A notícia que em baixo se transcreve diz que a área ardida duplicou em relação à de igual período de 2007. Trata-se de uma notícia inesperada e pouco credível dado que ainda não se esvaiu da memória o que foi dito por governantes da área da Administração Interna e da Protecção Civil. Até fins de Maio, tudo estava muito claro, muito bem definido, convencendo-nos de que este ano iriam ocorrer poucos ou nenhuns incêndios florestais e os que surgissem seriam extintos de imediato, sendo reduzidas as áreas ardidas. Afinal chega agora esta notícia!
Sintomaticamente, os argumentos da propaganda optimista e virtual do Governo assentavam no volume das verbas atribuídas a diversos sectores da prevenção e do combate. Mas a realidade tem mostrado, nesta e noutras áreas, que nada melhora em consequência de palavras de propaganda e que o dinheiro, só por si, não evita incêndios nem os apaga. São precisas medidas concretas e estas estão fora dos limites das capacidades mentais dos políticos. Elas só podem partir de cabeças esclarecidas de técnicos com prática de acção no terreno e, infelizmente, esses não são ouvidos atentamente pelos governantes. Estes, com toda a arrogância de que se servem para camuflar a sua ignorância, carecem de paciência e humildade para ouvir com atenção as sugestões de quem sabe, interrompendo-os para os convencerem de que quem sabe é o detentor da tutela.
E, sem medidas bem estudadas, planeadas e programadas, o dinheiro esvai-se, e a floresta continua a desaparecer a ritmo acelerado, aumentando 100% a área ardida em relação a 2007!
As causas atrás apontadas, assentando na incapacidade de governantes e na falta de abertura para ouvir quem sabe do assunto é, infelizmente, generalizada, como se tem visto nas áreas da Segurança Interna, da Defesa, da Educação, da Saúde, da Justiça, etc.
Os políticos, mesmo sem terem uma preparação específica - o que é compreensível –, não estão dispostos a ouvir os especialistas dos diversos sectores da vida nacional e, por isso, o País sofre, enfraquece, ao lado de parceiros que, pelo contrário, se desenvolvem e aguentam as crises económicas e outras, com acções oportunas, correctas e serenas. Urge mudar comportamentos por forma a que os interesses nacionais sejam devidamente salvaguardados.
Área ardida duplicou até 15 de Julho face a 2007
Terça-feira, 5 de Agosto de 2008 | 06:45
A área ardida em Portugal nos primeiros seis meses e meio deste ano duplicou face ao mesmo período de 2007, segundo dados provisórios da Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF).
Os dados, disponíveis na página da Internet da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), referem que entre 01 de Janeiro e 15 de Julho de 2008 arderam 4.685 hectares entre povoamentos (1.325) e matos (3.360), o que representa um aumento de 52 por cento face a período idêntico do ano passado, quando arderam 2.213 hectares.
Os números provisórios da DGRF mostram também que, até 15 de Julho, se registaram 4.981 ocorrências, 1.023 incêndios florestais e 3.958 fogachos, mais 1.364 do que em 2007.
No relatório, a Direcção-Geral dos Recursos Florestais destaca que quando comparados «os registos do corrente ano com os valores médios do decénio anterior (1998-2008), verifica-se que houve menos 4.099 ocorrências e arderam menos 19.301 hectares.
Os maiores valores de área ardida, até 15 de Julho, verificam-se nos distritos de Braga (939 hectares) e Bragança (907), enquanto o maior número de incêndios florestais ocorreu em Vila Real e Braga (com 167 e 161 ocorrências, respectivamente).
A Autoridade Nacional de Protecção Civil faz hoje um ponto da situação da fase »Charlie«, período mais crítico de incêndios florestais, que decorre desde 01 de Julho e se prolonga até 30 de Setembro.
Nos primeiros 15 dias da fase »Charlie« registaram-se 757 ocorrências e arderam 412 hectares.
No período mais crítico estão mobilizados 9.803 elementos, 2.360 veículos e 59 meios aéreos, três dos quais da AFOCELCA, uma associação de empresas do sector papeleiro e de celulose.
O dispositivo de vigilância, detecção e combate aos incêndios conta ainda com 240 postos de vigia espalhados por todo o país e com 35 embarcações da Autoridade Marítima.
Diário Digital / Lusa
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