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Sinais
Correio da Manhã. 04 Fevereiro 2010 - 00h30 . Por Paula Teixeira da Cruz, Advogada
O economista chefe do FMI já veio falar na necessidade de baixar salários em Portugal (assim como em Espanha e Grécia). Quando um país desperta a atenção do FMI nunca é bom sinal. Mais de trinta anos volvidos, ei-lo de volta.
Os sinais estavam aí (mesmo o desemprego só não é superior porque há uma vaga de emigração nunca vista desde os anos 60).
Neste contexto, o Primeiro-ministro festeja... os 100 dias de Governo, com uma "reunião" do Conselho de Ministros no CCB, seguida de um encontro com as "forças vivas" do País (o que no espaço de pouco mais de três horas é notável). O Primeiro-ministro convidou "as forças vivas", mas não as quis ouvir, como não ouviu as críticas de João Salgueiro. Falou e saiu. Mais encenação. Lançou a primeira pedra de um novo e muito discutível museu dos coches (que prioridade!); na terça-feira almoçou com mulheres (que politicamente correcto) e à tarde supostamente ouviu um conjunto de jovens (que politicamente correcto outra vez).
Nenhum de nós percebe o que há para comemorar. Os ministros, por sua vez, recuperam, ainda que formalmente, o famoso "diálogo", enquanto Sócrates dramatiza e cria uma crise política, encenando a demissão em momento que lhe é conveniente (o PSD está fragilizado, os ministros dulcificam os seus sectores). Ora, o País devia ser a prioridade, mas isso...
A par disto, o lobo veste a pele de ovelha, mas, como não resiste à sua natureza, não deixa de ser um predador que vira as suas presas para as vozes livres que manifestamente não suporta e lhe despertam, em especial, o killer instinct.
Recordavam-me, há poucos dias, a propósito da nossa situação, a peça ‘O Judeu’, de Brecht. De facto, vamos ignorando sinais, mas é uma questão de tempo até que a fúria predadora chegue a cada um de nós, se não houver coragem colectiva.
Sucede que o Senhor Primeiro-ministro foi eleito para governar, o que parece não querer fazer, mas antes provocar crises artificiais, como se a situação do País as suportasse.
Bem vai, pois, o Presidente da República, ao convocar o Conselho de Estado: a situação e os sinais que por aí andam são demasiado graves e, apesar de todas as limitações constitucionais, só temos mesmo o sentido avisado e a noção de interesse nacional do Presidente da República (e uns quantos seres de bem, de Norte a Sul).
No mais, o medo vai-se instalando. E o medo é mais um factor inibidor do desenvolvimento das sociedades.
NOTA: O diagnóstico está feito e já vieram a público várias hipóteses de solução sendo necessário listá-las por prioridade, por valor de custo/benefício e por melhor pontuação com vista ao objectivo pretendido para o futuro dos portugueses. Sugere-se uma visita aos posts Pensar antes de decidir, Sugestões para recuperar Portugal, Portugal visto de Espanha, Pobreza em Portugal
Grande Angular - Novembro!
Há 2 horas
8 comentários:
Caro João,
Realmente já não sei o que dizer deste ditador mascarado de vitima!Já alguém o comparou a Lenine e ao Estaline mas em ponto muito pequeno, pois a "ele" maldade e malandrice não lhe falta mas não tem é o "estofo" que esses outros tinham!
Agora criou o "embróglio" de uma crise forjada onde quer ver entalados conjuntamente a oposição e o PR. Se houver bom senso da parte destas forças quem sairá por baixo será "ele" pois a sua ameaça de demissão não passa disso mesmo e se o fizer o PR à semelhança do que já foi feito anteriormente pode nomear um PM da sua confiança e dessa maneira criar-se um governo de "Salvação Nacional" e "eles" definitivamente a irem para o buraco de onde nunca deviam ter saido.
Como vês até sou muito optimista!!!
