quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Discriminação. Sim ou não?

Ontem era noticiado que as meninas a quem hoje é permitido o ingresso na Marinha, coisa que estava reservada apenas a homens, fizeram um choradinho para poderem entrar nos Fuzileiros, especialidade preparada para combates de grande violência e perigosidade, talvez porque acham que o respectivo crachá é muito decorativo e prestigioso. O Sr. ministro da Defesa, muito sensível a tais apelos femininos, e não querendo ser apelidado de machista, determinou que se deve "respeitar o princípio da igualdade de género no acesso a todas as classes e especialidades", ficando assim a Marinha obrigada a aceitar mulheres nos fuzileiros.

Será uma atitude louvada por todas as feministas que lutam pelo uso de símbolos que apenas eram apanágio de homens altos, fortes e espadaúdos!

Mas os mais entendidos, logo chamaram a atenção para certos pormenores significativos.

O almirante Vieira Matias diz que a não admissão de mulheres nos fuzileiros não é "uma questão de inferioridade, mas de diferença" - por exemplo, a "emotividade das mulheres desaconselha que entrem em combate directo". E há a questão física: "O esforço, até mesmo o peso do equipamento, pode ser excessivo."

O general Garcia Leandro diz que, em nome do princípio da igualdade, o sexo feminino não deve ser impedido de concorrer - "depois, a realidade fará a sua selecção". Ou seja, "na maior parte dos casos as senhoras serão eliminadas".

De forma parecida o general Loureiro dos Santos manifesta-se contra qualquer limitação. "Por princípio não deve haver nenhuma discriminação", salienta - as mulheres devem poder entrar "desde que tenham capacidade para atingir o standard exigido". E alerta que "Não podemos fazer o downgrading dos fuzileiros para pôr lá mulheres. Não pode haver comandos ou fuzileiros de primeira e de segunda."

Por seu lado, o general Leonel Carvalho reforça a mesma ideia. "As forças especiais existem para tarefas e missões de grande perigosidade, de grande exigência física e psicológica. Concordo que as mulheres tenham acesso, mas têm de fazer o que é exigido para ser fuzileiro. Homem ou mulher, tem de cumprir as mesmas exigências".

Mas, perante estas objecções, elas que, mesmo sendo loiras, não são tão estúpidas como as anedotas as pintam, logo consideram que para usar o crachá e o título, não é necessário correr os riscos dos combates demasiado másculos. Elas não tomarão parte em missões de combate e justificarão a especialidade desempenhando funções de limpeza, cozinheiras, amanuenses, enfermeiras de retaguarda, apoios psicológicos, etc. mas, embora parecendo iguais a todas as mulheres militares, elas têm a distinção de serem denominadas fuzileiras.

Onde está então a discriminação? Onde começa e onde acaba a tal diferenciação de sexos? Mas as vaidades femininas levam grandes homens a sucumbir dando-lhes apoio legal. E, depois, o downgrading dos fuzileiros a que se refere Loureiro dos Santos, virá a caminho, sem grandes atrasos.

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro João,
Desculpe mas neste caso não vejo onde está a questão. Qual é o problema?
Nos EUA as mulheres entram para os Marines ou para os Rangers e entram em combate, como se vê no Iraque e Afeganistão...

Carlos Rebola disse...

Caro amigo A. João Soares

Não vejo necessidade de "embrutecer" as mulheres, colocando-as, algumas aceitam, no caminho das guerras brutais, que os homens trilharam ao longo de milénios.
Penso que as mulheres tem uma enorme capacidade e grande potencial para pacificar o mundo, mas com estas “fuzileiras” a coisa muda de figura. É o fomento da barbárie no feminino, que dá pelo nome de guerra.
Para mim a questão não é de descriminação, relaciona-se com o instinto maternal, sim ou não.
Um abraço
Carlos Rebola

A. João Soares disse...

Caro Carlos Rebola,
Perante as suas palavras ditadas pelo conhecimento vivido dos fuzileiros, tenho de ser muito franco naquilo que vou tentar dizer.
Não quero ser velho no pior sentido do termo, mas não temo dizer que a ausência de valores morais, está a conduzir o mundo para situações pouco sensatas. Se quisessem eliminar todas as forças especiais, todas as armas demasiado letais, a fim de o mundo se tornar mais pacífico, seria de elogiar. Mas tornar as mulheres em guerreiras violentas, em vez de mães carinhosas, é uma perigoisa inversão total de valores.
Se há algumas meninas que teimem em ser «fuzileiras» e o Poder não queira impedi-las dessa loucura, exija-se delas esforço e sacrifício igual ao exigido aos homens, talvez depois se convençam que ser fuzileiro é uma coisa muito séria, que exige disponibilidade total e que não pode ficar ao capricho de meninas com o «período».
É preciso não desvirtuar as características dos fuzileiros e não aceitar candidatos com capacidades limitadas, apenas destinados a papeis auxiliares, nomeadamente «acompanhantes». Não destruamos uma força especial com muitos créditos merecidos.
Um abraço de consideração
João

A. João Soares disse...

A questão não está, mas poderá vir a estar!
Loureiro dos Santos fala no problema «downgrading» dos fuzileiros. Ninguém tem personalidade para chumbar no curso as meninas que forem incapazes, para não ser apodado de machista. Depois os fuzileiros têm de levar as meninas ao colo quando já não conseguirem acompanhar o grupo!
Ou vai-se para o outro extremo das «fuzileiras» a fazer serviços administrativos secundários, ou de «apoio psicológico». Os exércitos antigos, embora fossem, apenas de homens eram acompanhados por mulheres para apoio psicológico e social!!!
E, como em Portugal a modernização se resume a imitar o que antigamente era primário, nada surpreende.
No entanto as citações mostram que acabar com a discriminação, significa exigir o mesmo desempenho e fazer uma avaliação baseada nos mesmos parâmetros.
Abraço
João