Os nossos comentadores costumam citar como exemplos de desenvolvimento rápido a Irlanda e os Países Nórdicos do continente, mas em conformidade com a entrevista dada ao Jornal de Notícias por Emilio Pérez Tourinõ, 56 anos, profundo conhecedor da Galiza, tendo como professor universitário feito numerosos estudos sobre a economia e a sociedade galegas e sendo presidente da Junta da Galiza desde 29 de Julho de 2005, a Galiza, aqui tão perto, tem a economia a crescer a um ritmo invejável, orgulhando-se da sua pujança, e sendo um bom exemplo a seguir.
A Galiza está a crescer, há seis semestres seguidos, acima do resto da Espanha e mesmo da média europeia para o que, segundo ele, «existem vários elementos fundamentais. O primeiro é o clima de estabilidade e confiança. Propiciámos um marco de acordo e diálogo social. Essa foi a primeira tarefa que propus quando cheguei ao Governo. Convocámos os representantes dos empresários e todas as centrais sindicais e propusemos-lhes criar uma mesa estável e de diálogo social. Delineámos o objectivo de, em um ano, chegar a um acordo pela produtividade e o emprego da economia galega, com uma série de reformas e de medidas concertadas. Creio que esse clima foi alcançado.
«O segundo elemento é que, nos últimos anos, a economia galega conheceu uma modernização infra-estrutural significativa, no que toca à qualificação dos seus recursos humanos. Existem três universidades e há um nível de qualificação elevado. Eu dou um valor singular, no ranking da importância, à educação e à formação.
E, em terceiro lugar, considero que se gerou um núcleo de potentes investidores, de líderes empresariais…nos sectores automóvel, das pescas, agro-alimentar e de transformação de rochas ornamentais.»
As exportações galegas estão a crescer 17 por cento, «não apenas em quantidade. A componente das exportações que gera valor acrescentado está a ganhar muito peso. As exportações que incorporam valor acrescentado e uma componente média/alta do ponto de vista tecnológico são 25% do bolo total. E estamos a ganhar em produtividade. No último ano, a economia espanhola não teve crescimento de produtividade, mas a Galiza cresceu um por cento. Nos últimos dois anos criou-se 64 mil empregos. E estamos a reduzir a precariedade, que era um dos nossos maiores problemas. Crescíamos precarizando o trabalho - e isso não é bom socialmente, nem economicamente.»
«Os nossos motores de crescimento são a educação e a inovação. Há que vencer o desafio da produtividade da economia. Este é o objectivo central de toda a política económica. E não há outro remédio senão melhorar o capital humano e tecnológico. Quando tomei posse neste Governo planeei um crescimento de 20 por cento para a Educação em quatro anos. Praticamente, em dois anos, alcançámos esse objectivo. Estamos a qualificar a fundo os nossos recursos. O outro elemento fundamental é melhorar a nossa capacidade de investigação e de inovação. O desenvolvimento tecnológico. Pusemos em marcha dois grandes planos, cada um dotado de 800 milhões de euros. Um tem a ver directamente com a investigação e inovação e o outro com o acesso à sociedade do conhecimento, a extensão da banda larga a toda a geografia galega. Estamos a criar instrumentos potentes e inovadores nesse sentido.»
Para criar projectos foi já criada «uma sociedade de investimento, em que estão as três principais financeiras e os principais empresários, que nasce com um fundo inicial de 100 milhões de euros destinado a seleccionar projectos de investimento que gerem alto valor acrescentado à nossa economia. Queremos projectos singulares que actuem como motores, como elementos dinamizadores.»
Deixo aqui apenas este aperitivo. Quem desejar ler a totalidade da interessante entrevista encontra aqui.
segunda-feira, 25 de junho de 2007
Galiza - um modelo de desenvolvimento
Publicada por A. João Soares à(s) 15:45
Etiquetas: desenvolvimento, ensino, Inovação
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