Um abraço amigo.
Caro amigo A João Soares, o FMI diz que tem de haver baixa de salários em Portugal, Espanha e Grécia. Pois bem, eu não sou economista, mas nem preciso de o ser, basta estar de olhos bem abertos e ver o que se passa à volta, e tiro 2 consequências directas disso:
1- Crise social grave, e possibilidade de anarquia geral, com convulsões sociais graves.
2- Aumento de dividas à banca e ao próprio estado, com mais falências e mais desemprego.
Os senhores do FMI, com tanta sabedoria, deveriam saber que não se fazem omeletes sem ovos, e deviam isso sim, dizer onde é que estes senhores devem gastar o dinheiro, quais as prioridades, e não incentivar o patronato a sugar ainda mais os desgraçados que hoje pagam esta crise toda.
Penso que, na minha opinião, vai haver sangue, oxalá que não, oxalá que não...
Abraços do Beezz
Caro Luís,
O deslumbramento dá para a loucura, dá para assumir responsabilidades que estão muito acima das capacidades e depois é o desastre. Mas, neste caso o desastre não é apenas pessoal mas de todo um bom povo que tem acreditado nestes palavrosos de falsidades que já estão a meter os pés pelas mãos como a história apatetada do défice premeditado!!!
Os náufragos deitam a mão a qualquer coisa que bóie como se fosse uma tábua de salvação. Não se demite porque se arrisca a perder o poleiro com toda a mafia que o tem cercado.
A farsa da união com todos os partidos, só lhe agrada se todos lhe apararem os golpes. Só gostam de fanáticos que lhes dêem aplausos sem o mínimo reparo.
Um abraço
Caro Carlos Rocha,
Neste momento há que recear como muito provável a reacção com violência, porque eles não têm a sabedoria de a evitar. Estão desnorteados, mais do que de costume, e já nem nas palavras têm coerência. Já há contradições graves em tudo o que dizem e, fazem a asneira de não se calarem e de continuarem a falar como papagaios ébrios.
O pior é que está em perigo a vida de milhões de portugueses que ou emigram ou vão passar por maus bocados em que, nada havendo a perder, se arriscam às piores manifestações de desespero contra os tiranos incompetentes.
Um abraço
Caro João Soares,
A "visita"do FMI é tão desejada como uma visita de um qualquer vírus altamente contagioso.
Infelizmente, não nos "vacinámos", e estamos mesmo a jeito para sofrer o contágio.
Abraço
Caro Pedro Coimbra,
As suas palavras recordam-me o que li há mais de uma década sobre a influência dos «sábios» do FMI na crise da Argentina no tempo do presidente Carlos Menem.
Eram acusados de teóricos sem a mínima sensibilidade para o caso concreto e limitando-se a aplicar por «cópia e colagem» as teorias de manuais escolares de economia.
Ora, todos sabemos que para resolver qualquer problema real das nossas vidas a ciência não pode ser ignorada mas tem que ser devidamente, sensatamente, adaptada às circunstâncias reais. E são essas circunstâncias específicas de cada caso que esses teóricos ignoram e não se esforçam por analisar com realismo.
O resultado é terem estragado a vida a muitos países onde se meteram.
Um abraço
João
Será que o FMI também quer que se baixe o salário a quem não o recebe?
Que se baixe o salário aos políticos, deputedos, proxenetas, PR, ainda se justifica...
Compadre Alentejano
Caro Compadre Alentejano,
A esses que refere e a outras pessoas de mau viver, ninguém se atreve a mexer. Há imunidade e impunidade, não constando que alguém com tais currículos tenha sido condenado, apesar de ter havido muitos casos, como Furacão, Face Oculta, Freeport. Sobreiros de Benavente, Aterro Sanitário da Cova da Beira, Apito Dourado, Casa Pia, etc. Os técnicos do FMI sabem com quem não se devem meter.
Abraço
João
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