Os ex-combatentes, fora do serviço activo, e seus familiares manifestaram-se em defesa da recuperação de direitos que lhes estão sendo negados. No número dos ex-combatentes encontra-se a quase totalidade dos homens válidos com mais de 50 anos que, na vigência do SMO (Serviço Militar Obrigatório), foram obrigados pelo Governo a irem defender os interesses do Estado, a «ditosa Pátria minha amada», arriscando a vida e a sua sobrevivência e das famílias. Nas excepções contam-se os desertores, muitos deles hoje figuras vistosas da política.
Muitos dos combatentes morreram e o Estado esqueceu-se de fazer regressar os seus cadáveres. Muitos mais ficaram deficientes, vivendo agora dependentes de medicamentos e com uma actividade vital muito condicionada e sem os apoios que moralmente lhes são devidos, mas que lhes têm sido retirados pela política monetarista actual. Merece ser lida e meditada a notícia do DN «150 mil veteranos tomam medicamentos para 'stress' », mas, no mínimo o título, já é bem estimulante ao raciocínio, isento. Vai longe o tempo em que tinha muita validade o lema «honrai a Pátria que a Pátria vos contempla». Também se refere a noticia do JN, sobre o mesmo tema «Guerra Colonial ainda afecta 150 mil homens».
Porém, ao contrário, os jovens que, por vontade própria ou pela falta dela, se deixaram vencer pelo vício da droga, obtêm do poder, que usa o dinheiro de todos nós, os maiores benefícios desde as ‘salas de chuto’, aos apoios de tratamento e virtual recuperação, etc.
Porquê esta discrepância? A toxicodependência resultou de algum sacrifício generoso e patriótico em benefício do Estado?
Como pode Portugal continuar a contar com a disponibilidade total e incondicional dos actuais jovens que vão para missões arriscadas no estrangeiro? Até quando eles continuarão disponíveis para ir colocar em risco a vida de hoje e o seu futuro e dos seus familiares, se depois são abandonados aos bichos?
Ninguém se apercebe da gravidade do problema porque aos militares é proibido manifestarem-se. E essa proibição é uma das causas, como foi bem salientado pelo General Loureiro dos Santos quando referiu que a ela se deve o facto de hoje os militares estarem com metade do salário de juízes, professores e diplomatas que há cerca de 15 anos ganhavam o mesmo. Porquê uns aumentaram tanto e os outros nada?
E o que define a imoralidade dos actuais políticos é que justificam os sacrifícios dos militares com a existência da «condição militar», mas os sacrifícios desta eram uma das facetas de um modus vivendi’ em que no outro prato da balança estava uma série coerente de compensações que minoravam os aspectos dos riscos que os milatres são obrigados a correr.
Gente honesta e honrada cumpre os contratos, os acordos, mesmo que não estejam escritos num mesmo e único documento. Se retiraram as legítimas compensações, se reduziram para metade os salários em relação a juízes, diplomatas e professores, qual é a moralidade de argumentar com a condição militar?
Seria bom que os governantes colocassem os vencimentos dos militares na proporção em que estavam há 10 ou 15 anos e que tratassem os ex-combatentes, principalmente os deficientes, com os apoios correspondentes aos dados aos drogados seus familiares, amigos ou conhecidos. E, no entanto, estes não merecem tanto porque o seu mal não resulta de terem jurado tudo arriscar para honrar a Pátria, para defender o mais válido património nacional, a nossa soberania.
Sócrates de novo
Há 1 hora
6 comentários:
De uma vez por todas devemos, nós militares, dar conhecimento destas e de outras situações que se têm vindo a arrastar sem que o poder político faça algo para acabá-las como seria de esperar. Neste momento os militares estão "abaixo de cão" não sendo respeitados como o deveriam ser.Quem tudo deu pela Pátria é olhado de soslaio e menosprezado sem que se perceba porquê? Sinto revolta com este estado de coisas e ver as "mordomias" que qualquer desconhecido incompetente tem e que nada fez pelo nosso Portugal!
Esta INGRATIDÃO tem que acabar!!!!
Caro Luís, Não te esqueças que em Portugal os benefícios vão para: os que não querem trabalhar, os toxicodependentes, os criminosos, traficantes, corruptos, juízes que cometem «erros grosseiros», funcionários que criam empresas para negociar com a Instituição em que têm responsabilidades, políticos, etc. As vítimas e os que têm bom comportamento e se sacrificam pelo Estado, pagam e não piam.
