Na sequência de notícia de ontem, em que se anunciava a reivindicação da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), aproveitando a visibilidade concedida pela Presidência portuguesa da EU, o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, com a sua já conhecida clarividência, alertou o Governo para a necessidade de dar prioridade ao apoio aos deficientes militares.
Segundo este respeitável político e ex-ministro da Defesa, "é uma obrigação do Estado, acima de qualquer outra" desenvolver políticas de apoio aos que, no "cumprimento das suas obrigações militares", ficaram com deficiências físicas e psicológicas para toda a vida, como declarou no 33.º aniversário da ADFA em Lisboa.
Importa ter "a noção clara de que se está verdadeiramente perante a excepção das excepções", insistiu Jaime Gama. "Sabendo que há reestruturações em curso, que os recursos financeiros são escassos, temos que ter noções claras sobre os princípios, prioridades e hierarquias" das políticas a definir e aplicar pelo Estado em matéria de solidariedade social, salientando a prioridade que o apoio aos deficientes militares deve ter sobre as próprias pensões de sangue ou sobrevivência.
"Há um dever de reparação a quem, por dever, sofreu essas incapacidades" físicas e psicológicas, além de que os veteranos de guerra "não querem um tratamento de privilégio, mas de igualdade, de repor a igualdade" de quem ficou marcado para sempre ao serviço do país, referiu ainda Jaime Gama, colocando ao nível do Estado um tema que nos últimos anos tem servido de bandeira político-partidária (nomeadamente pelo CDS/PP de Paulo Portas). "Portugal não vos esquecerá, o vosso exemplo é um exemplo de grande dignidade", garantiu o presidente do Parlamento a algumas dezenas de sócios da ADFA e perante chefes militares, deputados e membros do Governo.
Ao elogiar o papel moderado da ADFA enquanto "interlocutor válido" do poder político, Jaime Gama procurou marginalizar também as posições mais radicais de estruturas - como a Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra - que há um mês anunciou protestos públicos durante a presidência portuguesa da UE, para "mostrar à opinião pública europeia o desprezo dos governantes pelos antigos combatentes".
Esta posição do Presidente do Parlamento mostra estar esclarecido de quanto este assunto é importante para a dedicação e o entusiasmo daqueles que o Governo tem enviado para missões arriscadas no estrangeiro, com uma missão que não é a defesa de Portugal como o foi a da guerra em África, mas é a imagem do País defendida de forma mais arriscada e diferente dos diplomatas cuja arma é um copo numa mão e um croquete na outra. Esses militares, em Kandahar e outros teatros de conflito, devem sentir com fundamento que terão adequado apoio se algo de grave lhes acontecer.
O dia mais longo do ano
Há 1 hora
2 comentários:
Alertou. Pois. Falta o resto.
Bom dia e um abraço,
Caro Pinto Ribeiro,
Realmente foi apenas um alerta. Muitos alertas têm sido feitos nas páginas de blogues e na imprensa e são precisos muitos mais. Porém este vindo do segundo homem da hierarquia do Estado, tem um significado especial.
Jaime Gama tem esse mérito, de ter tido a coragem de se expressar a favor de uma situação grave que é o desprezo do Estado por quem tudo arriscou para o servir, fazendo assim uma crítica à passividade dos governantes.
Oxalá o Governo perceba o problema, o que não será fácil dada a intencional obtusidade dos político, em geral para estes casos. Esperemos e vamos fazendo eco das palavras de Gama.
Abraço
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