domingo, 10 de agosto de 2008

É precisa mais segurança nas varandas

A Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI), critica a inexistência de normas técnicas nacionais e específicas que obriguem os construtores

a salvaguardar as crianças das quedas de janelas e varandas. E baseia-se no facto de a maioria das varandas das casas portuguesas não serem seguras para as crianças, ao ponto de este ano já delas terem caído seis crianças e tendo havido 13 acidentes deste género em 2007. Estão a ser preparadas regras que serão obrigatórias na construção civil.

"Nenhum adulto está sempre a olhar para a criança, ainda mais em casa, onde as pessoas estão distraídas", pelo que, mais importante do que apelar ao reforço da vigilância dos pais, é preciso garantir a segurança das infra-estruturas. Tudo deve ser feito para proteger seres ainda indefesos.

Depois de ler o post «manta de retalhos» , da autoria da Amiga Mariazita, em que é feita uma comparação muito elegante e subtil das condições de há sete décadas com as de hoje, sinto-me tentado a recordar alguns aspectos diferentes na preparação das crianças para a vida, no que à segurança e precaução diz respeito. Ao contrário de hoje, as crianças viviam muito na companhia de familiares e com eles aprendiam a livrar-se de perigos.

Lembro-me de um carreiro de pé posto, que passava a um metro de um poço de rega com vários metros de profundidade. Se uma criança lá caísse não escaparia de morrer afogada, ou de traumatismo e, no entanto, nunca se ouviu que tal acidente tivesse ocorrido. Anos depois foi generalizada a precaução de vedar a aproximação de poços ou a sua cobertura, mas esta, degradando-se com o tempo podia passar a ser uma armadilha, por deixar de ter a robustez esperada. Também a proximidade dos carros de bois e de outras situações com algum risco eram devidamente medidas e nenhuma criança se sentia tentada a passar além das precauções que lhe foram ensinadas.

As crianças, ao mesmo tempo que iam aprendendo a andar de gatas e depois a andar sem amparo, tomavam também conhecimento das realidades ambientais, com o apoio de familiares e vizinhos. Porém, o calendário não pára e outros tempos vieram em que as crianças não podem usufruir do ensino permanente dos crescidos e, mesmo nos infantários, pouco lhes é ensinado de prático e útil para gerirem a sua vida, para enfrentarem dificuldades ou perigos. A evolução social nem sempre evolui pela melhor via. Foi nesse ambiente rural, que há pouco mais de vinte anos, ouvi uma menina citadina já com mais de 10 anos perguntar se as batatas nasciam na adega.

Perante estas alterações da tomada de conhecimento pelas crianças dos perigos que as espreitam e da impossibilidade de lhes serem criados hábitos adequados de prevenção e de preocupação com a segurança, a APSI está no bom caminho ao preparar e propor medidas eficientes para a segurança das varandas em relação aos perigos de queda de crianças.

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