Amigo A. João Soares
É um escândalo, que é preciso denunciar na rua, como os militares no activo e na reserva ou reforma estão a ser tratado pelo poder político. É preciso os militares virem à rua manifestar a sua indignação, porque as tutelas, chefias parecem mais a "voz do dono" e não ouvem os "seus homens" que reclamam a justiça que têm direito. O seu chefe supremo tão lesto a despachar favoravelmente a manutenção de vergonhosos privilégios de instituições e pessoas de duvidosos (assim parece) serviços prestados à nação se esqueça daqueles que todos os dias e noites com total disponibilidade estão ou estiveram ao serviço da Pátria e da Nação com um espírito de sacrifício que não raras vezes ultrapassa os limites da própria vida. Os militares e ex militares merecem outro tratamento que no mínimo deveria ser igual a todos os outros cidadãos e não é, como se já não bastasse o que lhes impõe ou impôs a sua condição de militares.
Um abraço
Carlos Rebola
Carlos Rebola,
Às suas palavras apenas tenho a acrescentar que o caso da pensão anual aos ex-combatentes e a carência de apoio aos deficientes das Forças Armadas atinge muitos milhares de portugueses, quase todos os homens válidos que durante mais de uma década foram obrigados a arriscar a vida pela Pátria.
Para os políticos, sem saber o que é servir Portugal acima de tudo, tal sacrifício pelos interesses nacionais, tal servidão total até com risco de vida, nada representa e até retiram as compensações anteriormente consideradas justas, o que é um roubo. Com estes políticos, o Estado deixou de ser PESSOA DE BEM. E deixou de merecer o sacrifício dos actuais e dos futuros militares. Talvez pos menos que isso, os militares assassinaram o ex-presidente egípcio Anuar Sadate, a Indiana Indira Gandhi e outros em países do terceiro mundo.
Oxalá não se chegue a essas soluções em Portugal.
Um abraço
João
Caro João Soares:
Considero ser uma vergonha nacional a maneira como o Governo tem vindo a tratar os ex-combatentes. Ainda recentemente coloquei na net um texto meu, onde, com base em informações A1, aquando da limitação dos direitos adquiridos na área da saúde, o Primeiro-Ministro decidiu contra o que estava previamente combinado com os 4 Chefes Mil.s e o Pres. Rep (Sampaio).
Sobre o "Sress de Guerra" de vez em quando aparecem números que não correspondem à realidade. Em 2007 o DN, com base em "estudos" de universitários do Minho falam em 300.000 afectados. Agora já desceram para 150.000, mas na minha opinião e na do psiquiatra Afonso de Albuquerque(que há cerca de 16 anos falava em 240.000, por comparação com o Vietnan...), serão um terço desse quatitativo:50.000 ou 40.000. De qualquer modo a As. de Veteranos de Guerra tem toda a rzão em falar na gravidade do problema para os afectados, tal a As. dos Deficientes se encontra "danada" com as últimas medidas do Governo, que não tem a mínima consideração pelos militares e ex-combatentes.
Cor. Manuel Bernardo
«o Estado esqueceu-se de fazer regressar os seus cadáveres» - mortos guerra colonial.
Caro João Soares
Aproveito para lembrar esforço pequeno grupo antigos cabos pára-quedistas BCP32, Nacala, 1970:
Estupefactos reportagem TV's há dois anos, sobre campas ao abandono em África, iniciaram movimento finalidade reparar situação.
Ainda há dias, almoço antigos combatentes BCP32 Tancos, faziam projectar auditório Escola PQ legislação anterior regime: transferência militares mortos em África e aí enterrados, careciam pedido familiares e custos de 10 contos por sua conta!!!
Sujeitos depreciação algumas altas sumidades p/seus esforços, aqui fica endereço s/Petição on line AR:
««Petição pelo resgate, para Portugal, dos militares mortos na Guerra do Ultramar / Guerra Colonial»
«http://www.PetitionOnline.com/mcae/petition.html» ou «m.civico.antigoscombatentes.2006»
Mesmo que não inteiramente conseguidos objectivos propostos, uma oportunidade para perante 10 mil assinaturas, confrontar Estado, AR e Governo, com as suas responsabilidades.
Disse
Cumprimentos
BM
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