sábado, 20 de dezembro de 2008

PR com ex-combatentes deficientes

Transcreve-se artigo do Público sobre um dos temas inseridos na tensão entre os ex-combatentes deficientes e o Governo, como era referido no post Ex-combatente deficiente em greve de fome, aqui colocado em 29 de Novembro.


Cavaco Silva ao lado dos militares deficientes na luta por mais apoios do Governo
Público. 20.12.2008, Luciano Alvarez

O PR já tinha dado sinais de que não está de acordo com os apoios dados a esta classe. Ontem deixou-o claro.

Cavaco Silva foi ontem claro como água: está ao lado das reivindicações dos deficientes das Forças Armadas no confronto que estes mantêm com o Governo de José Sócrates. Numa visita à sede da Associação de Deficientes das Forças Armadas (ADFA), Cavaco fez mesmo algo que não é habitual nestas ocasiões. Tendo o secretário de Estado da Defesa, Mira Gomes, ao seu lado, o Presidente da República chamou-o para lhe dar conta das reivindicações dos deficientes. Os presentes aplaudiram vivamente. O governante não disse uma palavra.

A ADFA, que tem cerca de 15 mil associados, viu recentemente frustradas as suas expectativas na votação de duas propostas de alteração ao Orçamento de Estado de 2009, apresentadas pelo CDS-PP, que defendiam a reposição da assistência médica por completo e a actualização das pensões indexada ao salário mínimo nacional, que foram chumbadas pela maioria socialista.
Ontem, o chefe de Estado manifestou uma clara discordância com este chumbo dos socialistas, revelando que esta é outra matéria que o separa de José Sócrates. E disse-o várias vezes durante o seu discurso.

"A dívida de gratidão e o preito de homenagem para com aqueles que ficaram deficientes ao serviço da nação impõem prioridade no tratamento que lhes deve ser dispensado", começou por afirmar Cavaco Silva.

E se dúvidas houvesse nas suas primeiras palavras, salientou pouco depois: "Os que tudo deram ao serviço de todos nós têm de estar no topo das nossas preocupações. Mais do que um dever de Estado, é um imperativo de consciência reconhecer a excepcionalidade da situação que foi imposta a estes cidadãos."

"Um país sem memória é um país que não é digno da sua história nem merecedor do seu futuro", afirmou ainda o chefe de Estado, perante mais de 300 deficientes das Forças Armadas, chefias militares e deputados da comissão parlamentar de Defesa.

Admitindo que Portugal vive tempos difíceis, o Presidente voltou à carga no seu discurso, afirmando que "importa, contudo, assegurar o adequado apoio que os deficientes das Forças Armadas reconhecidamente merecem e impedir a degradação da sua condição social". E disse mesmo ser necessária "uma acção concertada dos vários departamentos do Estado" para apoiar os deficientes.

Cavaco Silva concedeu à ADFA o título de Membro Honorário da Ordem da Liberdade.
Antes, o presidente da ADFA, José Arruda, repetiu perante Cavaco Silva e o secretário de Estado da Defesa as reivindicações da associação, a maior parte na área da assistência à saúde, e lembrou que "há uma grande revolta" e uma "grande indignação". "Vamos vencer", acrescentou.

José Arruda lembrou que Cavaco Silva tem "dado desde sempre um grande apoio aos deficientes das Forças Armadas" e acentuou que também o chefe de Estado foi um combatente. "E os combatentes marcham sempre ao lado uns dos outros", acrescentou.

7 comentários:

Anónimo disse...

Caro João,
Ao ler este artigo fiquei duplamente sensibilizado! A primeira pela frontalidade do PR na defesa dos combatentes deficientes e a segunda pela falta de atenção e respeito que os (des)governantes têm demonstrado na solução deste caso que nunca deveria ter chegado a esta situação!

A. João Soares disse...

Amigo Luís,
Seria bom que o PR tomasse atitudes como esta, por sistema. Mas temos que ser realistas. Ele agora está ressaibiado com o PS por causa do Estatuto dos Açores e, por isso, toma destas atitudes!
Estas palavras que agora disse teriam muito mais valor se fossem ditas sistematicamente com método constante.
Enfim, é a política que nos oprime, de forma constante,mas com variações na exteriorização.
Abraço
João

Anónimo disse...

Amigo João,
Tens toda a razão no que dizes mas, apesar de tudo, sempre mais vale tarde que nunca!!!! Esperemos que o seu "ressabianso" lhe dê para começar a insistir na correcção dos problemas que até agora têm estado ignorados.....

A. João Soares disse...

Amigo Luís,
Se dúvida que tens razão. E é preciso qe as pessoas aproveitem esta situação e lhe dêem estímulo para ele intervir. Aproveitar da melhor forma um momento favorável não é oportunismo, mas sim inteligência!
Um abraço
João

Anónimo disse...

Estes anos todos depois, sem nunca ter resolvido de vez o problema, talvez esperar mais uma década, década e meia, tudo estará definitivamente resolvido. Pelo tempo.
Que custaria ter pegado numas parcelas de tantos dos antigos regimentos, muitos deles agora em vias de ficar vazios, e ali adaptar alguns espaços para recolher e tratar decentemente muitos dos deficientes de guerra sem posses pessoais para se tratarem, como lares?
Ou ter-lhes de facto facilitado o acesso aos hospitais e centros de saúde e aos medicamentos, para além de tantos discursos de circunstância, alguns diplomas legislativos irrelevantes do governo e AR, com as chefias militares a assistirem serenamente e desobrigadas?
Foi agora a vez do PR. Nas dinâmicas política e mediática actuais, um alarme para funcionar dois ou três dias. Para tudo voltar ao mesmo.
Tenho transmitido a alguns elementos das associações uma forma de ajudar a resolver certos impasses. Mobilizem-se, listem umas dezenas ou centenas de associados, familiares e amigos. Quando de uma qualquer futura campanha eleitoral, joguem com essas centenas de milhares de votos.
Como dizia uma personagem, mulher do povo, no filme “Nascimento de uma nação”, EUA, ao ouvir falar na novidade de passar a haver eleições no seu Estado. «E o que ganho eu com isso? Se não ganhar nada com isso, também não me interessa o voto»
BM

A. João Soares disse...

Caro BM,
Aponta soluções que não seria difícil serem implementadas. Mas os generais nada fazem em benefício dos militares, ou porque não precisam de apoio social, ou porque terão prioridade em relação «à plebe». Por outro lado os militares não podem ter sindicato nem fazer manifestações ou greves. E o resultado esta à vista.
Em Oeiras, entre os internados, é grande a percentagem de generais. Mas talvez seja a percentagem normal, por haver quase tantos generais como soldados!!!
De qualquer forma é muito estranho que os sucessivos ministros da Defesa não tenham pensado nos deficientes. No tempo da monarquia foi criado o edifício de Runa para os inválidos de guerra. Mas, nestes últimos 30 anos nada se preparou para os apoiar.
Será isto defeito da democracia?
Abraço
João

Anónimo disse...

Caro João,
Não é defeito da Democracia, pois o que temos tido até agora tem sido um "REGABOFE" porque quem está no poder só lá está para se "governar" e nada mais....