Da leitura do artigo «Desemprego sobe para nível inédito», e deste e deste, fica a saber-se que o Instituto Nacional de Estatística (INE), contrariando uma série de outros indicadores económicos, apurou que a escalada do desemprego em Portugal não pára e que este flagelo atingiu no primeiro trimestre deste ano 8,4% da população que se encontra disponível para trabalhar, contra 8,2% no trimestre anterior. Segundo as suas estimativas, são 469,9 mil desempregados, mais 11 mil do que no trimestre anterior e mais 40 mil do que no mesmo período do ano passado. Seria preciso recuar a 1986 para encontrar níveis de desemprego semelhantes.
Desde 2000 até agora, a população que está disponível para trabalhar aumentou em 379 mil, enquanto o número de empregados subiu apenas em 115 mil. Resultado? A população desempregada disparou 128%, com mais 264 mil pessoas sem emprego. Foi precisamente isto que se passou nos primeiros três meses deste ano. Dos 49 mil novos "activos", apenas nove mil estão empregados, enquanto os restantes 40 mil se juntaram ao longo rol de desempregados que agora ascende a 469,9 mil. Alguns partidos consideram tratar-se de "uma catástrofe", que prova a "governação falhada" de Sócrates.
Os números revelados foram alvo de críticas e de incompreensão, pelo Governo que, desta forma, colocou em dúvida a credibilidade do INE. Vieira da Silva, ministro do Trabalho, disse à Lusa partilhar da preocupação geral com o desemprego, mas desfiou números "que mostram um sentido contrário". Perante esta e outras faltas de confiança neste organismo público, pergunta-se porque não o eliminam, contribuindo assim para a luta contra a obesidade inútil do Estado? Poupavam-se os custos do seu funcionamento e o desgaste nestas polémicas degradantes da imagem do Estado.
Igual estupefacção conduz à incompreensão da não eliminação do Tribunal de Contas que gerou controvérsia acerca do número de contratos de assessores do Governo, calculado com base em números apresentados por este, mas que este contestou lesando a boa reputação de um órgão que deve ser prestigiado. O mesmo se passou em relação ao serviço de informática do ministério da Justiça que se mostrou incapaz de gerir o «site» do ministério, o que obrigou o ministro a contratar os serviços da licenciada Susana Dutra para essa tarefa! Porque não se eliminam os serviços que são ineficazes? Que só lançam confusões? que criam dificuldades aos governantes?
Não estará longe a data em que os governantes matam o mensageiro de más notícias, e destroem os serviços que são rigorosos, substituindo-os por amadores «fiéis à voz do dono» recrutados de entre familiares, amigos e confrades dos paridos do Poder. E depois passaremos a ser elementos do terceiro mundo, sem qualquer subterfúgio, dúvida ou ilusão
Mas, a realidade parece ser outra, existindo obesidade verdadeiramente inútil e nefasta não nestes organismos, nas sim nas volumosas assessorias, caras ao erário e que apenas têm a vantagem da luta contra o desemprego de protegidos que, sem essa protecção de familiares, de amigos e dos partidos, se arriscariam a vegetar como derrotados persistentes no mercado de trabalho.
Leituras sobre o tema:
Desemprego sobe para nível inédito
Desemprego ao nível mais alto da década
Cenário melhora no Norte e Lisboa
sábado, 19 de maio de 2007
Estado com obesidade inútil?
Publicada por A. João Soares à(s) 10:06
Etiquetas: assessores, emprego
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