Este título não é original neste blog. Basta pesquisar as palavras «paz», «conversações», «negociações», «diplomacia», «relações internacionais», para encontrar posts que chegam a esta conclusão optimista, desejável, bastante utópica e não atingível a médio prazo. Seria o resultado de o mundo se tornar mais amistoso, dialogante e negociador dos conflitos. Porém, o texto de Brandão Ferreira que recebi por e-mails enviados por vários amigos e que se transcreve não se enquadra nesta sequência optimista, mas numa capitulação política que parece pretender extinguir as Forças Armadas, sem razão confessada que vá além de «porque sim!» Eis o texto:
Forças Armadas: de vitória em vitória até à derrota final?
Eleições Europeias, dia seguinte: o governo congela totalmente a Lei de Programação Militar. Nada transpira, ninguém se incomoda. Como vai ser?
Resumindo e concluindo, o partido que forma o governo perde as eleições – do que só se pode queixar de si próprio – e quem paga as favas (mais uma vez...) é a Instituição Militar. Até quando?
Aliás, as Forças Armadas não param de ser desagregadas e demolidas. As leis sobre a nova organização são uma perda de tempo, pois para além de não ir resolver nenhum dos muitos e prementes problemas que afligem o meio militar, ainda vai abrir mais brechas na coesão das forças. É um acto falhado por escusado. Com o RDM ainda é pior: depois de terem acabado com a Justiça Militar, vão subverter a disciplina. É difícil fazer pior em qualquer parte do mundo. Só pode haver uma razão; ser de propósito!
A fragata Corte Real e todos os que nela navegam, andam a fazer figura de ursos. Perseguem piratas, prendem-nos, arriscam-se a levar uns tiros e depois soltam-nos. O chefe da Armada já disse que era preciso criar leis apropriadas (teria sido melhor ter sido o Conselho de Chefes a fazê-lo...). Do Governo, Parlamento e PR, nem pio. “No passa nada”!
O segundo submarino (“Arpão”) foi lançado à água em Kiel. O Sr. ministro da Defesa foi lá incógnito. No portal do ministério, nem uma linha. Para a comunicação social idem. Isto é, o governo assume um compromisso importante relativo à Defesa Nacional, mas tem vergonha de o assumir e defender. Alguns ministros são até contra. Publicamente. Muito edificante.
Que se passará no Instituto de Defesa Nacional? Quase todas as semanas há um quadro da casa que pede para abandonar funções. O último foi o próprio sub-director, que nem aqueceu o lugar.
O senhor ministro já descobriu a raiz do problema, assobia para o lado ou vai insistir que as coisas continuem a quebrar pelo lado mais fraco? O IDN já não faz falta e também é para acabar?
Pressionam constantemente o Exército (sobretudo o Exército), para alienar património à sua guarda, normalmente a fundo perdido. A apetência autárquica e regional por estes “bens” não conhece peias e a ganância da especulação imobiliária parece não tem limites. Vá-se lá saber porque bulas, as FAs e sobretudo o Exército vai dando, tudo de mão beijada, sem ser ressarcido de quase nada e sem um ... ai.
Depois passa-se um pouco de tudo, por exemplo as instalações da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém foram libertadas pelo Exército no prazo combinado – a tropa cumpre. Como não apareceu ninguém para ficar com as chaves, o Exército ficou com elas – sempre pronto a cumprir a missão e a carregar com os sacrifícios! – e ainda manteve sentinelas. Até que um general mais avisado e corajoso, entendeu (e bem) que a situação já tinha ultrapassado o que permitia o regulamento e retirou a guarda. Foi um ver se te avias, as instalações foram assaltadas diversas vezes e tudo roubado. Parece que nalguns casos a coisa tomou foros de organização em forma. Falta agora proceder de igual forma para com as ex-instalações militares de Elvas (que deviam ser um museu vivo, à falta de melhor sorte), para cuja segurança o Regimento de Cavalaria de Estremoz, tem que destacar permanentemente um pelotão. Doce país.
Ali para os lados de Alfragide o Comando da Força Aérea está, por seu lado, à beira de um ataque de nervos. Então não é que mais três coronéis pilotos aviadores vão passar à reserva, justamente agora que iriam comandar bases aéreas? E eram dos mais resistentes. O que fará um oficial de carreira querer trocar um comando de base por umas funções menores, desfasadas em grande parte daquilo a que estão habituados e se preparam durante tanto tempo? Toda a gente sabe estas respostas, mas ninguém as diz oficialmente.
