Transcrevo o seguinte artigo, publicado em 02-07-2010 por José Pires no blogue «Pela dignidade e valores do ser humano» e que vinha referido num e-mail de pessoa que muito considero.
A fuga das galinhas
Um gestor vale mais do que quem salva-vidas e cria (vários tipos) de riqueza como um médico ou um cientista?
Qual é o dom especial que possuem para que ganhem muito mais que todos os outros? Não se sabe.
Mas essa ignorância não altera os rendimentos.
Mesmo que os resultados empresariais derivem de uma extensa cadeia.
Mesmo que todas as empresas devam ter um papel social. Pois é.
Os nossos trabalhadores são dos mais mal pagos da Europa, mas os gestores são dos mais bem pagos.
Um gestor alemão recebe dez vezes mais que o trabalhador com o salário mais baixo na sua empresa. O britânico 14. O português 32 vezes mais !!!
Mas, segundo um estudo da Mckinsey, Portugal tem dos piores gestores. Logo, quando se fala em reduzir direitos e salários, a quem nos devemos referir? Lógico? Não.
Dizem que os bons gestores escasseiam e é necessário recompensá-los. Senão, fogem do país. Ok.
Então, é simples. Se são assim tão poucos, ide. Não serão significativos na crescente percentagem de fuga dos cérebros que estavam desempregados/explorados. Depois, contratem-se gestores alemães ou ingleses.
Por lá, não rareia tanto a qualidade. Estão habituados a discutir não só ordenados mínimos como ordenados máximos.
E... sempre são mais baratinhos.
Joana Amaral Dias, Docente Universitária
Comentário da remetente do e-mail:
Realmente, este é um país de parolos em que parece que "ser bom" se traduz no tamanho e cilindrada do carro usado e dos fatinhos e gravatinhas ou dos tailleurs e saltos altos...
Triste realidade quando comparada com a de outros países (que conheço, vi, ninguém me contou) em que os melhores se deslocam de transportes públicos, de bicicleta ou a pé para os seus postos de trabalho, com roupas práticas - de quem vai trabalhar.
Enquanto as mentalidades não mudarem - que é sempre o que mais demora - nada feito...
Ser em vez de ter - ou de parecer - seria o mote.
Pode ser que um dia...
J.
NOTA: Há dias passou por mim um «Maserati» de matrícula recente. O trânsito estava lento e o condutor procurava dar nas vistas, ou nos ouvidos, acelerando o motor que tem um trabalhar com som característico. Fiquei a pensar que podia tratar-se de um traficante de droga, ou um gestor público colocado nas funções por ter sido político, um daqueles «provincianos deslumbrados» de que muito se tem falado nos jornais e e-mails. Neste país de parolos, como a J. diz, faz-se mais uso do ter do que do ser. E os exemplos vêm de cima, daqueles que, dessa forma, procuram ocultar a sua vacuidade cerebral.
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