segunda-feira, 5 de abril de 2010

Código de conduta

Havia uma canção brasileira que tinha esta frase «Se eu era fraco, meu bem, ficava louco». Pois posso dizer que, se fosse fraco, ficava vaidoso. É que dos elementos da equipa do mentor político de Pedro Passos Coelho alguém concordou com a minha sugestão apresentada em 30 de Agosto de 2008 no post «Reforma do regime é necessária e urgente» em que referia a conveniência de «um pacto de regime com um código de conduta assinado por todos os partidos em que fiquem bem claros princípios de comportamento dos governantes e das oposições».

Com efeito a notícia «Passos Coelho propõe código de conduta ética para políticos» é o aproveitamento dessa ideia, que depois da formulação inicial atrás citada, já tinha sido reafirmada nos posts «Código de bem governar», «Ética na Política» e «Para um código de conduta dos políticos».

Já que a ideia foi agora aproveitada, sugiro que seja devidamente estruturada por uma equipa pluripartidária constituída por cidadãos que coloquem os interesses nacionais acima dos interesses partidários, de maneira que o código seja aceite e praticado por todos.

Por exemplo tem sido escandaloso um Governo parar obras iniciadas por outro, com total desperdício dos recursos já gastos. Por isso seria interessante que os grandes projectos só fossem decididos de forma que governos seguintes lhes dessem continuidade. Isso se passa com reformas na Saúde, na Educação, na Justiça, na Segurança Interna, nas Forças Armadas, na Administração Pública, etc. Não se compreende que se desmantele a Brigada de Trânsito e pouco tempo depois se considere sensato reactivá-la.

13 comentários:

Roberta de Souza disse...

Brasil e Portugal estão numa enrascada de poítica suja do caramba né.

bj

A. João Soares disse...

Querida Beta,

Parece que a civilização actual está em degradação e o egoísmo, a ambição, a ostentação, numa embalagem de aparência e vacuidade, produz políticos, incompetentes, pouco honestos e incapazes de gerirem um quiosque e, por isso, muito menos de governar um País com milhões de habitantes, que vivem sem esperança no amanhã.
Infelizmente, não é apenas em Portugal e no Brasil. Veja a Guiné-Bissau, a República Sul Africana, a República Democrática do Congo, etc.

Beijos
João

Mentiroso disse...

Tudo palavreado para lograr os papalvos. Qual código de conduta? Qual ética? Nada disso faz falta. Só banha para baralhar as pessoas aproveitando a sua incapacidade de pensar e reflectir. A simplicidade é sempre o caminho mais seguro. Que sejam civilizados e honestos, que sigam os verdadeiros valores em lugar de só quererem roubar. Enfim, resumindo, que sejam dignos de seres humanos civilizados em lugar dos trogloditas e vigaristas que são.

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso,

Os seus preceitos são ideais, mas a própria sociedade gera este tipo de monstros que não podem ser muito diferentes do meio de onde surgiram. E a sociedade não se modifica de um dia para o outro.
Um decálogo para os lembrar dos seus deveres e para servir de ponto de referência para a escala de avaliação de desempenho por parte dos cidadãos que pensam e estão mais atentos, serviria para facilitar o caminho para «serem mais civilizados e honestos», coisa que muitos não sabem o que é!

Um decálogo, ou lista de preceitos mais ou menos simples ou numerosos, não lhes faria mal e, pelo menos no momento da elaboração e aprovação, faria pensar qual seria o bom rumo para Portugal.

Um abraço
João

Mentiroso disse...

a sociedade não se modifica de um dia para o outro

Correctíssimo, e é por isso mesmo que esse palavreado só pode ser balofo e falso.

As bases do que eles nos querem enrolar são as que ficaram atrás: civismo, honestidade princípios e valores. Como nada pode mudar essas características (porque o são) a não ser o meio em que as pessoas são educadas e esse já foi por eles passado em vão (como o demonstram) e a sociedade não se modifica de um dia para o outro, o que ladram não pode passar de banha da cobra. Uma mísera alternativa seria legislação apertada que os punisse, mas a isso nem se arriscam e como se vê mantêm a impunidade. Ora, à falta de melhor, seria isso que quereríamos ouvir, mas isso não ouvimos e o resto não são balelas porque convencem os estultos espertalhaços a votar neles.

Luis disse...

