A par da saúde e do ensino, a população é muito sensível à segurança de pessoas e bens. Ninguém gosta de ser agredido ou roubado, pelo que todos alimentam grandes esperanças na actividade eficiente da Justiça desde o mais simples e remoto posto da GNR aos mais altos postos da função judicial, passando pela actividade do poder legislativo nesta área.
Porém, segundo notícia recente, apenas 20% da população tem confiança nos tribunais. Poderá dizer-se que aqueles que confiam são pouco mais do que os funcionários da Justiça, em sentido lato. Mas o certo é que mesmo os juízes não têm confiança na justiça e não hesitam em classificar de «erro grosseiro» algumas posições e decisões de colegas (ver notícias sobre o processo de indemnização a Paulo Cardoso). E têm razão os juízes realistas e corajosos que criticam a eficiência dos Serviço a que pertencem, pois eles próprios estão sendo vítimas da insegurança que não conseguem debelar: agressões aos juízes de Vila da Feira, ofensas verbais do arguido Torres, roubo do computador portátil a uma magistrada encarregada de um processo mediático, assalto ao Tribunal de Elvas ocorrido «à hora de almoço», período em que estava aberto, tendo sido furtado um computador portátil do interior do gabinete de um magistrado do Ministério Público, contendo dados de processos em fase de investigação.
Mas haja esperança, talvez agora surja uma reacção positivam com visível acréscimo da eficácia da Justiça, quer em celeridade, quer em resultados que sejam apreciados pela população. Tal reacção não é original. Depois de largo período de modorra crescente e sustentada das forças policiais, houve um acréscimo brutal da criminalidade no mês de Agosto, e o facto de ter sido assaltado o escritório de advogado de uma figura grada do PS e de ter sido roubada a casa de férias do PGR, em terras da Beira Alta, as forças policiais acordaram e saltaram para a rua em sucessivas operações com resultados de grande visibilidade, de que resultou aumento da sensação de segurança da população. E com tal intensificação da actividade foi destruído o mito de que as forças policiais tinham falta de efetivos, pois ficou provado que o segredo da eficácia está na organização e na programação da actividade operacional.
Nesse caso, o resultado só não foi mais eficaz porque os tribunais não deram uma sequência eficaz à acção das policias. Mas agora, que a insegurança se fez sentir na pele da Justiça, a luta contra a criminalidade, que afecta a segurança de todos os portugueses, será mais eficiente e obterá melhores resultados com maior poder dissuasor para os criminosos e maior efeito na tranquilização das populações.
Oxalá que o resultado seja o melhor e que o próximo inquérito sobre a opinião da população acerca da Justiça mostre que os que confiam nos tribunais passem dos actuais 20% e subam aos 80% ou mais.
El País
Há 1 hora
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