No artigo do Diário de Notícias, «A segurança global» o professor universitário Adriano Moreira, referindo a ONU e a NATO e os complexos problemas que lhes são inerentes na segurança internacional, diz a certa altura, com pouco optimismo, que é difícil estas instituições conseguirem «libertar-se de conceitos directores ultrapassados, em termos de assumir as mudanças da conjuntura que se sucedem em tempo acelerado».
A queda do muro de Berlim não permitiu prever o desenvolvimento da estratégia «da NATO com a sua circunstância definitivamente globalista, e que incita a interrogações levadas ao limite da sua pressentida extinção».
Com essa ocorrência, a NATO dilatou a sua área de interesse e de influência muito para além da sua missão inicial de «libertar a Europa do Atlântico aos Urais»; com o fim da guerra-fria deixou de existir a «ameaça por um inimigo identificado e visível» e criou-se um novo factor constituído pela incerteza na elaboração de prospectivas. A necessidade de enfrentar o terrorismo global reforçou a supremacia do unilateralismo «sobre a solidariedade do interesse colectivo», mostrando a «eficácia do desafio do forte ao fraco».
A unidade da estratégia colectiva da Organização cindiu-se em tendências, e ocorreu a esmagadora intervenção militar com resultados desastrosos no Iraque. Por outro lado a Europa, defensora da prioridade da diplomacia, tarda na sua definição e em obter «um peso específico na vida internacional». Recentemente, foi notório que a UE tem deslizado do seu objectivo euromundo político para a prioritária sobrevivência perante a «debilidade resultante da carência de matérias-primas, de energia e de reserva estratégica alimentar».
A NATO e, por arrastamento a UE, têm de dar urgência ao aprofundamento de análises «sobre a evolução da relação dos ocidentais com a sua circunstância mundial», «também da relação interna transatlântica», de «avaliações de pontos críticos já identificados» e a identificar e, perante tais estudos, concluir pela melhor solução para reformular a «definição de segurança que a NATO concretizou, e a resposta desregulada ao globalismo que a debilitou».
De tudo isto, «entre todas as manifestações de dúvidas, de quase certezas, e de fundamentalismos laicos e confessionais», parece estar a «consolidar-se a perspectiva de que a incerteza é a variável mais inquietante».
A quantidade de queixas do resto do mundo contra a passada regência política euromundista não está completamente apaziguada, e falta à Europa uma visão global da «casa comum que é a Terra», conceito que deve estar sempre bem presente a fim de ser possível «enfrentar ameaças que não são militares e a rodeiam sem distinção de povos».
E como o mundo está em mudança acelerada, sem esta capacidade de reduzir o grau de incerteza de todos os factores de conjuntura, será muito difícil enfrentar a «urgência de segurança global» por forma a evitar «o aprofundamento do desastre». Por tudo isto, pesa nos ombros dos governantes ocidentais enorme responsabilidade quanto ao futuro da humanidade, e, por conseguinte, não é menor a responsabilidade dos eleitores elegerem pessoas capazes de fazer face às necessidades de decisões de enorme importância para as gerações futuras.
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Há 1 minuto
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