Efectivamente, a vida prática nem sempre se orienta pelos sãos princípios que serviram de apoio ao homem na senda do progresso desde a era da pedra lascada até ao século XXI. Hoje estamos em recessão financeira e moral, devido ao esquecimento de normas de conduta essenciais. Mas se a ignorância de valores sociais e éticos por parte dos assaltantes de ourivesarias e de outros marginais pode não surpreender muito, o mesmo não deve ser tolerado àqueles em quem o povo, detentor da soberania democrática, delegou poderes para governarem os interesses do País, dos seus habitantes.
Um delegado, um representante, sério deve manter o seu representado a par dos problemas existentes, das soluções adoptadas e dos resultados obtidos com a aplicação das medidas postas em prática. Para isso está instituído como dever da AR fiscalizar a actividade do Governo.
É, por isso, estranho que o Governo esteja a criar tantas dificuldades para tornar públicas as contas públicas e declarar o valor do défice. Isso gera dúvidas preocupantes que a ausência de informação credível amplia perigosamente. O que se passará dentro dos gabinetes governamentais e nos serviços públicos que tutela? No tempo do «Magalhães» em que tudo é fácil e rápido de computar, contabilizar, resumir e concluir, e havendo tantas centenas de doutos assessores pagos como craques de futebol, e tantos contratos de estudos e pareceres a gabinetes de profissionais amigos de confiança, como se poderá compreender tal dificuldade? O que existirá de tão tenebroso que tenha de ser ocultado de olhos indiscretos? E em democracia haverá olhos que possam ser considerados indiscretos? Onde está a tão falada transparência democrática?
Perante esta ocultação de dados, da forma como desempenham as funções que lhes foram confiadas, com que cara se apresentam a pedir votos à população que estão a desconsiderar e desrespeitar?
E não deixa de ter significado o facto de a oposição estar a usar o caso como munição de combate interpartidário, sem dar muita relevância aos fundamentos da Democracia e aos interesses das pessoas de quem esperam receber o voto no próximo acto eleitoral.
Haja verdade, franqueza, sinceridade, para se tornarem merecedores dos nossos votos, se é que se consideram competentes e eficientes para os merecerem.
Para os mais curiosos e desejosos de pormenores eis links de alguns artigos recentes da Comunicação Social.
PS rejeita avaliação extraordinária do défice público
Défice do Estado quase duplicou no espaço de um mês
Ministro garante que não há descontrolo das contas públicas
BE diz que o défice vai ficar muito acima do previsto
PSD quer saber “cálculo real do défice”
PS e oposição no braço-de-ferro das contas públicas
El País
Há 2 horas
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