Costuma ler-se que o regime de partidos em Portugal não está funcionando em benefício do Pais e que cada partido, voltado para os interesses dos seus «boys» e « girls», actua como uma agência de emprego nomeando os amigos para as melhores sinecuras e, se estas não forem suficientes, criando outras que apenas servem para garantir salário e mordomias.
A seguinte frase retirada de notícia recente, mostra que o que interessa não é Portugal mas o partido e a competição com os outros partidos: «Miguel Freitas, presidente da federação de Faro: "Esta altura não é para abrir brechas dentro do partido. Estamos todos focados em atacar as políticas do PSD", acrescentando que existe "unidade do partido em torno de uma estratégia e do secretário-geral".»
E, para atingir os objectivos de Poder de um «todo poderoso», não há preocupações de democracia e de direitos de todos, como se vê pelas palavras seguintes:
Fonseca Ferreira:
Já Fonseca Ferreira, que concorre contra José Sócrates, diz que os seus apoiantes têm sido alvo de pressões e fala num clima de medo dentro do PS. "A campanha decorreu com muitas limitações internas. Não tivemos condições de igualdade e foram exercidas muitas pressões sobre militantes para saírem das nossas listas". O candidato relata a existência de "vários casos" em que apoiantes da sua candidatura foram "pressionados a desistirem de integrar as listas de delegados ao congresso". "As pessoas têm medo", diz Fonseca Ferreira.
Ana Benavente:
Também Ana Benavente, ex-secretária de Estado da Educação de António Guterres e crítica da liderança de Sócrates desde o início, diz que "há medo no PS". "O PS entrou numa fuga para a frente absolutamente suicidária. José Sócrates quer afundar-se, mas quer que todos se afundem com ele", diz a ex-dirigente socialista, lamentando que os eventuais candidatos à liderança do partido "estejam à espera de ter condições para ganhar" e sejam "medrosos".
E o vencedor foi… José Sócrates reeleito líder do PS com 93,3% dos votos.
Mas não haja ilusões. Os votos não são garantia de competência. E vale a pena recordar que o espírito de rebanho em que as ovelhas obedecem ao pastor e não querem dar-se ao incómodo de pensar, não é de agora, como se viu no congresso do PSD, há cerca de um ano, em que os congressistas votaram por unanimidade a «lei da rolha» e, ao saírem da sala, todos unanimemente se mostraram arrependidos de tal erro!!!
Assim vai a democracia e o sentido de Estado e de responsabilidade, neste pobre rectângulo, cada vez mais pobre.
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