A fórmula do sucesso
Por Manuel António Pina, JN
Li, reli e tornei a reler as explicações do Ministério da Educação para a constatação, apurada no relatório PISA 2006, de que os níveis de conhecimento dos estudantes portugueses estão muito abaixo do nível médio dos restantes países avaliados (ao todo 57, 30 dos quais da OCDE), e fiquei com as maiores dúvidas acerca daquilo que em eduquês talvez se designe pelas minhas "competências intelectivas".
Segundo o Ministério, se bem compreendi, e receio que não, a culpa é dos professores que, como no filme de Marguerite Duras, só ensinam aos alunos coisas que eles não sabem e reprovam (em eduquês, "retêm") os que não aprendem, pelo que muitos jovens de 15 anos, que deveriam estar no 11.º ano, ainda estão no 7.º ou 8.º, e daí as suas "competências cognitivas" serem insuficientes.
Quer isto dizer (julgo eu) que, se toda a gente passasse de ano, saberia automaticamente mais. Porque não se passa de ano por se terem adquirido conhecimentos, os conhecimentos adquirem-se por se passar de ano. A fórmula do sucesso educativo é, afinal, simples ignorante + diploma = erudito. Dê-se um diploma aos alunos que reprovam e ver-se-á como eles ficam a saber tudo e o sistema de ensino português salta para o topo da tabela. Como é que ninguém se tinha ainda lembrado disto?
NOTA: O meu comentário no post «Alunos portugueses na cauda da Europa. Quem adivinha de quem é a culpa?» no blog O Sino da Aldeia:
parabéns por este bom post e pelo conjunto de comentários dando uma imagem muito completa do panorama do nosso ensino: Discordo do emprego da palavra «formação» porque os políticos não pertencem formar ninguém pois apenas pretendem ornamentar cada um dos meninos com um CANUDO que nada representa.
A ideia de não haver repetições é correcta se isso representar que quem chumba deverá ir plantar batatas! Mas sigam o exemplo dos desportos em que só os melhores sobem ao pódio. Só quem tem valor ganha um campeonato. Só estimulando ao estudo, à curiosidade de saber é que se formam pessoas válidas.
Há professores que se queixam da acção dos psicólogos (detentores do respectivo canudo)que defendem que os meninos não devem ser pressionados nem contrariados, deixados crescer como ervas daninhas. E o resultado está a ver-se.
Deve haver estabilidade de estrutura de programas, pois vale mais um programa sofrível do que o caos de «óptimos» programas que desaparecem pouco após o seu início.
A desresponsabilização do aluno, a fuga ao esforço, o desleixo, a falta de autoridade e de disciplina nas escolas conduzem a um futuro muito negro para os portugueses.
Repare-se nas sucessivas broncas dos governantes, apesar de estarem abundantemente assessorados por «doutores» remunerados milionariamente!!! Já nem o Tribunal de Contas sabe fazer as contas, como dizem os ministros da saúde e das Obras Públicas!!!
El País
Há 1 hora
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