quinta-feira, 3 de maio de 2007

Diploma de Sócrates investigado

Diploma de Sócrates investigado em processo-crime autónomo
By Licínio Lima, Diário de Notícias

A licenciatura em Engenharia Civil de José Sócrates vai ser investigada em processo judicial autónomo, à parte de outros inquéritos criminais relacionados com a Universidade Independente (UnI), apurou o DN. As investigações irão decorrer no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), dirigido por Cândida Almeida. A decisão, conforme foi noticiado ontem pelo DN, partiu do procurador-geral da República, Pinto Monteiro.

Este é o culminar de uma polémica em torno do diploma em Engenharia Civil do actual primeiro-ministro, que estava a passar ao lado das autoridades judiciárias, preocupadas, sobretudo, com as investigações em redor dos alegados crimes financeiros na SIDES, a sociedade proprietária da UnI. Várias vezes Pinto Monteiro foi instado a esclarecer se iniciaria ou não uma investigação à referida licenciatura, tanto mais que a PGR já tinha recebido inúmeras queixas - uma a 9 de Março, por iniciativa do advogado José Maria Martins, defensor de Carlos Silvino (Bibi), principal arguido do processo Casa Pia, e outras anónimas. Se numa primeira fase o PGR começou por afastar a oportunidade da abertura de qualquer investigação, a pouco e pouco foi cedendo nas suas posições, acabando por admitir que estaria disponível para determinar todas as investigações solicitadas. Na segunda-feira, anunciou, finalmente, que todas as denúncias e documentos remetidos àquela procuradoria e relacionados com a UnI seriam entregues à procuradora-geral adjunta, Cândida Almeida.

No DCIAP, por norma, é investigada a criminalidade mais grave e, sobretudo, a que envolve mais do que um Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP). No caso, surge implicado o de Lisboa, onde José Sócrates diz ter terminado a licenciatura, na UnI, mas também o de Coimbra, onde frequentou algumas cadeira do curso, nomeadamente no Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.

Recorde-se que, em entrevista ao DN, um dos professores da UnI, António José Morais, que leccionou quatro cadeiras a José Sócrates, garantiu que o diploma é tão legal como o dele próprio.

NOTA: Em conformidade com «Finalmente: o Dossier Sócrates vai ser investigado no DCIAP» em «Democracia em Portugal?», a investigação que agora se abre:
não é apenas o caso Independente - a inscrição;
o certificado do ISEL (quando foi pedido e passado);
as equivalências;
a frequência e aprovação nas quatro cadeiras do Prof. Morais;
a frequência e aprovação na cadeira de Inglês Técnico;
a data de conclusão da licenciatura;
os vários certificados de licenciatura discordantes - que tem de ser investigado.
É o percurso académico do primeiro-ministro;
a sua utilização do título de engenheiro ("estou aqui só como engenheiro e como político"), além de outras referências
e do próprio decreto de nomeação do Governo pelo Presidente da República...);
a questão das fichas biográficas na Assembleia da República;
os certificados de licenciatura, nomeadamente os da Covilhã, inclusivamente aquele de 26-8-1996 com indicativo "21" que só foi criado em 31-10-1999;
e as suas promoções na Câmara Municipal da Covilhã com base nesses documentos.

3 comentários:

Bernardo Kolbl disse...

Era tempo se der em qualquer coisa.

SÓNIA P. R. disse...

Somos todos poucos em insistir no assunto.
Bom fim de semana.

A. João Soares disse...

Cara Sónia,
Por sermos poucos não se pode dispensar a colaboração de ninguém. Todos somos obrigados a mostrar a nossa indignação, a não nos resignarmos, não nos conformarmos com a desgraça. Em democracia temos voto na matéria. Não é apenas no momento do voto, temos que em cada momento ir formando opinião, e trocarmos impressões com amigos, correspondentes de e-mail, fazer comentários em blogues, enfim, participar na vida do País.
Beijinhos
João