terça-feira, 7 de outubro de 2008

Sobre o «casamento» homossexual

Recebi agora por e-mail este texto de 22 de Setembro, acompanhado do comentário de um português empenhado no futuro do País e, pelo interesse do artigo e do comentário, transcrevo.

Os casamenteiros

Mário Crespo

O Parlamento vai votar a formação de pares homossexuais. É uma perda de tempo só oportuna para quem não queira discutir problemas reais do país. Há muito que pares homossexuais são banais no quotidiano nacional. Não sendo a sua existência controversa, tentar impor um "casamento" homossexual à ordem jurídica é ilógico.

Encarado sem sofisma ou oportunismo ideológico, esse "casamento" é um acto tão cheio de contradições que se vai anulando à medida que o analisamos. Se como acto biológico não faz sentido, contratualmente é desnecessário e socialmente é perigoso. O perigo está na afronta às entidades originais do corpo social que desde sempre tem constituído a base das civilizações.

A sociedade humana é formada por células familiares mono ou poligâmicas, patriarcais ou matriarcais, mas todas elas com um elemento comum. A presença essencial dos dois géneros da espécie.

A humanidade sempre manifestou consciência de que a sua existência depende da estabilidade de núcleos com capacidade reprodutiva. Por isso, bem ou mal, por via religiosa, jurídica ou consuetudinária, se tenta desde sempre contratualizar as relações entre sexos opostos de modo a garantir-lhes uma existência duradoura que promova a estabilidade da própria sociedade. Os entendimentos de como essa segurança pode ser conseguida ainda hoje variam de região para região, do mesmo modo que têm mudado através da história.

O que tem sido omnipresente é uma preocupação social com a manutenção da parceria sexual organizada com potencial reprodutivo, logo, envolvendo os dois géneros. A essas uniões essenciais, sempre se chamou casamento. É importante desiludir todos aqueles que queiram ler aqui um manifesto contra a homossexualidade. Não é. Tão-pouco preciso de tornar público se tenho ou não tenho no meu convívio íntimo pessoas de orientação sexual variada ou qual é a minha própria orientação sexual.

Nesta discussão não está em causa a respeitabilidade de pessoas nem a liberdade de opções. É a base do edifício social que está a ser posta em causa na tentativa de adulterar o seu elemento mais importante com experimentalismos.

Nada há na norma constitucional ou jurídica que obste à formação de um par homossexual (ou uma tríade, porque não). Se quiserem contratualizar garantias patrimoniais podem fazê-lo nas actuais molduras legais. É possível adoptar sem casar. Mas se o casamento é muito mais do que um mero objectivo procriativo, ao excluir "ab initium" a procriação da unidade conjugal como, por força da natureza, aconteceria nas uniões homossexuais, está-se a torná-lo em qualquer coisa que o faz deixar de ser.

Se há ambiguidade nesta área, desfaça-se.

Reafirme-se o que sempre foi entendido como casamento, que é a união formal entre uma mulher e um homem. Experimentalismos façam-nos criando uma entidade nova para diferentes uniões que até poderão vir a estruturar sociedades futuras, mas que nada têm a ver com o casamento. No presente, destruir a natureza cultural, tradicional, biológica e social do único instituto que garante a continuidade de tudo numa sociedade, amputando-lhe a especificidade e alargando-o a conceitos que a sua génese natural nunca contemplou, nem é progressista nem liberal, é absurdo.


Comentário que acompanhava:
Num país normal e adulto, estes seriam os jornalistas de referência... e não os que coleccionam mais capas de revistas cor-de-rosa.
Num país sereno e inteligente, estes seriam as opiniões e o tem à volta da qual se construiriam as concordâncias e as discordâncias.
Num país coerente e sério, há muito que estas verdades estariam assimiladas.
Num país que não fosse de brincar, seria assim a liberdade de imprensa: com opiniões livres!
Num país equilibrado, os partidos da oposição falariam assim!
Num país sensato, seriam jornalistas como estes que poderiam ser escolhidos para líderes políticos...

NOTA: Sobre este tema sugiro a leitura do post Casamento «gay»
Recebi de João Mateus, já conhecido neste espaço, este texto, escrito com uma erudição muito superior à média nacional, que poderá suscitar polémica, mas que constitui uma visão muito partilhada. Também me choca que os homossexuais, insistindo em evidenciar de forma espectacular, em manifestações de rua, a sua diferença, não tenham a criatividade de adoptar uma palavra também diferente para simbolizar a sua união, sem terem de usar o termo casamento, que não aceitam na sua plenitude. Porquê copiar os outros? A união traduzida por palavra inovadora poderá dar-lhes prerrogativas civis, legais, iguais ao casamento, sem irem chocar mentalidades menos flexíveis e mais rigorosas no significado da instituição.

