quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Energias alternativas. Poupança

Transcrição de interessante post de Fernanda Ferreira que demonstra a necessidade de coerência e abrangência nas políticas do aproveitamento das energias alternativas, em toda a sua dimensão, evitando limitar-se apenas a casos em que haja interesses parcelares.

Cogeração – Poupança Energética a Passo de Caracol

Na nossa pequena cidade, chamada Vila Nova de Famalicão, temos um dos melhores exemplos de poupança energética do País: a Continental-Mabor. O sistema utilizado é a cogeração. A cogeração é o reaproveitamento das energias utilizadas na produção.

A Mabor tem um rendimento 50% superior a qualquer outra indústria, associada na Cogen, ou seja, enquanto as outras conseguem um rendimento na ordem dos 30% de energia, em média, a Mabor consegue 80% de rendimento. Sabendo que para isso, é única a utilizar turbinas de avião e pessoal inteiramente especializado. Com este exemplo único, neste nosso rectângulo à beira mar plantado, já podemos orgulhar-nos de algo. O que quer dizer, que a Mabor Continental evita, por ano, 6 toneladas de CO2, 20% na factura de gás natural e ainda vende a energia restante, à rede nacional de electricidade.

Foi pioneira obtendo acesso, ou direito a esta rede nacional em 2005. Posteriormente outras se lhe juntaram, dando nome à associação COGEN. Indústrias como as cerâmicas, têxteis, alimentar e até centros comerciais, onde os gastos energéticos são elevados, fazem parte desta associação.

O que não se admite, é que desde 2006 a iniciativa da COGERAÇÃO, tenha estagnado por completo. Mais PME´s se lhes querem juntar mas o acesso à Rede Nacional, o Direito de Interligação, está vedado por completo, devido às novas directivas Europeias emitidas em 2006, vejam bem, em 2006! temos na TSF, a entrevista onde explica por completo o problema da COGERAÇÃO em Portugal. Até hoje e passados três anos, o Ministério do Ambiente e o Governo nada fizeram. Aquele Governo, que se diz completamente virado e dedicado às energias renováveis!

Mais um exemplo, do que está ainda por fazer neste País. Um exemplo, onde mais uma vez as Médias e Pequenas Empresas, foram completamente postas de parte, onde se preferiram as aeólicas, hídricas, para benefício das gigantes internacionais como Iberdrola, Gamesa e nacionais como a EDP. Como sempre beneficiam-se as Empresas estrangeiras, em detrimento das Empresas portuguesas. Ouvi também, que todos os esforços foram feitos, por parte da TSF e COGEN, para que um representante do Ministério do Ambiente, estivesse presente nesta entrevista, nem sequer resposta mereceram... é para verem como estão interessados , os políticos, em satisfazer as necessidades dos cidadãos. Nunca é demais e ainda por cima, em época de eleições, denunciar a hipocrisia dos nossos governantes, no que concerne à ecologia.

Outra matéria que gostaria de mencionar, é que os grandes Lobbies, EDP, GALP, BES, já tomaram para si, este tão melindroso tema: A SUSTENTABILIDADE, como se fossem os salvadores das Espécies e do Planeta, esquecendo-se porém, que andam aí portugueses, de menor "envergadura" económica, a gritar para o vazio e a ouvir apenas o seu próprio eco! Querem colaborar e todos os acessos lhes são vedados. Isto, é que é preciso denunciar!

Sr. Ministro, ouça a voz dos que querem participar, para melhorar a qualidade de vida do nosso País, como a COGEN, que segundo a TSF, só terá a 12ª conferência com o Poder Político em Novembro, (do ano que passou!) sem esperança à vista, de que façam algo para, que possam aceder à Interligação da Rede Nacional. E acertaram! Até hoje!... Nada! Mesmo agora, (2009) que vai ser construída uma fábrica, de componentes aeronáuticos, no Alentejo! Uma forma eficaz de poupar energia e criar postos de trabalho! Vamos deixar entrar uns raios de sol no nosso País, sim?

TSF : "Mais Cedo Ou Mais Tarde" entrevista em 6 Junho 2008 - Cogeração
Publicada por Fada do bosque no Blogue sustentabilidade não é palavra é acção

4 comentários:

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Amigo João,

Infelizmente nem as políticas nem os políticos, mesmo em período eleitoral, se lembram das PMES.

Há coisas que são para mim completamente imcompreensíveis...
Só neste País!

Beijinho

A. João Soares disse...

Querida Amiga,

Teoricamente, a Democracia é o governo do Povo, para o Povo, o que não é fácil de concretizar. Por isso o Povo não deve abdicar do poder que tem e reclamar, da forma mais eficaz.
Somos dos Países em que menos se reclama e, muitas vezes as reclamações são feitas de forma desajeitada e, por isso sem obter eficácia. As empresas têm poder e utilidade na economia do País e, por isso devem fazer-se ouvir de forma adequada, a fim de ser conseguida tal utilidade para o bem colectivo.
Aos governantes falta competência para elaborar planos de longo prazo, bem estruturados, coerentes e, depois, programarem a sua implementação e controlarem a eficiência como são realizados, introduzindo os necessários ajustamentos a fim de os objectivos serem plenamente atingidos. Não basta fazer afirmações comicieiras, de propaganda, sem preparar a realização.

Um abraço
João

Unknown disse...

Caro A.João Soares

Lendo a sua resposta à Fernanda senti como se estivesse falando do Brasil ...o discurso dos políticos é muito envolvente no período pré-eleitoral, depois ...às favas os eleitores.

Sempre defendemos a elaboração de um Plano Diretor Nacional em todas as áreas que tivesse uma margem de manipulação política mas que não pudesse ser alterado em seu eixo, mas isso não interessa aos políticos de plantão

Abraço brasileiro
Carlos Bastelli.

A. João Soares disse...

Caro Carlos Bastelli,
Compreendo esta sua sugestão e, embora com um nome diferente, coincide com a ideia aqui proposta em Código de bem governar.
Com ele se pretendia que as grandes decisões nacionais fossem preparadas com a colaboração dos partidos da oposição, a fim de serem continuadas após substituição do governo que lhe deu origem.
Mas, por cá, os partidos torpedeiam tudo o que o Governo pretende, mesmo que depois quando tomarem o poder as coloquem em prática. Gladiam-se sem olharem aos prejuízos para o País. Mas quando se trata de algo benéfico para as politiquices de todos os partidos não hesitam em se colocar de acordo, como aconteceu com uma lei de financiamento dos partidos que facilitaria lavagem de dinheiro, corrupção e enriquecimento ilícito, mas, felizmente, essa lei foi vetada pelo PR.
Há falta de sentido de Estado, de sentido das responsabilidades e de patriotismo por parte da generalidade dos políticos, que pensam prioritariamente no enriquecimento pessoal e na conquista de votos para o seu partido.
Não são pessoas recomendáveis para serem nossos amigos.

Um abraço
João