domingo, 29 de julho de 2007

Jovem contra exploração económica

Há muita gente a queixar-se da exploração das empresas que, na ambição do lucro, criam dificuldades às famílias mais carentes de meios financeiros e que têm de apertar o cinto para fazer face a necessidades dos filhos estudantes e outras. As tentações e os assédios económicos são irresistíveis para a maioria das pessoas.

Mas, como não devemos ficar pelas palavras, é de toda a justiça elogiar a iniciativa hoje vinda a público no Jornal de Notícias com o título Jovem "recicla" manuais pela escrita de Salomão Rodrigues.

Patric Figueiredo demonstra e põe em prática que é possível comprar livros escolares 75% mais baratos. Não se trata aqui de nenhuma iniciativa governamental, e muito menos de um acto promocional das editoras. Este jovem, inteligente e de acção, cansado de gastar dinheiro e de ver a mãe desembolsar centenas de euros na compra dos manuais escolares, decidiu recolher livros usados para posterior revenda.

Garante que o projecto pode ser implementado à escala nacional se as pessoas ousarem resistir aos "fortes lóbis das editoras". Quem disponibiliza os manuais usados tem a mais valia de ser ressarcido de parte do seu valor.

Habituado a usar os livros do irmão mais velho, Patric lembrou-se de pôr em prática o princípio usado em casa, "mas à escala nacional". Arrancou este verão com uma ideia amadurecida durante dois anos, mergulhou nos compêndios da informática e trocou saberes com os amigos da escola, e criou um sítio na Internet (www.exacto.com.pt) que é a "montra" da iniciativa.

O projecto Exacto.com.pt consiste na recolha de manuais usados junto de escolas, evitando que acabem esquecidos numa qualquer arrecadação ou mesmo no lixo. Os livros são depois colocados à venda na Internet, com preço 75% inferior ao original. Se a venda for efectuada, quem ofereceu o manual recebe parte da quantia cobrada. Quanto a livros oferecidos que não são adoptados pelas escolas, seguem para instituições de solidariedade, que os encaminharão para a África de língua portuguesa.

"O uso dos livros por seis anos dá mais consistência à iniciativa e a oferta aos mais carenciados vai permitir expandir a ideia a outros escalões de alunos". Patric só lamenta que os estudantes não sejam "incentivados a deixarem por livre vontade os seus manuais na escola, no final do ano".

O adolescente vai agora pedir ajuda à autarquia para ter espaço para acomodar os livros e promete continuar com as recolhas, em cada primeira sexta-feira do mês, junto às escolas.

Esta iniciativa merece todo o apoio – e é isso que aqui estamos a fazer agora – de autarquias, escolas, famílias, estudantes e todos aqueles que não estejam acorrentados aos lucros das editoras.

Este tema que versa a importância da gestão da economia doméstica e da defesa dos interesses do consumidor está relacionado com a notícia do Diário de Notícias «Alunos vão aprender a lidar com a publicidade» em que é anunciado que, a partir de Setembro, os estudantes do 1.º e 2.º ciclo, dos sete aos onze anos, terão um novo currículo nas salas de aula: vão aprender a entender a publicidade e a defender-se dos seus abusos. É indispensável que, desde tenra idade se aprenda que a publicidade raramente traz vantagens para o consumidor e este deve estar preparado para resistir às tentações dos seus apelos.

2 comentários:

Anónimo disse...

ninguém terá reparado (os pais decerto), quanto se gasta todos os anos em livros escolares? As quantias chegam aos 150 €, sem contar com o resto do material que inevitavelmente tem de ser comprado ano após ano. É claro que há subsídios, é claro que há ajudas, mas nem todas as famílias necessitadas recebem as ajudas que lhes dariam um nível de vida mais elevado, e se puder cortar nessas despesas ao adquirir todos os livros que necessita por 25 % do preço que naturalmente gastaria, não seria de aproveitar?

É no seguimento dessa ideia que surgiu o Exacto.com.pt , um projecto com vista a angariar livros usados com preço dependente do estado que apresentam (mas asseguradamente 75% mais baratos), e a sua respectiva compra por quem mais necessita.

É um projecto de louvar, e que espero sinceramente que vingue

A. João Soares disse...

José Pepe,
O seu comentário é muito sensato e realista. Mas note que é curioso como este assunto está a passar despercebido sem outros comentários.
As pessoas andam adormecidas. As pessoas não gostam de comprar barato e de poupar. Há tempos li que em França os franceses, nas compras perguntam se têm um artigo mais barato, sem qualquer preconceito. Os portugueses sentem vergonha de fazer tal pergunta para não pensarem que têm pouco dinheiro!
É preciso da um abanão a este povo para sair da letargia em que anda enterrado.
Abraço