terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Cimeira UE-África. Uma festa!!!

Os grandes problemas da humanidade continuam a agravar-se por falta de capacidade e de coragem dos poderosos para os encararem de frente.

Os encontros de diplomatas, de grande ou pequena ostentação, não vão geralmente além dos «cocktails» poliglotas em que é praticada a «diplomacia do copo e do croquete». É assim desde há muito tempo e, agora, tudo isso começa por extensas viagens que ficam caras aos contribuintes a quem são exigidos todos os sacrifícios.

Na cimeira UE-África, foram à partida colocados de lado os principais problemas humanos que preocupam as pessoas mais sensíveis e generosas do Mundo – Darfur e Zimbabwe. A recusa da abordagem destes assuntos mostra que eles ultrapassam o limite máximo da capacidade dos diplomatas, os quais preferem utilizar a táctica da avestruz que enterra a cabeça na areia para evitar ver o perigo. E, assim, os participantes da cimeira, que custa ao Estado português 10 milhões de euros, irão conversar acerca de temas do interesse das multinacionais, embora não sejam estas que pagam os custos do encontro. Ou, pelo menos, não impedem que o Estado faça a despesa!

Para quem duvide daquilo que fica acima acerca dos diplomatas (há excepções, como em todas as regras e generalizações) recordo que, há dias, Durão Barroso confessou estar arrependido de ter apoiado a guerra no Iraque, alegando que não tinha informação completa e verdadeira, donde se infere que houve falta de eficácia da diplomacia que o apoiava, e também infantilidade dele por não ter testado os dados de que dispunha. O mesmo se pode dizer da precipitação de Bush, de Blair e de Aznar no mesmo facto, e da irreflexão da França que, com os aviões com empresário do petróleo enviados a Bagdade, deu a Saddam Hussein uma percepção errada da proximidade do «ponto sem retorno» no diálogo entre o Iraque e os EUA. Outro exemplo da deficiente diplomacia e serviço de informações veio agora a público, depois de os EUA terem ameaçado o Irão com acção militar para impedir o seu armamento nuclear, só agora se sabe que as investigações científicas e técnicas para esse fim tinham terminado já em 2003. E assim se desestabiliza um País com uma longa história cheia de factos exemplares.

Depois de tantas medidas oficiais e de ONGs para apoio aos refugiados do Darfur e para acalmar os actos ditatoriais de Robert Mugab, vemos agora estas situações serem consideradas banais e sem importância que justifique o incómodo dos diplomatas. Ou andam todos a enganar o Mundo ou andam de olhos fechados para as realidades. Qualquer destes casos é de lamentar e levam a perguntar como acreditar nos diplomatas, nos políticos ou nos governantes?