Com data de 15 de Setembro, aqui vai, duma forma muito simples, a explicação do que está a acontecer nos mercados financeiros.
Com os 8 anos de (des)governação do George W. Bush, não podia acabar de outra maneira!!!
E isto não vai ficar por aqui!!! A ressaca vai chegar depois! Esperem sentados………….
A CRISE DA ECONOMIA AMERICANA
Paul comprou um apartamento, no começo dos anos 90, por 300.000 dólares financiado em 30 anos. Em 2006 o apartamento do Paul passou a valer 1,1 milhão de dólares. Aí, um banco perguntou ao Paul se ele não queria um empréstimo, algo como 800.000 dólares, dando seu apartamento como garantia.
Ele aceitou, fez uma nova hipoteca e pegou os 800.000 dólares.
Com os 800.000 dólares. Paul, vendo que imóveis não paravam de valorizar, comprou 3 casas em construção dando como entrada algo como 400.000 dólares. A diferença, 400.000 dólares que Paul recebeu do banco, ele se comprometeu: comprou carro novo (alemão) para ele, deu um carro (japonês) para cada filho e, com o resto do dinheiro, comprou tv de plasma de 63 polegadas, 43 notebooks, 1634 cuecas. Tudo financiado, tudo a crédito. A esposa do Paul, sentindo-se rica, sentou o dedo no cartão de crédito.
Em Agosto de 2007 começaram a correr boatos que os preços dos imóveis estavam a cair. As casas que o Paul tinha dado de entrada e estavam em construção caíram vertiginosamente de preço e não tinham mais liquidez...
O negócio era refinanciar a própria casa, usar o dinheiro para comprar outras casas e revender com lucro. Fácil....parecia fácil. Só que todo mundo teve a mesma ideia ao mesmo tempo. As taxas que o Paul pagava começaram a subir (as taxas eram pós fixadas) e o Paul percebeu que seu investimento em imóveis se transformara num desastre.
Milhões tiveram a mesma ideia do Paul. Tinha casa para vender como nunca.
Paul foi aguentando as prestações da sua casa refinanciada, mais as das 3 casas que ele comprou, como milhões de compatriotas, para revender, mais as prestações dos carros, as das cuecas, dos notebooks, da tv de plasma e do cartão de crédito.
Aí as casas que o Paul comprou para revender ficaram prontas e ele tinha que pagar uma grande parcela. Só que neste momento Paul achava que já teria revendido as 3 casas mas, ou não havia compradores ou os que havia só pagariam um preço muito menor que o Paul havia pago. Paul se danou. Começou a não pagar aos bancos as hipotecas da casa onde ele morava e das 3 casas que ele havia comprado como investimento. Os bancos ficaram sem receber de milhões de especuladores iguais a Paul.
Paul optou pela sobrevivência da família e tentou renegociar com os bancos que não quiseram acordo. Paul entregou aos bancos as 3 casas que comprou como investimento perdendo tudo que tinha investido. Paul quebrou. Ele e sua família pararam de consumir...
Milhões de Pauls deixaram de pagar aos bancos os empréstimos que haviam feito baseado nos preços dos imóveis. Os bancos haviam transformado os empréstimos de milhões de Pauls em títulos negociáveis. Esses títulos passaram a ser negociados com valor de face. Com a insolvência dos Pauls esses títulos começaram a valer pó.
Biliões e biliões em títulos passaram a nada valer e esses títulos estavam disseminados por todo o mercado, principalmente nos bancos americanos, mas também em bancos europeus e asiáticos.
Os imóveis eram as garantias dos empréstimos, mas esses empréstimos foram feitos baseados num preço de mercado desse imóvel... Preço que caiu. Um empréstimo foi feito baseado num imóvel avaliado em 500.000 dólares e de repente passou a valer 300.000 dólares e mesmo pelos 300.000 não havia compradores.
Os preços dos imóveis eram uma "bolha", um ciclo que não se sustentava, como os esquemas de pirâmide, especulação pura. A insolvência dos milhões de Pauls atingiu fortemente os bancos americanos que perderam centenas de biliões de dólares. A farra do crédito fácil um dia acaba. Acabou.
