PSP atira a matar e salva reféns ao fim de oito horas
Isaltina Padrão e Kátia Katulo
Lisboa. Foram quase nove horas de terror as vividas ontem na dependência do BES. Uma tentativa de assalto, protagonizada por dois jovens brasileiros, degenerou no sequestro de três pessoas: dois funcionários e uma cliente. Esgotadas as negociações, o Corpo de Intervenção actuou eficazmente.
Dois tiros da PSP bastaram para acabar com oito horas e meia de um sequestro num banco do centro de Lisboa. Os dois assaltantes brasileiros entraram pelas 15.00 no Banco Espírito Santo (BES), na Rua Marquês da Fronteira. Cerca das 23.00 - depois de seis horas de negociações -, os suspeitos apareceram à porta das instalações bancárias apontando armas à cabeça do refém, um funcionário, e do pescoço da gerente.
Foram os últimos 20 minutos de terror de uma negociação que durou seis horas. A equipa de negociadores foi falando com os ladrões. A negociação foi combinada com a equipa táctica do Grupo de Operações Especiais, tentando que os suspeitos se expusessem, ficando à mercê dos atiradores, o que acabou por acontecer.
Os dois tiros secos atingiram os sequestradores e os reféns conseguiram escapar. Um dos assaltantes terá tido morte imediata e o outro sofreu ferimentos muito graves, tendo sido transportado para o Hospital de São José, onde chegou ainda com vida. A mulher refém, Ana A., gerente do banco, saltou e fugiu. Depois dirigiu-se para um grupo de amigos que a esperava cá fora e a sua preocupação era se os "filhos" estavam a ver a televisão.
Os dois brasileiros que fizeram o assalto, aparentando ter entre 20 e 30 anos, revelaram, segundo fontes policiais, "muita inexperiência". Tentaram assaltar um banco sem movimento - tem três funcionários, o outro estava de férias neste momento - e num cruzamento movimentado sem prédios em frente. Esta dependência do BES é de depósitos rápidos, não trabalha com dinheiro "vivo", nem tem o chamado caixa.
Leonel Carvalho, responsável pelo Gabinete Coordenador de Segurança Nacional, diz que houve um " mau planeamento". No passeio, desde o início, manteve-se estacionado um carro, com os piscas ligados, que levantou suspeitas à polícia. À sua frente, puseram uma lagarta de pregos, tentando evitar a fuga dos suspeitos.
No local foi criado um perímetro de segurança de 200 metros e ali se mantiveram dezenas de agentes da PSP, da PJ e do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), várias ambulâncias do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) - incluindo uma de transporte médico avançado que faz reanimações - e muitos moradores não entraram em suas casas, tendo alguns sido "abrigados" nas viaturas das autoridades.
A acção da polícia foi rápida: cerca das 15.05, foi dado o alerta pelo banco, quando a dupla entrou armada. Os ladrões não tiveram tempo de fugir, acabando por se barricar nas instalações, fazendo refém quem lá estava dentro: a gerente, um funcionário e uma cliente de 52 anos.
Quase uma hora após a chegada das autoridades, um dos reféns foi libertado. Era a cliente, que sofreu um ataque de ansiedade grave e os suspeitos acabaram por a deixar sair. "A mulher foi assistida sem necessitar de ir para o hospital", disse ao DN fonte do INEM.| Com PAULA SANCHEZ
NOTA: O povo português tem motivo para se sentir confiante na serenidade da PSP que pacientemente manteve um diálogo durante oito horas e agiu apenas com a violência adequada e eficaz no momento decisivo.
Grande Angular - Novembro!
Há 3 horas
6 comentários:
Caro João,
Também eu tiro o chapéu à actuação da PSP. Tranquila, serena, confiante e eficaz. Mas acima de tudo uma extraordinária demonstração de força e eficácia, que já fazia falta para servir de exemplo. Creio que já podemos dormir mais descansados.
Os meus parabéns!
Um abraço!
Caro AP,
Sem dúvida um caso exemplar. Sem precipitação, dialogando durante oito horas, chegou o momento em que um ou os dois reféns podiam ser abatidos pelos sequestradores, e então, em legítima defesa, a Polícia actuou, com precisão, sem excessos e cumpriu o seu dever.
Isto dá-nos confiança e constitui um aviso para outros malfeitores.
Abraço
João
Caro amigo A. João Soares
Ficou demonstrado nesta operação bem sucedida, que temos pessoas nas forças de segurança bem treinadas para lidarem eficazmente com situações deste tipo.
Mas a preocupação, reside na frequência com que estes assaltos, se estão a verificar. O Poder deve levar a questão da segurança dos cidadãos a sério e deixar-se de tentar iludir a questão com operações de marketing e propaganda para turista comprar.
Sem ilusões todos sabemos que a insegurança e a violência está a aumentar em Portugal.
Um abraço
Carlos Rebola
Caro Carlos Rebola,
Não posso estar mais de acordo consigo. Os governantes exageram na propaganda e nas diversas formas de iludir o povo.
Neste caso, a Polícia fez apenas o seu dever. Fez bem, com eficácia, mas não há razões para aparecerem nas TVs tantos papagaios a fazer propaganda do caso.
A Justiça funciona mal e se estes não tivessem sido alvejados, talvez estivessem a fazer outro assalto dentro em breve. Pensa-se apenas em dinheiro e em estatísticas.
Um abraço
A. João Soares
Caro amigo, é aquilo que eu já disse uma vez, temos de dar confiança à nossa polícia, que demonstrou já várias vezes saber lidar com situações complicadas. Mas não basta agora, o ministro da Administração interna vir dar "palmadinhas" nas costas, quando em outras alturas, a polícia foi abandonada em situações que correram menos bem, como na cova da moura, no Bairro S.João de Deus, no Aleixo, etc. etc.
Portanto, sempre digo e direi, que a nossa polícia, com os meios que tem, cumpre exemplarmente as suas funções.
Parabéns pela oportunidade deste Post.
Abraços do Beezz
Caro Beezz,
Nada na humanidade é inteiramente eficiente, mas a nossa polícia cumpre com muita eficácia e o seu maior obstáculo é o seguimento da justiça, nos casos em que há detenções. Há muitos casos de que os polícias se queixam de os detidos presentes ao juiz ser mandado em paz enquanto os polícia fica a receber uma descompostura. Depois admiram-se de a criminalidade aumentar. Os políticos e os altos cargos da administração pública incluindo a Justiça, abusam da propaganda e das estatísticas «adequadamente» preparadas.
A polícia precisa de meios adequados à sua missão e de apoio da Justiça para que seja atingido o objectivo da segurança interna e da ordem pública, necessário para o bom povo português.
Um abraço
A. João Soares
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