POETA, DOMÉSTICA, MULHER
de Ana Briz, com seis livros publicados e, agora, com o blog http://brizissima.blogs.sapo.pt
Não é fácil, podem crer
ser poeta e ser Mulher
numa mão está a caneta
na outra está a colher
Quanta poesia existe
no peito a fervilhar
enquanto se mexe o tacho
onde está carne a guizar
Perfuma-se o pensamento
em permanente conflito
com um perfume a flores
misturado a peixe frito
E se um bolo se fizer
com os pensamentos dispersos
é vulgar acontecer
prá massa caírem versos
É uma mistura assanhada
ovos e rima em disputa
a massa fica estragada
a poeta numa luta
Luta pela fantasia
que pretende ser constante
quer fazer do dia a dia
amálgama delirante
Sem querer abdicar de nada
poesia e tacho ao braço
a poeta desesperada
fica sempre em embaraço
Eis a moral desta história:
não é mulher, nem poeta
nem a cozinha tem glória
nem a rima é completa
Mas continua a lutar
com a caneta e o tacho
pró poema preservar
e do Amor fazer facho
A Necrose do Frelimo
Há 3 horas
Sem comentários:
Enviar um comentário