Com a insolvência dos milhões de Pauls, os bancos pararam de emprestar por medo de não receber. Os Pauls pararam de consumir porque não tinham crédito. Mesmo quem não devia dinheiro não conseguia crédito nos bancos e quem tinha crédito não queria dinheiro emprestado.
O medo de perder o emprego fez a economia travar. Recessão é sentimento, é medo. Mesmo quem pode, pára de consumir.
O FED começou a trabalhar de forma árdua, reduzindo fortemente as taxas de juros e as taxas de empréstimo interbancários. O FED também começou a injectar biliões de dólares no mercado, provendo liquidez. O governo Bush lançou um plano de ajuda à economia sob forma de devolução de parte do imposto de renda pago, visando incrementar o consumo porém, essas acções levam meses para surtir efeitos práticos. Essas acções foram correctas e, até agora, não é possível afirmar que os EUA estão tecnicamente em recessão.
O FED trabalhava. O mercado ficava atento e as famílias esperançosas. Até que na semana passada o impensável aconteceu. O pior pesadelo para uma economia aconteceu: a crise bancária, correntistas correndo para sacar suas economias, boataria geral, pânico. Um dos grandes bancos da América, o Bear Stearns, amanheceu, na segunda-feira última, quebrado, insolvente.
No domingo o FED, de forma inédita, fez um empréstimo ao Bear, apoiado pelo JP Morgan Chase, para que o banco não falisse. Depois disso o Bear foi vendido para o JP Morgan por 2 dólares por acção. Há um ano elas valiam 160 dólares. Durante esta semana, dezenas de boatos voltaram a acontecer sobre falência de bancos.
A bola desta vez seria o Lehman Brothers, um bancão. O mercado e as pessoas seguem sem saber o que nos espera na próxima segunda-feira.
O que começou com o Paul, hoje afecta o mundo inteiro. A coisa pode estar apenas começando. Só o tempo dirá.
E hoje, dia 15 de Setembro/2008, o Lehman Brothers pediu falência, desempregando mais de 26 mil pessoas e provocando uma queda de mais de 500 (quinhentos) pontos no Índice Dow Jones, que mede o valor ponderado das acções das 30 maiores empresas negociadas na Bolsa de Valores de New York - a maior queda num único dia, desde a quebra de 1929 ...
De autor desconhecido. Recebido por e-mail
El País
Há 1 hora
5 comentários:
Caro João,
Mantenho a minha opinião: devemos aprender com os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), países ricos em recursos que baseiam o seu crescimento na produção e não na especulação.
Mas atenção, mesmo a produção deve ter regras, pois trabalhar 10 horas ao dia por 50 dólares, como na China ou na Índia, também não! Pois assim já é exploração.
Abraço.
AP,
Meu caro, mas aí surge um problema de difícil solução, a concorrência num mundo globalizado, em que estão em jogo civilizações assentes em valores diferentes, nomeadamente no sector do trabalho e dos direitos humanos. E o argumento de fechar as fronteiras e fixar taxas de importação, também não é fácil. Por exemplo, na UE há países com preços de mão-de-obra diferentes que estão a dar origem à deslocalização de empresas à procura de custos de produção mais reduzidos de que resultarão lucros maiores.
De tudo isto poderá resultar o reforço da tendência para um governo único mundial, tipo Bilderberg, que nada terá de democrata mas de uma ditadura tipo nazismo com a humanidade dividida num pequeno grupo de seres pensantes e numa grande massa iletrada que apenas serve de mão de obra em regime de quase escravatura.
Como será o mundo daqui a 20 anos???
Um abraço
João
por jogos de casino com o dinheiro dos outros
BFS com saudações amigas
Mas qual é a admiração? Os ricos enriqueceram com o dinheiro dos outros, atraindo-o para as suas contas bancárias. É o que fazem os comerciantes, os restaurantes, os cafés etc.
O que está mal é que o Poder político não regule a economia com regras bem fiscalizadas para moralizar a vida económica protegendo o consumidor.
Um abraço
João
¿"Pánico de 1907" en 2008?
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