quinta-feira, 9 de julho de 2009

Revolução é...

Revolução

Revolução!?
Mas o que é revolução?
É passares o tempo
De jornal na mão,
Condenares partidos,
Criares confusão?
É chamares aos outros
Nomes, sem perdão?
É clamares por algo
Que tu não criaste?
Não sentires teu erro,
Não veres que falhaste?
Não!

Revolução ...
É pores no que fazes
O teu coração.
Destruíres o mal.
Dares nova razão
À existência humana,
Sem ódio ou aversão.

Revolução,
É amares os outros,
Sentires bem as dores
Daqueles que anseiam
Condições melhores.

Revolução,
É tu combateres
Toda a exploração,
Dares realidade
À palavra "irmão".
É criares um mundo
Sem desunião.

Revolução,
É não permitires
Qualquer distinção
Entre ti e ele.
Sim, irmão,

Revolução,
É abrires caminhos
Para a Paz no mundo.
Não a falsa paz
Feita de acordos,
Mas a Paz de Espírito,
Sem ver cair corpos
Nessas guerras frias,
Vãs, cruéis ...
Não fazendo mais
Do que assinar papéis.

Revolução,
É fazeres o bem,
É reivindicares
Uma condição:
A de haver AMOR
Na tua nação,
Em troca de tudo
O que possas dar
P'ra nunca matares.
Depois ...
Conservares o bem
De poderes sentir
Que, co'a tua força,
Fizeste surgir
Uma nova vida
Em todos os seres.

Amar com carinho,
Sem nada pedires.
Dares ..., sem receberes.
Então ... verás que isso é Vida
Poderás viver!
FOI REVOLUÇÂO!!!

Porto, Junho de 1975
Maria Letra

NOTA: Este poema, escrito há 34 anos, foi-me enviado agora pela sua autora que, nessa data, era muito jovem (agora pertence ao clube dos Sempre Jovens), mas já dolorida ao ver os desmandos que grassavam na sociedade e que colidiam com a sua apurada noção de civismo arreigada numa educação bem estruturada cujos efeitos não são abaláveis. Para ela, um Bem haja e o meu reconhecimento pela sua noção de cidadania e de civismo.

Não posso deixar de publicar estas reflexões porque a revolução no sentido em que é entendida neste poema é permanente e os ensinamentos aqui expendidos devem ser aplicados no período que atravessamos.

Se o actual Governo tivesse cumprido com êxito as suas promessas eleitorais, teria levado a cabo uma revolução bem sucedida, em paz, no ensino, na saúde, na justiça, na segurança interna, etc. Mas o fracasso deve ser encarado como um atraso de percurso, que se espera venha a ser superado pelo próximo governo, com os melhores resultados, para bem dos portugueses.

Aos aspectos referidos deverá acrescentar-se a normalização dos serviços públicos da administração central e autárquica, actuando no combate à burocracia, à corrupção, ao enriquecimento ilícito, às excessivas despesas do Estado, às nomeações ilimitadas de «boys» para cargos injustificados e muitas vezes criados para lhes dar emprego (quando necessários devem ser preenchidos por concurso público).

À querida Amiga Mizita, peço desculpa pela extensão desta nota.

7 comentários:

Luis disse...

Caríssimos Amigos Mizita e João,
Lindo e ainda muito oportuno poema e actual e muito a propósito comentário.
Infelizmente há 34 anos andamos a fazer disparates sobre disparates... Nem houve REVOLUÇÃO nem GOVERNAÇÃO!!!! E que bonito teria sido se as tivesse havido!!! Viveríamos agora em óptimas circunstâncias apesar da crise mundial que existe. Mas não tudo foi feito para "encher a barriga" de alguns em detrimento da maioria! Espero que o POVO ACORDE e corrija esta "CORJA"!!!
Estarei sempre convosco nesta luta!
Um grande abraço.

Luis disse...

Caríssimos,
Vou tomar a Liberdade de transcrever o poema e o comentário na Tulha para engrandecimento da mesma! Nem sempre aparecem conjuntos com tanta qualidade para alerta das "gentes adormecidas".
Um abração aos dois.

A. João Soares disse...

Caro Luís,
A nossa Amiga Mizita está de parabéns porque ambos gostámos da sua poesia. Oxalá ela tenha gostado da minha nota! Ás vezes sou demasiado desajeitado para o gosto de uma poetisa amiga da perfeição, da excelência, como é o caso dela, sempre insatisfeita porque deseja ser melhor. Não é do meu género de deixar andar e esperar que não seja nada.
Já viste o comentário de um anónimo no blog«Novas Oportunidades» será isto??? ?. Vê se gostas da resposta que lhe dei.

Um abraço
João

Maria Letr@ disse...

Amigo João,
Fico muito sem jeito quando me dirigem elogios ao que faço. Primeiro porque, como disse já, penso sempre que poderia, talvez, ter feito melhor. 2.º porque penso ter valido a pena ocupar alguns minutos a escrever qualquer coisa que agradou a alguém. 3.º porque se o elogiu veio de alguém com capacidades muito superiores às minhas, transforma-se num valioso cumprimento.
Obrigada amigos.
Maria Letra

A. João Soares disse...

Querida Mizita,
Vai ficar mesmo sem jeito com a minha «crítica» aos seus três argumentos.
1. Claro que sempre se pode fazer melhor, a excelência não tem limites, porque a perfeição é inatingível. Cabe a nós dar a obra por concluída e não gastar mais energias na busca do absoluto. Mas a Mizita está juntinha do absoluto.
2. Concordo piamente com este seu pressuposto.
3. Estou em desacordo total. Perto de si, sou um dos mais fracos apóstolos junto de Deus. Recordo que, há tempos, para me definir a alguém que quis saber quem sou, escrevi o post Quem sou?. Pessoa simples e que se contenta com pouco, apreciador da Natureza e raciociinando com base em conmceitos básicos. Refiro muitas veses como mestra a água do rio.
Mas essa simplicidade de vida não me inibe de pensar e dizer-lhe aquilo que gostou de ler, porque viu que eu o disse com a franqueza e a verdade que me anima.

Beijos
João

Maria Letr@ disse...

Amigo João Soares,
Depois de ter lido este comentário e saltado de imediato para o tal "Quem Sou", devo dizer-lhe que fiquei agradavelmente surpreendida. Gostaria de dizer-lhe tanta coisa àcerca da confusão que se estabelecerá na mentalidade de muitos "balofos" (de tudo), ao terem conhecimento da duas vertentes importantíssimas da sua vida, i.e., o seu intelecto e o seu dia-a-dia ... Gostei muito de ler o que descreveu um homem com um valor enorme que, indiferente ao consumismo cretino em que se vive, dá um nobre exemplo de como se pode ser simples e, ao mesmo tempo, "amigo do saber". Grande lição!!!
Um abraço, amigo.
Maria Letra

A. João Soares disse...

Querida Amiga Mizita,
A simplicidade, a verdade e a consonância com a escala de valores que se adopta devem ser a pedra de toque das nossas vidas, principalmente quando delas depende a vida de outros, como sucede com homens com responsabilidades públicas, isto é, governantes e autarcas.
Um outro texto que mostra uma visão de outro lado da mesma estátua pode ser conhecida em Um dia como os outros de que a nossa Amiga Ná gostou.
A Natureza, os animais dão muitas lições úteis para os humanos, sendo pena que não sejam devidamente assimiladas. A minha percepção do mundo e das acções das pessoas vem do facto de as análises serem baseadas em conceitos simples, sem a penumbra em que as palavras dos pretensos intelectuais as embrulham e deixam quase invisíveis.

Beijos
João