6 comentários:

A. João Soares disse...

Sobre este tema, é muito interessante o primeiro parágrafo do artigo de opinião
Só eu sei porque não fico em casa do jornalista João Miguel Tavares no Diário de Notícias de hoje que diz:
«Está toda a gente muito preocupada por os homossexuais não se poderem casar - eu estou muito mais preocupado por os deputados não poderem pensar. Ao aprovar a disciplina de voto (com excepção de uma mascote da JS, que está autorizada a votar a favor da proposta e assim demonstrar a extraordinária "pluralidade" dos socialistas) numa matéria claríssima de costumes e de consciência individual como é o casamento dos homossexuais, o PS enfiou mais uma machadada na credibilidade do Parlamento e dos seus deputados. Obrigado, Alberto Martins.»

ANTONIO DELGADO disse...

Não defendo nem sou contra é-me indiferente, no entanto se o casamento é um contracto os governos podem legislar , como fizeram alguns países. Se olhar-mos aqui para o lado, a vizinha Espanha, a pratica tornou-se comum vide esta noticia: (http://www.elpais.com/articulo/espana/jefa/trama/Baleares/enterro/fortuna/jardin/elpepiesp/20081005elpepinac_11/Tes)

Afirma~se de forma natural e explicita a "suposta corruptora e a sua esposa" ...em alusão a um matrimónio homossexual ( mulheres). Eu suponho que noticias destas, reflexos de praticas sociais concensuadas, possam ter atrativo politico, junto dos nossos politicos e de alguns grupos sociais. Na minha modesta opinião não se pode substimar estas vozes. No entanto como assunto preocupa-me muito mais, a falta de inteligencia para governar e os graves problemas do país nas areas da saúde, da justiça e da educação e do bem estar das pessoas.

Um abraço
António

A. João Soares disse...

Caro António,
Sem dúvida que deve ser definida a legalidade das uniões entre pessoas do mesmo sexo, a fim de as pessoas não serem discriminadas e perseguidas. Não vejo bem que usem a palavra «casamento» já consagrada em casos muito diferentes, sendo mais conveniente a escolha de outra.
Mas o que muito me choca é que, havendo tanto problema que afecta todos os portugueses, de forma gravosa, se dê prioridade a questões de importância menor, inclusivamente pela parcela da população a que se referem.
Parece darem razão a quem diz que «é uma perda de tempo só oportuna para quem não queira discutir problemas reais do país» ou não se sinta com capacidade para os equacionar e resolver.
Um abraço
João

Mariazita disse...

Meu caro João
A homossexualidade existe há milhares de anos, já vem dos tempos da Roma antiga.
Que só nos úitimos tempos passou a ser aceite pela sociedade, é um facto.
Que cada vez se encara com maior naturalidade, sim!
Que lhes sejam dados os mesmos direitos que a qualquer outro cidadão, sim.
Que, num momento de tão grave crise como a que atravessamos, em que não sabemos o que será o dia de amanhã, se perca tempo discutindo casamentos de homossexuais, redondamente NÃO!
Para tudo há um tempo certo.
E este é um tempo de "arregaçar as mangas" e tentar evitar o descalabro completo.
Beijinhos
Mariazita

A. João Soares disse...

Minha cara amiga Mariazita,
Muito clara e convincente este seu comentário. É uma saraivada de mísseis teleguiados para o coração dos deputados que, por não saberem analisar os grandes problemas que preocupam os portugueses., se entretêm, a passar o tempo com coisas secundárias de interesses muito discutível a não ser para alguns deles, pessoalmente interessados no tema.
Seria bom que soubessem arregaçar as mangas para tratar do essencial para a melhoria da vida dos portugueses.
Ao menos que leiam o discurso do PR lido no 5 de Outubro!!!
Beijos
João

MARTHA THORMAN VON MADERS disse...

Querido amigo, este assunto é tão antigo quanto a humanidade, mas nada natural.
beijos.
Por favor se tiveres tempo apareça no meu blog, fui pedida em casamento e estou super feliz. espero que possa ir lá e ver. Vou adorar.