quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Polícia, o Pai Natal do Governo

Segundo notícia do DN de hoje, a PSP, apenas em Lisboa, desde Janeiro até à semana passada, «recolheu» em operações «stop» a considerável verba de 3,2 milhões de euros,
os quais terão o seguinte destino: Estado (40%), entidade fiscalizadora (30%), Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (20%) e governo civil (10%). Por estes resultados, o Estado deve estar muito reconhecido e satisfeito com o trabalho dos polícias.

A polícia cumpre a sua missão. Mas se os políticos que deviam superintender na segurança dos cidadãos tivessem uma visão esclarecida e completa do fenómeno, não assentariam apenas na polícia a solução destes problemas, porque a segurança resulta mais da prevenção (evitar infracções) do que da repressão. E a prevenção assenta no civismo, na educação, no comportamento.

E quanto a alterar os comportamentos na via pública, com respeito pelos outros utentes, o que têm feito as entidades beneficiadas com o resultado das penalizações às infracções ao Código da Estrada? Na realidade, se algo pensam ter feito, não fizeram o necessário e o conveniente, porque os resultados como aqui se diz são desastrosos, pois o número de vítimas mortais da sinistralidade rodoviária registado este ano até à véspera de Natal é de 838, tendo apenas na semana passada morrido, nas estradas portuguesas, 14 pessoas. Só no domingo - o terceiro da "Operação Natal 2007" da Brigada de Trânsito (BT) da Guarda Nacional Republicana (GNR) - foram anotados quatro mortos, 12 feridos graves e 104 feridos ligeiros. Desde sexta-feira - o primeiro dia da operação - a BT somou nove óbitos. Será que essas entidades estão satisfeitas por estes resultados da actividade que desenvolvem com o dinheiro das multas e coimas?

Até parece que os legisladores tudo complicam no sentido de esta colheita feita pelas polícias não vir a ser diminuída. Tal quantidade de milhões não é desprezável. E como nas áreas do Poder os euros são tratados como deuses, poderemos continuar com estas estatísticas aterrorizadoras.

Quando será que os governantes começarão a olhar para o País como um conjunto de cerca de 10 milhões de pessoas? Quando será que passarão a analisar os problemas pelo lado das suas repercussões nas vidas destas pessoas? Oxalá não demorem muito. Já demoraram tempo demais.

6 comentários:

Paulo disse...

Pois...é por isso que não interessa a "vida humana". Ninguém fala na possibilidade dos todos os veículos virem a ser obrigados a terem instalados limitadores de velocidade (dispositivo que permite que o veículo não ultrapasse uma certa velocidade independentemente da acção do condutor). Afinal os interesses económicos, na prática, estão acima do bem juridico "vida". Que desgosto!!!
Abraço
Paulo
PS: Concordo com o Inspector Geral da Administração Interna quando o mesmo, em entrevista, traça o perfil de certo perfil de certos orgãos de polícia criminal...

A. João Soares disse...

Caro Paulo,
Estamos a precisar de uma reforma total da sociedade, de cima a baixo! Estamos todos marados, com os azimutes ao contrário, sem rumo, desnorteados, sem distinguir o mau do péssimo.
Um abraço e votos de Bom 2008

Zé Povinho disse...

Os governantes só poderão começar a prestar atenção aos cidadãos quando se aperceberem que eles não votam nos nos candidatos apresentados pelos partidos do costume. O voto em branco é o único sinal que eles entendem. Enquanto isso vão sacando tudo o que estiver ao seu alcance.
Abraço do Zé

A. João Soares disse...

Zé Povinho,
concordo com o voto em branco. É um voto válido para contagem, o que conduz a que o partido vencedor pode não ta0er mais de 20%, por exemplo, o que lhe tira credibilidade interna e externa. Passarão a ser eleitos apenas pelos seus condicionais, os familiares e amigos,
Abraço

Camilo disse...

Será que este dinheiro,
ou parte dele... vai ser investido na EDUCAÇÃO?!!!

A. João Soares disse...

Camilo,
Certamente que não e era lógico que fosse para melhorar o civismo e evitar tanto acidente nas estradas e tantas outras falhas no relacionamento entre as pessoas.
Mas os governantes têm outras prioridades, as deles e dos seus assessores e «compadres».
Abraço