Caro Joâo,
Gostei deste post e por isso mesmo teleportei-o para a Tulha.
A pesar de alguém achar que é só palavreado há que começar a fazerem-se correcções a este estado de coisas por forma a irmos melhorando o Mundo ainda que seja "pouco a pouco"!!!
Um abraço amigo.

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso,

Compreendo as suas preocupações. Mas não vejo nas suas palavras uma linha estratégica clara e aplicável da qual se esperem os resultados desejados.

Não gosto de meter a religião nas análises políticas, mas consultando a Bíblia no antigo testamento, mais propriamente no n.º 20 Êxodo, encontram-se referidos os dez mandamentos. E, neste processo, a religião comporta-se como uma associação ou um partido que pretenda formar e orientar as populações para procedimentos desejados.

Isto convence-me que um código de ética política, que pretenda a convergência de vontades e recursos para um fim elevado em benefício de um Portugal mais moderno e desenvolvido e com justiça social, aceite por uma camada alargada da sociedade civil e política, seria um passo decisivo para a transformação da sociedade, tornando-a mais interessada e dinâmica.

Não se trata de pensamento único, ou ditadura mas de normas genéricas como, por exemplo, a obrigação de o Governo não tomar decisões de efeito prolongado sem ouvir os partidos da oposição, a fim de evitar que numa mudança de Governo voltasse tudo atrás, com prejuízos de vária ordem.

Dado esse passo, depois viriam muitas medidas convergentes para os fins que o amigo defende nos seus escritos de grande mérito.

Um abraço de muita consideração
João

Pedro Coimbra disse...

Dou o benefício da dúvida à iniciativa.
Mas confesso o meu cepticismo acerca da mesma.

Mentiroso disse...

Caro A.J.S.,

Sentimentos, carácter, bons costumes, honestidade, honradez e outras características, qualidades aprendidas e inculcadas pela sociedade, pelos pais e tradições não são substituíveis por regulamentos escritos. Crê-lo é uma utopia ingénua cujos resultados se conhecem.
Se não acreditar espere para ver a perda de tempo em esperanças vãs – mezinhas para dar tempo e manter tudo mascarado, continuando eles com a bocarra cheia da palavra «democracia», atirando-nos areia aos olhos.
Só regras rígidas de controlo dos políticos pelo povo podem produzir resultados, assim como o que tenho escrito por todos os lados, até mesmo aqui. Temos ou não temos os exemplos nos outros países? Vamos acreditar em experiências cujos resultados já são sobejamente conhecidos?

A. João Soares disse...

Caro Pedro Coimbra,

O cepticismo é capaz de ser realismo!!! É lógico que nenhum deles queira realmente limites e condicionamentos que lhes tolham as liberdades ilimitadas a que se habituaram. No início do governo anterior, o ministro Silva Pereira disse aos microfones da TV que: «O povo deu-nos a vitória para nós governarmos como desejarmos». Isto dá razão a quem diz que estamos em ditadura a prazo de 4 anos renovável.

Um abraço
João

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso,

Os valores morais e éticos que refere não podem ser substituídos por regulamentos ou códigos escritos, mas estes, contendo normas de resolução de problemas, podem ser uma base e um estímulo à concretização de tais virtudes. Haver um mandamento que diga «Não roubarás» não impede, antes pelo contrário, que se seja honesto e respeitador da propriedade alheia e do dinheiro público.

Uma boa norma a inserir nesse código seria que os destinos de Portugal devem ser a principal preocupação de governos e oposições. Que reformas e investimentos com efeitos de longo prazo devem ser decididas apenas depois de análise e discussão entre todos os partidos. Que a oposição, em vez de apenas entravar o Governo deve apresentar projectos de lei que podem vir a ser aprovadas no Parlamento e transformadas em lei, etc. etc.
Isto não impede, antes pelo contrário, a aplicação do civismo e de outras virtudes louváveis.
Mas, como disse no comentário anterior, isto poderá desagradar aos interesses partidários, que erradamente são colocados acima dos interesses nacionais.
Aprecio as suas opiniões, mas por vezes tenho dificuldade em compreender a sua aplicação prática condicionada pelas realidades que suportamos.

Um abraço
João

José Pires UM SER LIVRE disse...

Um grande abraço AMIGO.

A. João Soares disse...

Caro José Pires,

Muito obrigado pela visita e pelas palavras simpáticas.

Um abraço
João