais, dragarem-se e limparem-se os vales dessas ribeiras. Muitos dos que agora falam são culpados pelo que está a acontecer mas é mais fácil dizer mal do que trabalhar em prol da correcção de erros antigos que foram sempre agravados pelo "Bicho Homem" por via dos seus interesses! Funchal tem que ser revista na sua totalidade e não será com "mésinhas" que se evitarão casos futuros! Foi o que aconteceu com Angra do Heroísmo mas aí por outras razões!
Um abraço amigo.
Este post deveria ser publicado nos jornais daí!
Disse tudo!
Bj
CAROS VISITANTES,
Fui informado por um amigo que esta tarde este blogue e um outro estiveram bloqueados. Efectivamente ao tentar entrar no Outlook foi-me exigida a password repetidas vezes, tendo de ir à «home page» do gmail, onde aconteceu o mesmo, mas logo que tiveram a certeza de que era mesmo eu, tudo se normalizou e já encontrei os blogs desbloqueados.
Já não é a primeira vez que isto acontece, devido, segundo informação do Blogger, a tentativas de intrusão por estranhos.
Já tive comentadores de confessada cor partidária mas sem capacidade de argumentação e que desistiram de me incomodar.
Não sei o que agora levou a que voltassem a tomar esta atitude. O certo é que não lhes é fácil acertar na password. Tem 16 caracteres e já não é quixotedulcineia!!!
Quando voltar a acontecer, peço aos amigos visitantes para tentarem mais tarde...
Isto é que vai uma crise...!!!
Sempre pensei que aquela ânsia de construção e atapetar a ilha de betão e alcatrão, talvez, só talvez, não fosse boa ideia. Lembro-me do temporal dos anos 60, em que até o ferro da antena de TV dobrou, mas não me lembro de mortos.
Toda a gente sabia que, no Funchal, as linhas de água estavam estranguladas, havia imensas construções em cima dessas mesmas linhas, e que, de um momento para o outro, poderia acontecer o que veio a acontecer...
Que a lição seja aprendida...
Abraço
Compadre Alentejano
Caros Amigos Táxi e Compadre,
É certo que a chuva foi em quantidade incomportável e, por mais cuidados que tivesse havido, ao deixaria de produzir estragos.
Mas tudo indica que a água não está a ser respeitada, tanto lá como noutros pontos do país.
Há localidades junto à Serra da Estrela e noutras regiões de montanha, onde não é garantido à água de enchentes o caminho de que ela necessita. E como ela tem que avançar cava o seu caminho à força custe a quem custar. Falta a noção do que é o leito de cheia e o respeito por ele, pela Natureza.
Não adianta agora estar a acusar os políticos e os técnicos. O que é importante é tirar as devidas conclusões e evitar erros que venham a provocar desgraças semelhantes.
Há muitos anos durante grandes chuvas, numa região do norte, havia um café mesmo em cima de uma linha de água, a que ninguém dava atenção porque nunca ali viam água. Com as chuvas a água foi por ali, esbarrou na parece da casa, foi enchendo e, quando a pressão foi suficientemente forte, derrubou a parece e varreu tudo o que estava dentro do café, tirando a vida aos clientes que lá estavam calmamente a beber a cerveja.
Há erros que a Natureza não perdoa e que bem podiam ser evitados.
Abraços
João
Caro João,
De um artigo do jornal Global respigo do comentário o respeito pela natureza, o seguinte: "Pensamos que a podemos entender e controlar. Mas a Natureza está sempre a enviar-nos avisos de que é uma força poderosa que difícilmente conseguiremos dominar. A catástrofe "natural" que aconteceu na Madeira... nunca poderia ser evitada... É claro que vai começar a tempestade de "culpas"... (Mas) Talvez sirva para no futuro evitar tamanha devastação. Mas para isso temos primeiro de (re)aprender a respeitar a Natureza."
Culpas haverá sempre mas o essencial é aprender-se com esses erros para os evitar no futuro e assim não haver a repetição destes desastres!!!
Um abraço amigo.
Amigo Luís,
Obrigado por trazeres estas palavras sábias de quem conhece este tipo de problemas. Elas coincidem com o que tenho aqui escrito. Não se domina, não se contraria a Natureza, é preciso compreendê-la e dar-lhe espaço para se realizar. Só quem nunca
viveu no campo é que emite opiniões irreais.
Um abraço
João
Enviar um comentário