quarta-feira, 18 de julho de 2007

O consumismo e o telemóvel - Poesia

O Telemóvel
Por Ana Briz, blog http://brizissima.blogs.sapo.pt

A coisa mais importante
após a ida do infante
á descoberta do Mundo.
Foi a máquina infernal
que apareceu em Portugal
revolucionando a fundo

o telemóvel, pois é,
para a Maria e pro Zé
e também para a criança.
Toda a gente usa e abusa
a ter vários não se escusa
não é bom para a poupança

ele está em todo o lado
e o mais sofisticado
está sempre a sair á praça.
Mais pequeno e atraente
para agradar ao utente
do bolso sair mais massa

cada toque é uma surpresa
nos transportes ou á mesa
é quem mais pode escutar.
E as senhoras ás pressas
põem malas ás avessas
para o "dito" encontrar

mas quando isso acontece
então mais o clima aquece
com gritaria a preceito.
Tudo fala á descarada
a conversa é devassada
tem que se ouvir, não tem jeito

há telemóveis tocando
com música arranhando
qualquer espectáculo ou concerto.
E mesmo em missa de morto
não se evita o desconforto
não se escapa a este aperto

desde a raspa ao tiroliro
de Beethoven ao suspiro
das baladas ao orgasmo.
São toques dos mais diversos
e poluentes confessos
de ruídos e de pasmo

já tiram fotografias
são óptimas companhias
na solidão do momento.
Fazem-se jogos diferentes
e cada vez mais clientes
aderem ao instrumento

e não há como fugir
novo modelo a surgir
mais novidades no ar.
Os ladrões assaltam lojas
são incentivo pras corjas
cujo negócio é roubar

o menino é assaltado
o telemóvel roubado
isso não interessa nada.
Compra-se outro diferente
fica o menino contente
e a família descansada

e o telemóvel é isto
uma graça, um petisco
na mão de qualquer pessoa.
E é claro a malandragem
tem uma maior tiragem
mesmo que doa a quem doa

é desvario total
esta máquina infernal
abuso á privacidade.
Pois encontrar toda a gente
mesmo em momento indecente
é abuso, é maldade

se num futuro canalha
ninguém mexer uma palha
para travar este engenho.
Já aqui não está quem falou
o meu tele já tocou
vou atender, também tenho.

Por Ana Briz

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