E não se consegue enviar um médico para o Afeganistão. O primeiro, isto é a primeira ser nomeada arranjou maneira de concorrer às próximas eleições e passou à reserva. As duas seguintes pediram abate ao quadro e têm que pagar cerca de 100.000 euros cada, de indemnização. Consta nos mentideros que quem vai pagar a conta, vão ser os hospitais onde as duas oficiais médicas (ou será que se julgam só médicas?), estão a tirar a especialidade à custa da FA (!) pois pretendem que elas fiquem a trabalhar para eles. Conhecem algum adjectivo para qualificar este “negócio”?
E para quando, a AR vai mudar a lei que obriga os militares a passar à reserva para poderem concorrer a eleições que tem sido usada para vigarices do foro pessoal e profissional, ao passo que é uma lei discriminatória para os militares já que são a única classe profissional em que os seus servidores são obrigados a abandonar a carreira para se dedicarem à política. Será que também é de propósito? À atenção, outrossim, das Associações de Militares.
Enquanto tudo isto se passa o que faz o senhor pequenino que ostenta o título de Ministro da Defesa? Pois olhem, foi recentemente em visita oficial a Luanda com meia dúzia de acompanhantes num Falcon da FA. Pararam, à ida, em Accra para pernoita presumo que o Falcon não faz directo a Luanda, só pode. Pediu em seguida uma audiência ao Presidente Angolano, uma audiência que este não lhe concedeu, não interessa para o caso as razões (ou será que interessa?). Sabe-se que a comitiva decidiu antecipar a vinda para Lisboa, mas em vez de voarem de Falcon, meteram-se num avião da South Africa Airways, quero crer que em turística. O Falcon, esse pernoitou em Luanda e veio no dia seguinte … vazio.
Eu, por mim, não quero ajudar a pagar esta viagem do senhor ministro, e vocês ó contribuintes?
Será que é por estas e por outras que os nossos queridos representantes parlamentares querem diminuir as competências do PR em matéria militar?
João José Brandão Ferreira, TCOR/Pilav (Ref)
Lápis L-Azuli
Há 1 hora
4 comentários:
Caro João,
Felizmente ainda há quem assim pense e nos transmita valores éticos a que estávamos habituados! Mas, infelizmente, os ditos chefes castrenses cada vez mais castrados pelas pressões dos políticos nos desgostam com os seus maus exemplos! Que dizer da nossa hierarquia? Só desgraças... na maioria dos casos! Aqui e além ainda há bons exemplos mas cada vez mais são menos e isso desgosta-nos!
Um abraço.
Caro Luís,
Já tenho dúvidas que as virtudes militares tenham alguma vez sido aplicadas na generalidade dos casos. O ser humano sofre de fragilidades, graves, a sociedade não é perfeita e quem tem poder gosta de ser bajulado e cria ódios aos seus colaboradores mais racionais, competentes e frontais e amores aos sabujos, subservientes e «yess men». Talvez na vida castrense não fosse tão generalizado como na política, mas hoje a massificação da sociedade tornou a porcaria muito generalizada.
Repara na guerra para nomear um general para Bruxelas. Recorda nas tricas para nomear um Chefe de ramo ou das FA. Vê como se promovem generais e se deixam de promover coronéis. Alguém saberá explicar os critérios que levaram a essas escolhas exclusões?
Um abraço
João
Extinguir as forças armadas não me parece nada utópico.Pode não ser fácil.Sem um forte movimento cívico nesse sentido,os partidos políticos não vão tomar a iniciativa.
Porquê extinguir as forças armadas?
Entre muitas duas razões:
1-desde a s invasões francesas o território português nunca mais foi invadido e já lá vão 200 nos .
2-não temos inimigos que pretendam ocupar o nosso território.
E já agora mais uma:se por acaso fossemos invadidos,teria que ser por uma potência muito superior à nossa ,caso em que as nossa força armadas seriam inúteis ou até prejudiciais.
Numa situação desssas,só a rsistência populare a condenação do ocupante pela ONU poderiam valer-nos.
A história mostra que:vale tanto um homem em sua casa que mesmo depois de morto são precisos quatro para o tirar.(esta é do marquês de Pombal).
Faro Felisberto,
Obrigado pelo seu comentário relacionado com o caso nacional. O caso como se deduz do início do post, pretende ser uma sugestão para todo o mundo, principalmente as potências mais poderosas. É um apelo à negociação em vez do conflito, para se viver num mundo mais pacífico, confiante, colaborante.
As potências agem em função das grandes indústrias que vivem da guerra. Agora os EUA usam os drones e tudo leva a crer que estão a desenvolver sistemas poderosos mais devastadores do que as armas nucleares mas menos poluentes (não radioactivos) como os terramotos e as tempestades. Se as notícias sobres estas invenções são ficção, depressa serão realidade, como aconteceu com as ficções de Júlio Verne.
Um abraço
João
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