segunda-feira, 16 de julho de 2007

De quem foi o funeral?

O povo português, preso a tradições que se mantém quase imutáveis durante séculos, agarrado a crenças religiosas e dominado por afectos familiares e de amizade, logo que tem notícia do falecimento de um familiar ou amigo chegado, mesmo que tudo se tenha passado, a muitos quilómetros de distância, corre a vestir as roupas mais adequadas ás circunstâncias e dirige-se ao local do velório, para das a condolências aos familiares do defunto e acompanhar o corpo deste à terra (ou ao crematório nos tempos de hoje).

Ontem, curiosamente, sem que tivesse havido notícia audível de falecimento, deparámos, através da TV, que vieram de urgência a Lisboa numerosos cidadãos de localidades distantes, desde o Alentejo ao Minho e Trás-os-Montes. Vieram de autocarros que alguém lhes pagou e receberam uns euros para comer uma bucha e beber uma pinga para enganar o estômago. Interrogados pela TV, alguns nem faziam ideia a que funeral vinham. A «festa» não era deles, não tinham relações directas com os alvos desta sua homenagem. Não se confessaram enganados, porque acabaram por viajar á borla até à capital do rectângulo e isso, só por si, até era um prémio para quem raramente sai da terrinha.

Porquê e para quê esta deslocação forçada de população? Há quem diga que o deserto se alargou para a margem Norte do Tejo e abrangeu Lisboa, como se viu nas urnas que ficaram quase vazias, tendo, por isso, para que houvesse uma manifestação de regozijo, sido necessário recorrer aos subterfúgios da migração da periferia para a Capital. Realmente, sendo a vitória alcançada por tão poucos votos, não seria possível agregar mão-de-obra suficiente para realizar um desfile muito luzido! E não seria de bom tom contratar os eleitores dos candidatos da oposição para tal manifestação de regozijo. Enfim, situações que acontecem quando não há uma perfeita sintonia entre partidos e seus filiados e entre políticos e cidadãos civis, como pode concluir-se do post anterior!

2 comentários:

Paulo disse...

Que povo é este que povo....
Criar expectativas ao povo é o mais censuravel dos erros políticos.O Povo, essa moeda de troca, alguma memória há-de ter, logo, mais tarde ou mais cedo, descobre que entre os "vendedores do templo" alguns traidores houve alguma vez...
Vão de Felgueiras a Fátima, do «deserto» a Lisboa. Vão, afinal..., onde os "vendedores de banha de cobra" quizerem. Um dia, espero que brevemente, também irão de submarino à procura do Paulo Portas, para que este diga onde é que se encontra certo dinheiro dos contribuintes.
Abraço
Paulo

A. João Soares disse...

Caro Paulo,
Por mais mordaça que utilizem, o povo acabará por perceber o que se passa. Pode demorar muito tempo mas os actuais políticos cairão e os que vierem a seguir encontrarão o povo mais esclarecido.
“Quem só deseja demonstrar que está certo, termina por agir errado”
Paulo Coelho
Abraço